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Isso é uma tentativa de piada. Acho que os pandas são tão burros quanto nós. Crédito: EllieBell

Se o caro leitor acompanha este humilde blog já deve saber que a conservação de animais “feios” não é um tema novo por aqui. Lá em 2009 fiz uma campanha para salvar as lindas e fofas lampreias, também falei sobre a importância da conservação de micro-organismos e até da criação de uma sociedade para a preservação de animais feios. Acho que não é difícil entender que a grana para preservação das espécies é curta e que devemos fazer escolhas. Pelo menos não parece difícil na teoria.

A triagem de espécies na conservação é parecida com o que um médico de um hospital público brasileiro faz em seu dia-a-dia, priorizando de forma lógica qual paciente deve ser atendido primeiro. Parece bem simples e fácil, na teoria. Mas quando chegamos na prática é que a situação complica. Ainda mais quando estamos falando de bichos que mais parecem um bebê-fofo-gigante-peludo desesperado por um abraço, como o caso dos pandas. Em 2011 levantei o exemplo dos pandas para discutir os dados de um artigo científico que tentou entender a visão dos pesquisadores da área sobre a conservação de espécies. Desde aquela época eu achava que a triagem na conservação era um assunto que deveria ser debatido de forma mais crítica pela sociedade, já que cada vez mais precisamos decidir quais espécies devemos priorizar. Mas é bem difícil falar traduzir um assunto tão complexo de forma clara e simples. Foi o que fez o ótimo canal do YouTube Minute Earth, explicando o dilema em que salvar o panda pode deixar outras espécies mais próximas da extinção.

 

Coincidência ou não o vídeo em menos de uma semana já tem 250 marcações de “Não gostei”, muito mais do que em vídeos recentes como Why are the clouds (72) e Why Don’t Scavengers Get Sick? (152, sendo que esse está há mais de 1 mês no ar). Dá para entender porque o tema é tão pouco comentado e cada vez mais eu tenho certeza que somos crianças quando discutirmos a conservação das espécies. A decisão de salvar ou não uma espécie é difícil, mas aprendemos na vida que não podemos tapar os ouvidos e gritar “lá-lá-lá-lá” para sempre. Ou corremos o sério risco de perder espécies potencialmente muito mais importantes, mas menos fofas do que os pandas.