“Devagar – Baleia Cachalote”. Placa em uma praia da Nova Zelândia. Cuidado onde você nada!
Em setembro escrevi um post intitulado “Carbono carismático” onde cito um trabalho da PLOS One que trata da importância das baleias para o ciclo do carbono. Assunto que eu considerei mais como um bom tema para uma conversa de bar. Mas este mês saiu um artigo no periódico Proceedings of the Royal Society que coloca as baleias de uma forma diferente no ciclo do carbono dos oceanos.
Diferente do estudo da PLOS One, Lavery e colaboradores trabalharam não com o carbono aprisionado em biomassa das baleias mas com um efeito mais indireto. O efeito das fezes das baleias no ciclo do carbono. Você pode estar pensando “Como assim o cocô de baleia pode ter um efeito no ciclo do carbono?”. Pense duas vezes. Primeiro imagine o quanto uma baleia gera de cocô por ano. Sem cara de nojo. Agora multiplique pelo número de baleias cachalote (que foi a espécie estudada) presente em todo o Oceano Antártico. O número é relativamente grande, chegando a 50 toneladas de cocô por ano produzidas pelas 12 mil baleias cachalotes. Mas não é só a quantidade que faz a diferença. Imagine a entrada de matéria orgânica literalmente “fresquinha” em um oceano pobre em nutrientes, principalmente ferro. Ferro é um dos nutrientes mais limitantes a produção primária nos oceanos e o aporte deste nutriente de qualquer via pode ter efeitos significativos.
Na ponta do lápis, descontando a respiração, os autores estimaram que as cachalotes podem contribuir para um balanço positivo de carbono, retirando 200.000 toneladas por ano da atmosfera. Parace um número gigantesco, não? Nem tanto. Para se ter uma ideia comparativa em 2005 os seres humanos colocaram na atmosfera 8.000.000.000 toneladas de carbono. Mesmo assim não podemos desprezar a importância do cocô de cachalote. Além da importância no ciclo do carbono ele é um belo exemplo de como a cadeia trófica é interligada, tendo elos que muita gente nem imagina.
Diferente do estudo da PLOS One, Lavery e colaboradores trabalharam não com o carbono aprisionado em biomassa das baleias mas com um efeito mais indireto. O efeito das fezes das baleias no ciclo do carbono. Você pode estar pensando “Como assim o cocô de baleia pode ter um efeito no ciclo do carbono?”. Pense duas vezes. Primeiro imagine o quanto uma baleia gera de cocô por ano. Sem cara de nojo. Agora multiplique pelo número de baleias cachalote (que foi a espécie estudada) presente em todo o Oceano Antártico. O número é relativamente grande, chegando a 50 toneladas de cocô por ano produzidas pelas 12 mil baleias cachalotes. Mas não é só a quantidade que faz a diferença. Imagine a entrada de matéria orgânica literalmente “fresquinha” em um oceano pobre em nutrientes, principalmente ferro. Ferro é um dos nutrientes mais limitantes a produção primária nos oceanos e o aporte deste nutriente de qualquer via pode ter efeitos significativos.
Na ponta do lápis, descontando a respiração, os autores estimaram que as cachalotes podem contribuir para um balanço positivo de carbono, retirando 200.000 toneladas por ano da atmosfera. Parace um número gigantesco, não? Nem tanto. Para se ter uma ideia comparativa em 2005 os seres humanos colocaram na atmosfera 8.000.000.000 toneladas de carbono. Mesmo assim não podemos desprezar a importância do cocô de cachalote. Além da importância no ciclo do carbono ele é um belo exemplo de como a cadeia trófica é interligada, tendo elos que muita gente nem imagina.
Referência
Lavery, T., Roudnew, B., Gill, P., Seymour, J., Seuront, L., Johnson, G., Mitchell, J., & Smetacek, V. (2010). Iron defecation by sperm whales stimulates carbon export in the Southern Ocean Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, 277 (1699), 3527-3531 DOI: 10.1098/rspb.2010.0863
Olá Ju,
O seu comentário é extremamente relevante. Por muito tempo os cientistas ficaram fechados em seus laboratórios fazendo pesquisas e não achavam importante comunicar seus resultados de forma simples para o público geral. Não só os resultados, mas a relevância dos seus estudos.
Sua preocupação é válida. Acho que temos sim que investir mais em pesquisa aplicada aos problemas reais de estão na nossa porta. Mas vamos pensar em um exemplo. Qual seria uma importância imediata do estudo do cocô das baleias? Eu vejo pelo lado da conservação da biodiversidade. Seria mais um argumento para mostrar a importância dos elos entre as espécies para os ecossistemas. Sem as baleias o aporte de matéria orgânica e nutrientes nos oceanos seria bem menor o que poderia comprometer outras espécies. Mostrar para as pessoas como a vida no planeta é interligada pode fazer elas refletirem mais sobre a importância da conservação.
Outro lado seria para a construção dos modelos do ciclo do carbono terrestre. Sem saber os fluxos de carbono que são inseridos nos modelos talvez não teríamos noção do tamanho do problema que temos. Dados como emissão de carbono dos oceanos, ecossistemas terrestres, ecossistemas aquáticos de água doce são utilizados de forma conjunta com as emissões dos seres humanos. Só assim conseguimos entender como funciona o ciclo do carbono na terra. Neste modelo cada elo é importante, como se fossem peças de um quebra cabeça. Entender como cada peça se comporta é muito importante para fazer previsões do que iremos enfrentar. E é claro do quanto temos que frear para diminuir este impacto.
Talvez estudar o cocô da baleia pode não parecer tão importante a princípio. E é para isso que eu cada vez mais invisto o meu tempo. Não podemos só fazer pesquisa. Temos que contextualizar nossos dados.
Obrigado pela visita e pelo comentário Ju.
Abraços.
Tudo bem, realmente impressiona a história do cocô da baleia. Mas, porque ao invés de ficarem buscando quem faz algo contra quem faz algo a favor, esse monte de cientistas não se une e FAZ algo de verdade. Depois, mostrem ao mundo suas teorias, erros e acertos. Antes de o mundo ficar do jeito que está, todas as espécies de baleia já existiam, não é? A culpa é meramente humana. Infelizmente. Bom, é apenas uma comentário e opinão de alguém bem leigo, mas bem preocupado. Parabéns pelo blog! 🙂 Abraços da Ju
Taí por que ecologia é tão complicado e fascinante 😉
Muito interessante!!