Os camarões

Domingo fui almoçar no shopping e resolvi comer em uma daquelas franquias de camarão. Enquanto esperava o prato me bateu uma dor na consciência… Como eu poderia estar comendo um produto que vinha de tão longe? Naquele caso do Piauí. O quanto de combustível não foi queimado e tinha poluído o meio ambiente até que aqueles camarões chegassem ao meu prato? E pior ainda, quem me garantia que a fazenda onde aqueles camarões foram produzidos não tinha destruído algum manguezal?

Depois de perder minhas férias de verão de 2003 assistindo trocentos cursos sobre meio ambiente e a defesa dos manguezais com docentes como a Yara Schaeffer Novelli (a papisa dos mangues no Brasil) como eu poderia estar comendo camarões???

Pra quem não sabe o manguezais desempenham importante papel como exportador de matéria orgânica para os estuários, contribuindo para a produtividade primária na zona costeira. Por essa razão, constituem-se em ecossistemas complexos e dos mais férteis e diversificados do planeta. A sua biodiversidade faz com que essas áreas se constituam em grandes “berçários” naturais, tanto para as espécies típicas desses ambientes, como para animais, aves, peixes, moluscos e crustáceos, que aqui encontram as condições ideais para reprodução, eclosão, criadouro e abrigo, quer tenham valor ecológico ou econômico. Com relação à pesca, os manguezais produzem mais de 95% do alimento que o homem captura no mar. Por essa razão, a sua manutenção é vital para a subsistência das comunidades pesqueiras que vivem em seu entorno. (Wikipédia)

Pra quem não sabe também a carcinicultura (criação de camarões) é uma
das maiores responsáveis pela destruição dos manguezais no Brasil. Os impactos causados vão desde a modificação do fluxo das marés, que elimina a vegetação e a fauna de caranguejos e moluscos , destruição de paisagens, ocupação de terras devolutas e da Marinha, degradação de bacias hidrográficas. No Nordeste, o número de fazendas de camarões passou de 20 em 1985 para 905 em 2003. (Artigo do Washington Novaes aqui)

Encontrei também esse artigo sobre o assunto, uma discussão se existe criação de camarão sustentável ou não. Se a certificação do camarão ajudaria ou atrapalharia.

Eu não sou nenhuma fissurada em camarão, posso viver bem sem, mas de vez em quando tenho vontade e ai como faço? Desisto de comer camarão? Alguns acreditam que essa é a melhor alternativa e que não há criação de camarão sustentável. Bom, eu vou tentar evitar ao máximo pois só o nosso comportamento como consumidor pode ajudar a mudar as coisas, mas se vocês vissem o movimento que a franquia de camarão tinha na lojinha que eu comprei meu almoço no domingo, desanima… Aliás, tente explicar porque você não come camarão para alguém, ou não come palmito, ou até porque não quer sacolinhas plásticas… É desanimador.

One comment

  • Hugo
    22 de agosto de 2007 - 21:37 | Permalink

    por isso tudo posto no seu texto sobre camarões e qq outra coisa, me tornei vegetariano. se todos fossem vegetarianos, a produção alimentos aumentaria várias vezes, dado que a energia que os bichos gastam para viver se perde para sempre e pouco resta na carne que consumimos... vc falou tudo: não dá para não perguntar mais como, o quê, de onde, para quê... abraço Hugo

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