Uma frase do Tom Curtis citada em uma carta do Gareth Griffith na Trends in Ecology & Evolution deste mês me chamou a atenção:
“if the last blue whale choked to death on the last panda, it would be disastrous but not the end of the world. But if we accidentally poisoned the last two species of ammonia-oxidizers, that would be another matter. It could be happening now and we wouldn’t even know”
Para quem não sabe, os micro-organismos oxidadores de amônia são os responsáveis pela transformação de amônia em nitrito, passo fundamental da transformação do nitrogênio para uma forma utilizável pela maior parte dos seres vivos. Já comentei aqui sobre o foco da conservação em bichos fofos e bonitos em detrimento dos bichos feios. Será que teríamos também campanhas das ONGs ambientalistas para salvarem as bactérias nitrificantes?
Claro que o foco da carta do Griffith não é esse. Campanhas que mostram a importância dos micro-organismos são fundamentais. Mas temos que avançar e muito na parte metodológica para uma melhor análise da diversidade e distribuição destes micro-organismos. Se os bichos feios não são considerados importantes, imaginem “bichos invisíveis”?
Na difícil tarefa de priorizar certas áreas para o investimento do escasso recurso da conservação, os micro-organismos não podem ser esquecidos. Não individualmente, mas sim áreas que fossem consideradas como uma importante fonte de diversidade microbiana. Como diria o Prof. Ricardo Iglesias do Departamento de Ecologia da UFRJ, “Eucarya é o barroco da natureza”. Sem ele, Bacteria e Archea viveriam felizes na imensidão do nosso e de outros planetas.
Referência:
Griffith, G. (2012). Do we need a global strategy for microbial conservation? Trends in Ecology & Evolution, 27 (1), 1-2 DOI: 10.1016/j.tree.2011.10.002
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