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Copos plásticos usados viram embalagens de Humor

Pena que meu humor não seja dos melhores, Natura!

Sim, a ideia de reciclar os copos plásticos de um festival de música é incrível, aglomerações de gente é algo que gera MUITO resíduo e me pergunto se isso é sustentável. Falei especialmente disso no post que fiz em 2016 quando fui voluntária nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.

Mas sobre a ação da Natura com a Heineken e o Rock in Rio: a ação tem seu mérito sim, mas não tenho bem certeza se ambiental. O que mais me incomoda nela é a simplicidade com que parece que o problema foi resolvido. E na verdade não foi simples, nem o problema do plástico foi resolvido. O plástico do copo que você usou e virou tampa de perfume só foi adiado para ir para o aterro. O copo que saiu do festival de música e virou tampa de perfume para finalmente chegar no consumidor final fez um rolê considerável. Na breve existência desse plástico ele deve ter rodado mais que muito ser humano com o mesmo tempo de vida. Isso sem pensar no destino da tampa depois que o perfume acabar ou a tampa simplesmente quebrar, pois sim elas podem quebrar.

O mais engraçado é que o Rock in Rio e a Heineken simplesmente repassaram (provavelmente mediante pagamento) uma parte do problema de resíduo deles para a Natura. Ela assumiu o passivo para de fato resolver o problema do ciclo de vida do plástico do copo, que será, sei lá no fim, reciclar novamente a tampa do perfume ou mandá-lo para um aterro?

Me pergunto até que ponto somente adiar a ida de produtos plásticos para o aterro é algo válido, o aproveitamento desse material nunca é 100%. Deve ter a sua validade, mas pra mim não resolve o problema.

O mérito dessa ação está na parceria de um festival de música, uma empresa de bebidas e uma marca de beleza. Uma vez que são 3 grandes corporações, creio que conciliar todos esses interesses deve ser algo bastante complexo.

Mas do ponto de vista ambiental qual seria a melhor solução para o copo de plástico? Penso que usar copos de plástico não descartáveis no festival e permitir que as pessoas usem o mesmo copo várias vezes e os levem para casa e continuem usando-os. Mas um festival de música com milhares de pessoas é algo complexo que eu absolutamente não manjo nada. Só tô dando meus pitacos de velha blogueira de meio ambiente rabugenta.

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De todo modo, bela tentativa Natura, Heineken e Rock in Rock. Continuem tentando, um dia a gente consegue, ou não.

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Suposições

Vamos fazer um exercício mental aqui. Só por diversão.

Imagina que você tem um produto super inovador que seu cliente adora. Vende super bem, dá lucro e funciona. Mas o produto tem um problema sério de ciclo de vida. Quando ele foi inventado ninguém se preocupava muito com geração de lixo e o problema do seu produto está aí. A vida útil dele é relativamente curta depois que o cliente compra, ele usa e já descarta e não tem muito o que fazer com o produto depois de usado. E como reciclagem não chega em todos os lugares do mundo não é o que acontece com seu produto por mais que você se esforce em recolhê-lo e reciclá-lo. Alguns lugares do mundo até já proibiram o seu produto.

Exercício de possibilidades

E agora responsável pelo produto? O que você faz?

Finge que não é problema seu, afinal, a sua função é oferecer um bom produto para seu consumidor e fim.

Você faz a sua parte de tentar recolher o que é possível e dar um destino correto. Mas joga parte da culpa de não dar um destino correto para toda a sua produção no seu consumidor, afinal ele também não colabora na hora de dar um destino certo ao produto.

Começa a gastar toda sua energia, dinheiro e empenho em desenvolver um produto melhor que não gere mais resíduos pós consumo. Mesmo que depois de todo esse processo e esforço você descubra que tenha que desistir do seu produto já consagrado e criar um novo.

Você pode sugerir outras soluções e opções se você tiver e for mais criativo que eu.

Adendo: seu produto não é único no mercado. Ele é apenas uma forma diferente e cômoda de obter o mesmo resultado obtido de outras formas um pouco mais trabalhosas ou apenas mais diversas.

Alguma pista de que produto é esse? Fiquei impressionada que pude pensar em outros produtos além do qual eu tinha em mente originalmente.

E você consumidor do produto o que faz? Qual a sua atitude? Para de usar o produto? Cobra uma atitude da empresa que produz? Finge que nada disso é com você ou sequer tem consciência que usar esse produto gera um impacto e existem outras soluções?

English version.

Sobre cápsulas de café

Eu realmente estou com preguiça de escrever qualquer julgamento de valor diante do ocorrido, vou apenas descrever e você leitor e consumidor pensa o que quiser a respeito.

Foto: Reprodução / Thomas Guignard / Flickr
Foto: Reprodução / Thomas Guignard / Flickr

De vez em quando eu recebo releases de uma empresa de comida. Um dos últimos que recebi foi sobre a reciclagem das cápsulas de café que a empresa tem feito, nesse caso ela contava que por conta da reciclagem das cápsulas a empresa doaria 1,6 milhão de tubetes de mudas de café para agricultores de café que fazem parte do um certo programa deles. (Eu poderia reproduzir o release aqui, mas você pode encontrá-lo nesse link)

Ai, eu enviei as seguintes perguntas para o remetente do mail:

Esses 1.6 milhão de tubetes que serão doados representam qtas cápsulas recicladas? Mais um dado importante que não encontrei: qual a porcentagem das cápsulas produzidas no Brasil pela Nestlé são recicladas? Uma vez que vcs não possuem pontos de coleta no Brasil todo creio que apenas uma parte é reciclada, gostaria de saber qual esse valor.

Infelizmente no site que vc indicou no release não encontrei mais informações sobre o processo de reciclagem das cápsulas, na verdade gostaria de saber mais sobre as empresas que recebem essa cápsulas: elas já existiam e fazem reciclagem de outros produtos ou foram criadas especificamente para reciclar as capsulas? Foi feito algum investimento da Nestlé para o desenvolvimento do processo de reciclagem das cápsulas?

Vc teria fotos do processo de reciclagem das cápsulas?

A resposta demorou e tive que me esforçar para obtê-la. Primeiro, sempre recebi esses emails sem solicitá-los, ai qdo veio mais um release sem ter nenhuma resposta do anterior eu reclamei e falei para não me enviarem mais uma vez que não estava rolando uma comunicação. A assessora pediu desculpas, falou para eu reenviar o mail e 2 dias depois veio a seguinte resposta:
Por questões estratégicas a Nestlé não divulga a quantidade de cápsulas comercializadas, coletadas e recicladas.
 
As cápsulas coletadas são processadas pela marca em parceria com a Boomera, que tem unidades industriais em Itapevi (SP) e em Cambé (PR).
 
Baseado no conceito de economia circular, onde os resíduos se transformam em insumos pra produção de novos produtos, as cápsulas descartadas pelos consumidores nos pontos de coleta passam por um processo de extrusão e são transformadas em uma resina plástica. Essa resina se transforma em matéria prima para produção de novos produtos, sendo o porta-cápsulas Renove o primeiro produto de Nescafé Dolce Gusto feito com materiais 100% reciclados (15% de cápsulas pós uso).
Olha, por uma questão estratégica eu não vou comentar essa resposta. Você leitor querido que me acompanha aqui deve saber o que estou pensando a respeito, aliás, a caixa de comentários está aberta para seus comentários. Eu prefiro evitar a fadiga dessa vez.

O lixo nosso de cada dia

Semanas atrás falei da embalagem do meu creme que tinha um design sofrível, agora resolvi pesquisar sobre a política de resíduos sólidos pós consumo das principais marcas de cosméticos que eu conheço, que é o que nos sobra depois que o produto acaba. Os resíduos sólidos da cadeia produtiva podem até ser responsabilidade minha também como consumidora, mas pouco posso interferir nela. Resolvi ver o que as empresas falam de residuos sólidos sem eu precisar ler o relatório de sustentabilidade.

residuos
Fonte: https://flic.kr/p/e4PYUh

Nívea

A Nívea foi a primeira “vítima” por 2 motivos: 1- falei dela no post sobre o design ruim da embalagem e 2- apareceu um post patrocinado deles na TL do meu twitter, se eles estão pagando pra fazer propaganda em rede social, vamos ver se esse canal realmente funciona para conversar com o consumidor (mais um teste além do ambiental). Ai perguntei pelo twitter sobre a política de resíduos sólidos da Nivea e recebi esse link como resposta: http://www.nivea.com.br/Sobre-nos/beiersdorf/Responsabilidade-Ambiental

Bom, sobre o destino das embalagens pós consumo só li blablabla, nada concreto que me convence da real preocupação deles, um “apoiamos o projeto tal que se preocupa com esse assunto” e só. Ai perguntei no twitter novamente se eles sabiam qual a porcentagem de embalagem são recicladas, estou no aguardo da resposta.

Unilever

Ai resolvi pesquisar outras… Joguei no Google o nome da empresa e as palavras resíduos sólidos, depois de uns cliques no site deles achei esse link no site da Unilever: http://www.unilever.com.br/sustainable-living-2014/waste-and-packaging/

Achei mais interessante pois eles têm metas estabelecidas sobre reciclar embalagens: “aumentar as taxas de reciclagem e recuperação, em média, em 5% até 2015 e em 15% até 2020 nos nossos 14 principais países” e apresentaram o seguinte dado: “Aumento de 7% nas taxas de reciclagem e recuperação em 2013, superior ao Índice de Reciclagem e Recuperação médio de 2010, registrado nos nossos 14 principais países.” Legal, mas  o quanto desse 7% é no Brasil? E vamos combinar que 7% numa operação em 14 países é quase pífio.

P&G

Com a busca no Google P&G e residuos sólidos (ou qualquer coisa parecida com isso) cheguei nesse link: http://www.pg.com/pt_BR/sustentabilidade/sustentabilidade_ambiental/index.shtml

O plano é bastante audacioso “Nossa Visão, anunciada em 2010, inclui: (…) Usar 100% de materiais renováveis ​​ou reciclados em todos os produtos e embalagens. Depositar zero de consumo e resíduos de fabricação em aterros sanitários.” Mas não falam quando pretendem atingir a meta, ah, mas é a visão, não é uma meta, pode ser que nunca atinjam seja só um alvo a se atingir… Ainda tem um “saiba mais sobre a nossa visão de longo prazo”, mas não tem link nenhum redirecionando pra lá. Também não ficou claro pra mim se no consumo e resíduos de fabricação inclui embalagens pós consumo.

Descobri por acaso que eles tem um projeto com uma empresa chamada Wise Waste que criaram a partir de embalagens recicladas um display para um dos produtos deles em supermercados. Aliás o trabalho da Wise Waste é bem interessante, saiba mais aqui. Mas no site da empresa mesmo só tem aquelas metas megalomaníacas sem nada muito prático.

Natura

Mandei um twitt e não recebi resposta 2 dias depois, procurando no google achei vários links para os relatórios anuais da empresa 2009 (acho q seja pois só tinha dados até 2008), 2012, 2013. Não é o que que esperava achar, principalmente da Natura. As informações são vagas e sem nenhuma meta clara, no relatório de 2014 fala que “A Natura está elaborando um plano de logística reversa, que tem como principal objetivo estruturar um modelo de gestão capaz de transformar resíduos em oportunidades de novos negócios. Este plano tem previsão de lançamento ainda no ano de 2014.” Eu esperava mais da Natura, muito mais…

Avon

Mandei um twitt e não recebi resposta 2 dias depois.

Procurando no Google não achei NADA relevante. No site da empresa tem uma seção de responsabilidade social, nada sobre meio ambeinte. Falam de teste em animais, mas absolutamente NADA do ponto de vista ambiental e resíduos sólidos… Decepção monstra.

Conclusões

Escolhi essas empresas pois consumo produtos delas e como são empresas que fazem parte do business as usual esperava números sobre o assunto, só 1 me apresentou números concretos sobre a preocupação com a geração de resíduos e posterior descarte, as outras tratam o assunto de forma superficial, pelo menos aos olhos do consumidor leigo que resolve descobrir por si só o que as empresas fazem/pensam sobre o assunto. Uma delas até ignora o assunto. Ou simplesmente resolveu não contar pra ninguém o que faz sobre o assunto. Se alguma empresa dessas quiser entrar em contato comigo para esclarecer melhor suas preocupações sobre os temas resíduos sólidos pós consumo, logística reversa, etc estou super aberta para ouvir e saber mais, o importante mesmo é tornar pública suas práticas, o consumidor agradece, isso chama-se transparência. #ficaadica

A princípio pensei em ligar nos atendimentos ao consumidor de cada uma delas para perguntar sobre o assunto, mas esse processo é tão chato que eu desisti, mas talvez seja mais eficaz que esse post, mas se você quiser fazer isso segue o número dos telefones de cada uma das empresas, acho que pode surtir mais efeito e ainda dá pra testar o quanto elas dão de importância para a preocupação do consumidor.

Nivea – 0800-77-64-832

Unilever – 0800-707-7512

P&G – 0800 701 5515

Natura – 0800.115.566

Avon – 0800 7082866

Se alguém conhecer alguma empresa de bens de consumo não duráveis que nasceu pensando no ciclo completo de vida de seus produtos me avise, pois eu até hoje não vi nenhuma.

A Copa do Mundo

Eu sei que ainda tem muita Copa para rolar ainda, mas resolvi já escrever algumas coisas importantes que vi na minha participação na Copa do Mundo.

Tô trabalhando de voluntária, sim, pode dizer o que você quiser, mas adoro Copa do Mundo e não queria ficar de fora dessa festa no meu país, tentei comprar ingressos para poder ir em algum jogo, mas não consegui, então me sobrou a opção de trabalhar como voluntária e até agora não me arrependo, a emoção de estar no estádio na abertura da Copa no meu país, é indescritível. Eu não ligo para futebol, mas Copa do Mundo é uma coisa que mexe comigo, sempre. #mejulguem

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Pois bem, meu trabalho de voluntária é de serviço ao espectador, ou seja, tenho a função de orientar, ajudar e dar informações para quem vai ao estádio ver os jogos. No jogo de abertura fiquei no início do jogo numa das entradas para a arquibancada e no fim fui para uma das saídas orientar para metrô e trem.

É stressante! Gente perguntando para você o tempo todo como chegar em algum lugar, você atento para que ninguém entre com garrafas ou latas nas arquibancadas e ajudando a colocar todo o líquido dentro de um copo (cantei o hino fazendo exatamente isso), atenta para pedir para as pessoas não fumarem ali, gente reclamando que não acha a entrada para seu lugar e quando você indica ela fala que já foi lá e disseram que não era; gente de mau-humor por que não acha o lugar, gente reclamando por que a área vip dela é longe do local onde ela tá sentada, gente reclamando por que não pode entrar com garrafa na arquibancada, gente pedindo para você tirar fotos para ela, e no meio disso o Brasil faz um gol contra, gente reclamando que a fila da bebida tá grande, gente querendo praticar seu italiano reclamando que não tem comida, bêbados valentes, bêbados engraçados, bêbados querendo dançar, gente querendo bater papo, pessoas da limpeza fazendo corpo mole quando você fala que o chão tá molhado e precisa secar e mais gente reclamando que só tem pipoca, ou que a comida acabou. Tudo isso direcionado a você, voluntário! Não, não é nenhum pouco fácil e acho realmente que a Fifa abusa da boa vontade dos voluntários, principalmente desses que como eu ficam ali na linha de frente com os espectadores.

Entre essas e mais outras situações acontecendo meus olhos para a sustentabilidade não se fecharam e de alguma forma sofri impactos dela. Por exemplo essa bela lixeira da Coca-cola para lixo reciclável e não-reciclável.

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Lixeiras bonitonas, né?

Bonitonas, né? Mas com pouca ou nenhuma praticidade. Quando você está na mão com umas 4 ou 5 garrafas, com pressa e mais gente querendo fazer o mesmo que você, ter que ficar procurando esses buracos é absolutamente um saco! Além de serem pequenas, num estádio com 60 mil pessoas elas enchem em minutos e essas tampas são de uma dificuldade para encaixar e desencaixar que você não imagina, demora, e enquanto o pessoal da limpeza está encaixando e desencaixando essa tampa para esvaziar a lixeira as garrafas e latas não param de chegar.

Um jeito bem fácil de reduzir o lixo e evitar o problema das garrafas é simplesmente fornecer os refrigentes de máquina, como nas lanchonetes de fast food, será que a logística dessas máquinas é tão mais difícil que o lixo gerado pelas garrafas?

Infelizmente mudei de posto antes do fim do jogo e não sei como ficaram as arquibancadas depois do jogo, mas o exemplo do povo japonês não tem precedentes aqui no Brasil. Vou trabalhar no próximo jogo na quinta em São Paulo e no fim do jogo se o cansaço permitir vou lembrar de olhar as arquibancadas. Na verdade o fato das pessoas irem para as arquibancadas só com os copos ajuda na limpeza porque os copos são bonitos e todo mundo vai querer levar um pra casa de lembrança. Resta saber se elas recolhem o pacote de pipoca, a embalagem do chocolate, a garrafa de água que por ser mais leve pode ser levada para a arquibancada…

E tudo isso foi só o meu primeiro jogo, que venham os próximos…

Num passado remoto (6 anos atrás)…

Lá em julho de 2008 eu resolvi questionar a Epson sobre o que fazer com os cartuchos de tinta velhos que eu tinha deles. Recebi uma resposta esdrúxula e guardei os cartuchos em casa esperando o dia que pudesse descartá-los de maneira digna. Eis que esse dia chegou! Depois de 6 anos com esses cartuchos jogados numa gaveta qualquer aqui em casa resolvi novamente entrar no site da Epson e procurar alguma novidade sobre o descarte de cartuchos de tinta. E não que eu achei?

Confesso que tive que dar vários cliques no site até encontrar o programa de coleta da empresa (não é assim visível e fácil de achar), ligar num telefone de assistência e perguntar onde eu poderia descartar meus cartuchos. Descobri que deveria levar na assistência técnica aqui da minha cidade onde eles recolhem, por sorte é bem perto da minha casa. Infelizmente esqueci de tirar foto do totem de coleta dentro da loja, mas tá lá bem visível, quem frequenta essas lojas já deve ter visto.

Lá eles não souberam me dizer quanto tempo faz que existe esse programa e disseram que a Epson vai lá recolher os cartuchos, eles também recebem cartuchos genéricos da impressora deles, não apenas os originais, mas não perguntei de cartuchos de outras marcas.

Ultimamente aqui em casa não temos mais comprado cartuchos de tinta novos para a impressora, meu pai tem ele mesmo recarregado-os e provavelmente por isso os cartuchos vazios ficaram tanto tempo na minha gaveta sem eu me lembrar de dar um destino.

Só resta saber agora o que de fato acontece com esses cartuchos depois que a Epson leva embora lá da loja… São reciclados? Reaproveitados? Ou apenas mandandos para um aterro sanitário? Se eu ficar esperando uma resposta deles por conta desse post já sei quando a resposta virá, né? Nunca… E sinceramente tenho um pouco de receio em escrever para eles perguntando, depois da resposta tosca que recebi da última vez que escrevi para eles… Mas mandei um mail perguntando, quando tiver uma resposta volto aqui para contar.

Enquanto isso fico esperando que esse projeto de cartucho de tinta feito de papelão vire realidade. No site que encontrei essa foto dizia que eles tinham sido projetados por Kevin Cheng para a Epson, são feitos de papelão reciclável, com laminado biodegradável, a única área plástica é a área do chip e além disso o cartucho dispensava outras embalagens, na época (2010) eles ainda estavam em fase de testes, 4 anos e ainda não vi nada parecido no site deles… Pelo menos não no site brasileiro. Aliás, nem o modelo da minha multifuncional ou cartuchos de tinta para ela eu encontrei no site. É, melhor eu me preocupar mesmo com o destino que darão para os cartuchos de tinta que eu deixei lá na loja.

UPDATE: A Epson respondeu meu email! Veja a resposta:

Os cartuchos vazios coletados são encaminhados para co-processamento, que é um processo de geração de energia por meio da queima de resíduos para produção de cimento.

Andreia Maffeis Campbell
Coordenadora Ambiental Epson
Programa de Coleta

Ainda sobre lixo

Na visita à ONG Doe seu Lixo uma das maiores dificuldades encontradas pelas coperativas e onde é o gargalo deles é a coleta do material. Fazer o material chegar no local de triagem é a maior dificuldade, devido à logística, não é barato ter caminhões para coleta e quando ela é feita no braço (o que eu acredito ser a realidade da maioria das cidades brasileiras) esse serviço está sujeito às intempéries e todas as dificuldades que um serviço feito por uma pessoa casa à casa pode ter.

Mas vocês sabiam que ter o lixo coletado na porta de casa é um luxo que muitos países ricos não tem?

Pois é, se você tem coleta de lixo na porta da sua casa considere-se um privilegiado, se for coleta de material reciclável então, saiba que isso não acontece nem em países como a Suíça.

E como é feito, então? As pessoas tem que levar seu lixo até o local designado para tal.

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Levando o lixo separado para local.

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Local onde todos os moradores levam seu lixo, na Suíça.

As fotos são em uma pequena cidade da Suíça, mas esse sistema de “coleta” de lixo acontece em vários países da Europa, é você quem leva seu lixo. Em algumas cidades é montado até um depósito para que você possa levar móveis usados que não quer mais e deixá-los lá para quem estiver precisando.

Perguntei para o Júlio César Santos, o coordenador nacional da ONG, se eles tinham alguma experiência de entrega voluntária do material, ele respondeu que não pois a dificuldade deles era manter esse material guardado e seguro para evitar roubos de catadores individuais. Realmente manter aqui no Brasil um local como esse ai das fotos não deve ser fácil, reparem na limpeza do local, reparem que o local não tem nenhuma “cara”de lixão, agora veja essa foto que eu achei aleatoriamente na internet, essa aqui no Brasil.

reciclagem

Local de armazenamento de materias recicláveis, no Brasil.

Percebe a diferença? O brasileiro precisa mudar a sua percepção do lixo, provavelmente o fato de você ter que levar seu material até algum outo local e ter de armazená-lo em casa por algum tempo faz com que a sua relação com o lixo e todo o material acumulado seja diferente. O que faz uma embalagem de iogurte ser considerada lixo ou uma embalagem que pode ser usada como copo? A sujeira! Pense, você teria na sua mesa durante dias um copo de iogurte vazio e limpo, mas ele não duraria nem uma hora em cima da sua mesa se estiver sujo (desde é claro que você não seja uma pessoa porca e desleixada), percebe a relação?

Sem dúvida tudo isso  muda por conta da educação e do conhecimento. A limpeza e a organização dos materiais e do local reflete diretamente na relação das pessoas com o lixo, a educação e conhecimento faz toda a diferença, desde de quem produz o lixo em casa, na hora de separá-los, até quem vai recebê-los e como irá armazenar. Sem dúvida nenhuma existirá uma preocupação em levar os materiais mais organizados e limpos num local que é minimamente agradável de se ir do que se a única obrigação é deixá-lo na porta para alguém pegá-lo.

A reciclagem começa  em casa, no seu consumo e descarte, só por que você pode largar o problema para trás não quer dizer que ele não será mais seu.

A realidade da reciclagem no Brasil

Na terça passada, a convite da Coca-cola, conheci a ONG Doe Seu Lixo no Rio de Janeiro que junto com o Instituto Coca-cola ajuda coperativas de reciclagem do Brasil inteiro a se profissionalizarem. É sensacional o trabalho que eles fazem, dignificando a profissão de catador de materiais recicláveis, oferecendo cursos e profissionalização para as coperativas e gerando renda.

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Qualquer pessoa que estuda um pouco sobre reciclagem no Brasil sabe que ela só deu “certo” por causa da miséria, ou seja, se a reciclagem no Brasil hoje existe não é por conscientização ambiental ou por preocupação da administração pública com o meio ambiente, ela existe mal e porcamente por conta de pessoas que viram no lixo uma alternativa de sobrevivência. São poucos os exemplos de cidades que implantaram um sistema de coleta seletiva eficiente, a coleta seletiva e a reciclagem no Brasil ainda não é regra geral. Segundo dados do IBGE na região norte do país, por exemplo, a coleta seletiva praticamente inexiste (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – 2008).

Portanto, falar de coleta seletiva no Brasil ainda não é uma realidade, a reciclagem pode até acontecer, como no caso das latinhas de alumínio que conseguimos reciclar mais de 90%, mas os outros materiais variam em torno de 45% a 55% ainda, mas uma coleta organizada e efetiva ainda é muito incipiente na grande maioria das cidades brasileiras.

E a reciclagem dos 3% do lixo brasileiro como acontece na grande maioria das vezes? Por meio das coperativas de catadores de materias recicláveis, são essas pessoas que por causa da miséria encontraram no lixo uma alternativa de vida digna.

Esse evento que participei na semana passada foi para promover a Semana do otimismo que transforma da Coca-cola. Não vou dizer o que penso sobre esse “evento”, já falei sobre a empresa em outros posts, não é de hoje que a marca vem tentando se associar ao tema sustentabilidade e portanto vou dar um voto de confiança que ela tem tentado, não sei se da melhor forma ou de forma acertada, mas é uma preocupação e o que ela fez e faz por meio do Instituto Coca-cola para as coperativas atendidas pela ONG Doe Seu Lixo me pareceu muito legítimo. Pelas palavras da diretora-executiva, Claudia Lorenzo, do Instituto Coca-cola ainda é muito pouco o que é feito perto da importância e da relevância da marca Coca-cola para o mundo (são 125 anos de empresa no mundo e 70 anos no Brasil), ela sabe que tem um desafio monumental pela frente e diante dos apenas 5 anos do Instituto acho que tem seguido um bom caminho.

O destino dos aviões

Em 2008 descobri por acaso o destino dos navios e me choquei com o que vi. Dessa vez vi no Jornal Nacional de ontem (16/04/2011) o destino dos aviões e fiquei um pouco mais contente com o exemplo mostrado, veja a seguir:

Infelizmente isso não é realidade aqui no Brasil, achei essa reportagem do Fantástico falando dos aviões abandonados. Veja:

Nos EUA os “cemitérios” de aviões são chamados de Aircarft boneyard,  na Wikipedia eles falam que são retiradas partes das aeronaves que são vendidas ou reutilizadas, não citam nada a respeito de reciclagem completa do avião ou algo que o valha, tanto que são várias as fotos de enormes áreas repletas de aeronaves armazenadas, inclusive virou até reportagem da BBC. Aliás esses locais servem até como locação de filmes, comenciais, encontrei até alguns depoimentos de pessoas que visitaram um cemitério na Califórnia.

Veja no video a seguir com fotos de um cemitério desses no Texas:

 

Acho válida a ideia de transformar alguns desses aviões em museus e atrações turísticas, mas creio que não deve ser possível nem a melhor solução fazer isso com todos, desperdício é algo que realmente me aborrece e não consigo parar de pensar que abandonar esse aviões e largá-los lá para ver o tempo destruí-los não é digno de muita inteligência.

Aliás, navios e aviões são coisas distantes de seres humanos comuns, mas alguém já parou para pensar o que aconteceu com todos os carros que a sua família já teve? Será que estarão até hoje rodando ou foram parar em algum ferro velho ou  abandonado em algum lugar como todo esses aviões?

Torço que num futuro próximo eu possa escrever um post para contar que alguma montadora resolveu se preocupar com o ciclo de vida completo de seus carros e caminhões e resolveu cuidar e garantir que todos os carros, caminhões e ônibus produzidos por ela tenha um destino inteligente.

A embalagem, o lixo e o ciclo de vida

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Acho que aqui no blog nunca critiquei as embalagens de plástico de origem vegetal, então chegou a hora de falar. Plásticos que são de origem vegetal e não são biodegradáveis não tem meu apoio.

O “bioplástico” mais famoso e falado que tem é o da Braskem, feito de cana-de-açúcar, tá, ótimo, origem renovável e o destino dele qual é? O lixão da cidade, o córrego, o bueiro… E ai? Que vantagem Maria leva? Ah, o plástico é reciclável… Convenhamos, a grande maioria dos plásticos são recicláveis, o problema não é ele ser ou não reciclável e sim, ele ir de fato para a reciclagem. Acho que ele seria muito mais útil se fosse biodegradável, tipo, depois de 3 meses ele já está reintegrado ao ambiente. E não falo de micropartículas de plástico que ficarão lá eternamente, eu falo de decomposição que contribua e agregue alguma coisa ao solo, se é que isso seja possível.

Uma dúvida de ignorante, será que na hora da reciclagem esse plástico de origem vegetal se integra totalmente ao plástico de origem fóssil? Pois afinal, quando você compra algum objeto de plástico e manda-o pra reciclagem você não sabe qual a origem dele e na hora que mistura todos os tipos de plásitco não atrapalha na reciclagem? Eu sei que cor de vidro é uma coisa séria, assim como a cor do plástico na hora da reciclagem e a origem do plástico alguém já sabe? Se ele for examente igual ao plástico de origem fóssil você já sabe o que acontece quando ele não vai pra reciclagem, né?

Há algumas semanas a Pepsico lançou sua embalagem ecológica dizendo que são 100% recicláveis, tá, até onde eu sei todas as garrafas PET também são, mas isso nunca garantiu que 100% delas fossem recicladas e será que se eu mandar essas garrafas pra reciclagem junto com as PET convencionais vai ter algum problema?

Não entendo com tanto blablabla de sustentabilidade as empresas ainda estão pensando ainda só de um lado da questão. É bom lembrar que agora temos a Política Nacional de Resíduos Sólidos que resposabiliza todos pelos resíduos gerados, será que só agora vão se dar conta que olhar só a origem do produto ou da embalagem já não é mais suficiente?

Sugiro para as empresas que ao invés de ficar gastando dinheiro em como fazer produtos e embalagens com matéria-primas renováveis e alternativas por que não pensam em tentar reciclar, reutilizar ou abolir embalgens? Que tal venda de sorvete, refrigerante e bolachas a granel? Quando eu vejo essa ausência de inovação que fará com que as pessoas mudem de fato seu comportamento para um mundo mais sustentável eu quase desacredito na sustentabilidade, eu chego a acreditar que quando as empresas falam desse assunto é, de fato, apenas marketing. Vejo que ninguém quer mudar comportamento, o máximo que fazem é mudar a matéria-prima e continuam fazendo o resto tudo igual. De verdade o mundo não vai ser melhor e mais sustentável se ao invés de continuar consumindo milhares de escovas de dente, garrafas ou copos de plástico de origem fóssil, a partir de agora o plástico for de origem renovável. Resolver só um lado da equação não resolve o problema, a vida do produto não acaba depois que você o joga fora.