Escolha uma Página

Há 3 anos atrás escrevi um post sobre a camada de gelo no ártico intitulado “Recuperação na camada de gelo do Ártico em 2008“. Para quem lê apenas o título do post poderia pensar “Viu? Os negacionistas estão certos!”, mas claro que isso é apenas uma análise superficial. Tão superficial como a o gelo que foi recuperado naquele ano. No texto eu explico que a “recuperação” na camada de gelo do Ártico em 2008 foi apenas do chamado “gelo recente” e não da camada de gelo antiga,  que é mais espessa e duradoura. Essa camada de “gelo recente” tem entre 2 e 3 anos de idade e é muito mais fina do que a camada de gelo antiga. Então se considerarmos apenas a porcentagem de cobertura de gelo do ártico podemos ter uma ideia errada da evolução da cama de gelo. Mas se olharmos em uma escala de tempo grande mesmo a análise superficial de cobertura da camada de gelo pode nos mostrar um padrão consistente.

Cobertura de gelo no ártico

Média mensal da extensão da camada de gelo do Ártico, de Setembro de 1979 até Setembro de 2011. Crédito: NSIDC

Pelo gráfico acima podemos ver que se pegarmos as médias mensais da extensão da cama de gelo, mesmo considerando também o “gelo recente”, o padrão de diminuição é extremamente claro. Não só a queda é clara como a taxa de queda aumentou ao longo dos anos, como podemos ver pela queda mais acentuada na última década. Quando analizamos os dados da idade do gelo ao longo dos anos podemos perceber como a relação “gelo recente” e “gelo antigo” foi alterada drasticamente.

Qualidade da camada de gelo no Ártico

Idade da Idade da camada de gelo do Ártico, de Setembro de 1983 até Setembro de 2011. Crédito: NSIDC

 

A cama de gelo mais antiga chegou em 2011 a um recorde de baixa, principalmente a camada de 5 anos ou mais. Podemos ver pelo gráfico que esta camada quase não existe mais no Ártico e a camada de 1 ano passou a ser a dominante. Esta relação é praticamente a inversa de setembro de 1983, quando a camada de gelo de 5 anos ou mais era a dominante.

Os dados de 2011 da cobertura de gelo no Ártico reforçaram ainda mais o padrão de queda que fora questionado pelos negacionistas do clima devido a “recuperação” registrada a partir de 2008. Questionamentos na ciência são importantes, mas olhar a variação de dados de forma enviesada como neste caso é apenas uma maneira de dificultar a comprensão público sobre o Aquecimento global.

 

Via NASA e NSIDC.