Acho que aqui no blog nunca critiquei as embalagens de plástico de origem vegetal, então chegou a hora de falar. Plásticos que são de origem vegetal e não são biodegradáveis não tem meu apoio.
O “bioplástico” mais famoso e falado que tem é o da Braskem, feito de cana-de-açúcar, tá, ótimo, origem renovável e o destino dele qual é? O lixão da cidade, o córrego, o bueiro… E ai? Que vantagem Maria leva? Ah, o plástico é reciclável… Convenhamos, a grande maioria dos plásticos são recicláveis, o problema não é ele ser ou não reciclável e sim, ele ir de fato para a reciclagem. Acho que ele seria muito mais útil se fosse biodegradável, tipo, depois de 3 meses ele já está reintegrado ao ambiente. E não falo de micropartículas de plástico que ficarão lá eternamente, eu falo de decomposição que contribua e agregue alguma coisa ao solo, se é que isso seja possível.
Uma dúvida de ignorante, será que na hora da reciclagem esse plástico de origem vegetal se integra totalmente ao plástico de origem fóssil? Pois afinal, quando você compra algum objeto de plástico e manda-o pra reciclagem você não sabe qual a origem dele e na hora que mistura todos os tipos de plásitco não atrapalha na reciclagem? Eu sei que cor de vidro é uma coisa séria, assim como a cor do plástico na hora da reciclagem e a origem do plástico alguém já sabe? Se ele for examente igual ao plástico de origem fóssil você já sabe o que acontece quando ele não vai pra reciclagem, né?
Há algumas semanas a Pepsico lançou sua embalagem ecológica dizendo que são 100% recicláveis, tá, até onde eu sei todas as garrafas PET também são, mas isso nunca garantiu que 100% delas fossem recicladas e será que se eu mandar essas garrafas pra reciclagem junto com as PET convencionais vai ter algum problema?
Não entendo com tanto blablabla de sustentabilidade as empresas ainda estão pensando ainda só de um lado da questão. É bom lembrar que agora temos a Política Nacional de Resíduos Sólidos que resposabiliza todos pelos resíduos gerados, será que só agora vão se dar conta que olhar só a origem do produto ou da embalagem já não é mais suficiente?
Sugiro para as empresas que ao invés de ficar gastando dinheiro em como fazer produtos e embalagens com matéria-primas renováveis e alternativas por que não pensam em tentar reciclar, reutilizar ou abolir embalgens? Que tal venda de sorvete, refrigerante e bolachas a granel? Quando eu vejo essa ausência de inovação que fará com que as pessoas mudem de fato seu comportamento para um mundo mais sustentável eu quase desacredito na sustentabilidade, eu chego a acreditar que quando as empresas falam desse assunto é, de fato, apenas marketing. Vejo que ninguém quer mudar comportamento, o máximo que fazem é mudar a matéria-prima e continuam fazendo o resto tudo igual. De verdade o mundo não vai ser melhor e mais sustentável se ao invés de continuar consumindo milhares de escovas de dente, garrafas ou copos de plástico de origem fóssil, a partir de agora o plástico for de origem renovável. Resolver só um lado da equação não resolve o problema, a vida do produto não acaba depois que você o joga fora.