Revolução Verde – Thomas Friedman


Recebi de um amigo o seguinte comentário do Thomas Friedman sobre a dita revolução verde. Tradução livre minha.

“O que eu sempre digo para as pessoas que dizem pra mim, “Nós estamos vivendo uma revolução verde” é, “É mesmo? Uma revolução verde! Você já viu alguma revolução que ninguém sai lesado? Essa é a revolução verde.” Na revolução verde todos são vencedores: o BP Verde, Exxon Verde, GM Verde. Quando todos são vencedores, não é uma revolução – na verdade, é uma festa! Nós estamos numa festa verde. E isso é muito divertido – você e eu somos convidados para todas as festas. Mas isso não tem qualquer conexão com uma revolução real. Você sabe que isso é uma revolução quando alguém é lesado. E isso não significa uma lesão física. A revolução da Tecnologia da Informação (TI) foi uma verdadeira revolução. Na revolução de TI, companhias tiveram que mudar ou morrer. Portanto, você vai saber que a revolução verde está realmente acontecendo quando você ver alguns corpos – corporações – ao longo da rodovia: companhias que não mudaram e por isso morreram. Agora nos não temos esse tipo de mercado, esse tipo de situação de mudança ou morte. As companhias hoje sentem-se como se apenas mudando suas marcas, não exatamente seus negócios, será o suficiente para sobreviver. Esse é o por quê nós realmente temos uma festa verde e não uma revolução verde.” Thomas Friedman

O original em inglês.
” What I always say to people when they say to me, “We’re having a green revolution” is, “Really? A green revolution! Have you ever been to a revolution where no one got hurt? That’s the green revolution.” In the green revolution, everyone’s a winner: BP’s green, Exxon’s green, GM’s green. When everyone’s a winner, that’s not a revolution–actually, that’s a party. We’re having a green party. And it’s very fun–you and I get invited to all the parties. But it has no connection whatsoever with a real revolution. You’ll know it’s a revolution when somebody gets hurt. And I don’t mean physically hurt. But the IT revolution was a real revolution. In the IT revolution, companies either had to change or die. So you’ll know the green revolution is happening when you see some bodies–corporate bodies–along the side of the road: companies that didn’t change and therefore died. Right now we don’t have that kind of market, that kind of change-or-die situation. Right now companies feel like they can just change their brand, not actually how they do business, and that will be enough to survive. That’s why we’re really having more of a green party than a green revolution.”
Quem acredita numa mudança do jeito de fazer negócios levanta mão!!
E quem acredita em Papai Noel?? É quase a mesma coisa… Pode não ser o Papai Noel que compre ou entregue seu presente no Natal, mas de alguma forma você ganha algum, né? Sem presente ninguém fica.
A mesma coisa a revolução verde, ninguém muda o jeito de fazer negócios, mas mudam-se os slogans, os produtos, o marketing. Ninguém sofreu de fato com a revolução verde, quem sabe citar 1 empresa que teve que fechar as portas porque não se adaptou? Eu sei citar ao contrário, empresas que fizeram estragos e que não fecharam as portas, aliás acho difícil terem sequer cogitado essa idéia. Por exemplo a Shell, fez um estrago monstruoso em Paulínia e o que aconteceu com a empresa? Nada. A Exxon derramou um petroleiro de óleo no Alasca e continua umas das empresas que mais dão lucro no mundo. A Union Carbide Corporation causou o maior acidente químico da história na Índia, em 1984 e 15 anos depois se fundiu com a multinacional Dow Chemicals que se tornou a segunda maior empresa química do mundo.
Tá, tá bom, tem o caso da Nike, digamos que ela sofreu um chacoalho, as ações caíram, mas fechar as portas por conta da gafe de usar mão-de-obra escrava ou infantil não aconteceria, duvido. Essa revolução verde é coisa da cabeça dos otimistas!
UPDATE:  Veja o post do Hugo Penteado sobre o mesmo comentário do Thomas Friedman aqui.

4 Comments

  • marcus
    9 de setembro de 2008 - 20:59 | Permalink

    Olá Claudia
    Já acompanho o seu blog há algum tempo. Gosto muito do jeito franco que vc imprime nos textos. Parabéns.
    Quanto aos corpos ao longo das rodoviais, tb acho que eles demorem a aparecer -- ou nem sequer se apresentem.
    Mas não estou muito preocupado com isso. Quem eu quero que apareça é o cidadão, a maior parcela possível do público.
    Digo isso pois escrevo sobre a temática para pouco mais de 80 mil estudantes. E, como vc, acho sim que é possível fazer alguma diferença.
    Um forte abraço, parabéns pelo blog.

  • 9 de setembro de 2008 - 21:58 | Permalink

    Marcus, espero tb que as pessoas possam fazer alguma mudança e que se alguns dos seus estudantes abrirem os olhos para essa realidade já um bom começo. Onde vc escreve?

  • ana
    22 de abril de 2009 - 21:28 | Permalink

    meu eu escrevi o pq e me veem com essa babaquisse em que a profª ja me esplicou na sala................huahuahuahuahauhauhauahuahuahuahuahuah..............escrava + coisas a pq como onde etc............... nao liga eu amo usar........e huahauhauhauahauhuah

  • Gabriel
    27 de janeiro de 2012 - 12:58 | Permalink

    Gostei da crítica ao termo Revolução Verde! É interessante desmistificarmos algumas coisas, pois temos uma facilidade muito grande em naturalizar as coisas, como neste caso, chamar algumas alterações de "revolução".
    Apenas não compartilho o momento que cita "otimistas". Não temos que ser o otimistas, temos que ter vontade. Temos que ter a clareza do processo, do contexto. Temos que ter o sentido da "reversibilidade", que é quando nos colocamos como outro. Se nos pautarmos no otimismo para conseguir a justiça, nos tornamos utópicos.

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