>Hino Multiuso

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Os americanos pensam que a tradicional canção My Country, ‘Tis of Thee, a.k.a. America, é um hino patriótico (embora não seja o oficial). Ironicamente, diversos países pensam da mesma forma. A mesma melodia serve como hino nacional (e oficial) da Dinamarca, Suécia, Suíça, Noruega, Liechtenstein — e até para a Rússia! Todos esses países “roubaram” a melodia que os britânicos conhecem como God save the Queen. Para piorar, diversas ex-colônias britânicas mantém a melodia como hino real: Belize, Bahamas, Barbados, Canadá (onde também tem versos em francês), Nova Zelândia, Jamaica…
Isso tem levado a situações constrangedoras durante eventos internacionais. Quando a Inglaterra jogou contra o Liechtenstein na Eurocopa de 2004, a mesma música teve que ser tocada duas vezes antes do jogo. Curiosamente, nas classificatórias da Euro 96, o hino foi tocado apenas uma vez no jogo entre a seleção inglesa e a da Irlanda do Norte. 
A própria origem do hino é uma bagunça. Para alguns autores, as primeiras notas teriam sido compostas em 1619 por um certo Dr. John Bull. Outros atribuem a melodia a um trecho da obra de Händel, alemão naturalizado britânico. A primeira versão completa, inclusive com os versos teria aparecido em 1744, na obra Thesaurus Musicus. Mas mesmo esse livro tem autoria disputada. 
Sem dúvida, a teoria mais bizarra é  a da origem francesa. Segundo o Marquês de Créquy, Grand Dieu sauve Le Roi foi composta por Marc-Antoine Charpentier para celebrar… a cura de uma fístula a anal de Luís XIV, o Rei-Estadão. Após uma vitória sobre os franceses em 1745, os britânicos teriam adotado o hino sem saber de sua origem…
Mas a situação pode mudar: desde 2007 tramita no Parlamento Britânico uma proposta para pôr ordem na casa e determinar qual hino deve ser usado em qual ocasião — a Inglaterra ainda tem outros três hinos (Jerusalem, Rule Britannia! e Land of Hope and Glory). God save the Queen está em clara desvantagem entre os candidatos à oficialização. Além de ter se tornado pouco britânico e ter as letras modificadas de acordo com o gênero do monarca, o Parlamento reconhece que o hino “não deveria envolver Deus.”
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