Segundo a programação divulgada pelos organizadores do III Congresso Latino-Americano de Ecologia, o grande biólogo americano Edward Osborne Wilson, fundador da Sociobiologia, grande divulgador científico e uma autoridade mundial em insetos sociais, teve a sua presença confirmada no evento. EO Wilson irá realizar a “Conferência Magistral” do encontro, às 19:00 do dia 10 de Setembro deste ano em São Lourenço, MG. O tema da palestra (e não poderia deixar de ser) é “Biodiversidade”.
Outro palestrante que está confirmado no evento é o britânico AJ Underwood. Menos conhecido do grande público, Underwood é um grande nome da biologia experimental e tem vários livros publicados neste tema. Ele será o responsável pelo workshop intitulado “Experiments in Ecology”.
Lembro a todos que o Congresso Latino-Americano de Ecologia tem inscrições restritas a alunos de pós-graduação, professores e pesquisadores. Após este evento internacional, o IX Congresso de Ecologia do Brasil será realizado na mesma cidade, visando alunos de graduação e o público em geral.
Para saber mais informações sobre os dois eventos, visite o sítio da Sociedade de Ecologia do Brasil.
PS.: A comissão organizadora do evento informa que enviou um convite para que a palestra de abertura do evento (após a conferência magistral do EO Wilson) seja realizada pelo americano Al Gore. A palestra ainda não foi confirmada, mas este convite mostra o quanto ainda somos submissos a estrelas ambientalistas. Só falta ter um workshop do Greenpeace sobre transgênicos. Ainda espero o dia em que separemos “Ecologia” de “ambientalismo”.
Olá Silvia,
Concordo com você em relação a críticas construtivas e o debate. Esta é a ideia deste blog. Você trouxe uma questão muito interessante que merece uma boa discussão! Obrigado pela contribuição.
Em relação a sua pergunta temos que definir primeiro o que seria uma "contribuição para o assunto". Que eles geram buzz da mídia mundial, atenção dos principais meios de comunicação, isto não resta dúvidas. Mas será que toda está atenção é benéfica para o assunto?
Vamos pegar o exemplo da "Hora do planeta". Uma ação simbólica sem nenhuma discussão de maneiras de diminuir a contribuição pessoal de cada um gera algo positivo? Será que despertamos um número significativo de pessoas para pensarem no assunto ou só estimulamos uma diminuição da culpa psicológica de pessoas que não fazem nada no seu dia-a-dia? Um argumento poderia ser que "pelo menos as pessoas vão pensar um pouco no assunto". Mas será isso significativo? O dinheiro das pessoas que contribuem para o WWF foi bem utilizado? Será que a mídia e a atenção mundial não poderiam ter sido utilizadas de forma mais efetiva?
A atitude da última "campanha" do greenpeace também reflete isso. Faixa em inglês, virada para a água, parando o trânsito já caótico do rio de janeiro, gerando toneladas a mais de carbono na atmosfera. Qual a contribuição de uma atitude dessas? Talvez o greenpeace teve um aumento no número de contribuidores, devido a atenção da mídia. Talvez pioramos ainda mais a imagem dos biólogos (normalmente confundidos com ambientalistas em geral), passamos a imagem de que fazemos apenas discurso, sem propostas.
Minha crítica ao Al Gore é um pouco mais pesada. Ao mesmo tempo que ele tem aquele discurso bonito, vemos que a atitude pessoal dele é um "pouco" contraditória. Ele tem uma mansão, não apagou as luzes na "Hora do planeta" (o que é pelo menos engraçado), tem 4 filhos (ver o post do Breno sobre ter filhos e salvar o planeta). Atitudes que não combinam com alguém que defende o discurso "verde". Além disso, ele é especialista em espalhar argumentos pseudo-científicos, gráficos alarmantes, animais bonitinhos que podem ser extintos. O discurso dele atingiu muitas pessoas? Sim. Mas talvez contribuiu mais com um eco-terrorismo do que com uma conscientização. Existe muita gente séria trabalhando neste meio, mas uma pessoa como o Al Gore vira um alvo fácil dos céticos climáticos. A minha crítica maior foi terem chamado ele para um Congresso acadêmico sobre ecologia. Existem pessoas muito qualificadas (brasileiros inclusive) que poderiam trazer informações científicas de qualidade para o debate. Mas os organizadores escolhem alguém que está na mídia, político, carismático, ambientalista.
Bem, para finalizar. Acho que o argumento de "pelo menos eles fazem algo pelo meio ambiente" é válido, em parte. Quando analisamos as consequências destas ações vemos que elas podem trazer mais mal do que bem. Para mim o ambientalismo atual (praticado por monstros verdes como o greenpeace) é insustentável, pois é baseado em modismo e não em conscientização. Elas começaram com objetivos e metas e hoje estão longe do foco que tinham há algumas décadas atrás.
O que você acha Silvia?
Luiz, mas você não acha que pessoas como Al Gore e instituições como o Greenpeace trazem alguma contribuição para o assunto? Pisar na bola, todos pisamos, em maior ou menor escala. As pisadas de pessoas ou instituições famosas têm uma repercussão maior.
Adoraria desenvolver esse debate, porque acho que o olhar crítico (da crítica construtiva, que fique bem claro) sempre enriquece nossas experiências.