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Rally - Say No to Coal Power Plants

“Carvão? Não! Vento? Sim!”. Crédito: jeffreyd00

A pergunta que intitula este post é a tradução do título de um editorial publicado no periódico Nature, da semana passada. O autor discorre sobre novas técnicas de captura e armazenamento de carbono (CCS, sigla em inglês). Este nome é dado para um conjunto de técnicas que capturam e injetam o dióxido de carbono em reservatórios subterrâneos, como regiões salinas ou cavidades que antes eram ocupadas por óleo. É uma das promessas da geoengenharia, que pretende diminuir a velocidade do aquecimento global. Para “limpar” o carvão, grandes investimentos da indústria têm sido feitos nestas novas técnicas, para retirar o CO2 emitido pela queima de combustíveis fósseis Gostaria de citar os dois últimos parágrafos do artigo.

“Alguns ambientalistas têm deixado claro o ponto que não existe algo como carvão limpo, e eles podem estar certos. Mesmo se operadores conseguirem de alguma forma enterrar 90% das emissões de CO2 de usinas à carvão, isso ainda deixaria todas as emissões e outros impactos ambientais da mineração e do próprio transporte de carvão.
Sem dúvidas, em um mundo ideal, enterrar CO2 não será necessário. A civilização contaria com fontes de energia livres de carbono como solar, vento e nuclear, e reservaria CO2 para alimentar algas e fazer bebidas gasosas ou, ainda melhor, cimento. Mas chegar lá vai levar tempo, e é isso que o armazenamento de carbono vai fornecer. O empenho é válido.”

Dentre os hipócritas ambientalistas que o editorial cita, temos a político Al Gore. Em seus vídeos e entrevistas bombásticas, ele compara o carvão limpo a cigarros saudáveis. E ele  até que está certo. Não precisamos depender de carvão limpo para sempre. Ele funciona como um cigarro de baixo nível de nicotina ou chicletes para fumantes. Não podemos exigir  que eles larguem o fumo em poucos dias ou semanas. Para um tratamento sério e efetivo, devemos manter a nicotina no organismo do fumante e diminuir a dose aos poucos. Até que ele consiga viver sem ela. Trocar toda a matriz energética mundial neste momento é algo impossível. Devemos investir em pesquisa científica para baixar os custos e aumentar a eficiência destas fontes.

A mulher que segura o cartaz na foto do início do post resume a incoerência do movimento ambientalista atual, que divide o mundo entre os que são “A favor da natureza” e os “Contra a natureza”. Não existe tal divisão, como não existe fonte de energia completamente “limpa”, ainda mais que seja efetivamente viável em escala mundial neste momento.

Referência:

Editorial (2009). Can coal be clean? Nature 459: 299-300. doi:10.1038/459299b