>O Peso do Nome: Einstein (parte 1)

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Eduard Einstein
Eduard Einstein, a.k.a. “Tede”

Nascido em 1910, Eduard Einstein era o filho caçula de Mileva Maric com o físico — e que físico! — Albert Einstein. Apelidado de “Tede” pela mãe, Eduard parecia ter um futuro brilhante e sempre se destacou na escola. Ele se dava bem com ambos os pais (seu irmão seis anos mais velho, Hans Albert, vivia às turras com o pai). Apesar disso, a vida da família Einstein nunca foi um mar de rosas.

Casados em 1903, Mileva sonhava em formar com Albert em casal de cientistas tão bem-sucedido quanto Marie e Pierre Currie, os descobridores da radioatividade. Pouco depois do casamento, eles tiveram uma filha Lieserl. Embora os biógrafos contem que a menina tenha morrido de febre escarlatina, não há certeza sobre seu destino, já que não há qualquer atestado de óbito. Há quem afirme que a Lieserl teria sido dada para adoção, mas essa é outra história.
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Foto do casamento: Mileva sonhava formar uma dupla imbatível com Eintein na ciência. Foi frustrada pela vida familiar.
Porém, após a morte da menina, a família Einstein se recuperou rapidamente. Hans Albert nasceu em 1904. O ano seguinte, 1905 seria o annus mirabillis para Einstein, que escreveu quatro artigos que mudaram a História, derrubando, ao menos em parte, a Física Clássica. Tudo parecia se encaminhar às mil maravilhas. Embora buscasse ajudar o marido, Mileva não pode contribuir muito, pois sua carreira acadêmica foi interrompida pelo casamento e pela criação dos filhos. Em carta a uma amiga sérvia, Mileva contava que “nós terminamos alguns trabalhos importantes que vão tornar meu marido mundialmente famoso.”
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Albert com a mulher e o primeiro
filho (1907): A fama, a guerra e as constantes
 mudanças o tornaram ausente.
Graças à fama crescente, Albert vivia mudando-se com a família. Em 1911, foi para Praga. No ano seguinte, os Einstein voltaram para Zurique. Após o nascimento de “Tede” o casamento já dava sinais de desgaste. Pouco depois, quando Marie Currie recebeu novamente um Prêmio Nobel, em 1911, ela ficou arrasada a ponto de ser internada. Mileva sentia-se fracassada pessoal e profissionalmente e teve que chamar as irmãs para cuidar dos meninos enquanto se recuperava.
A situação piorou quando Albert aceitou se mudar para Berlim no começo de 1914. Sérvia e casada com um judeu, Mileva não se sentia segura e detestava a capital alemã. Um mês antes do início da I Guerra Mundial, ela fugiu com os filhos para Zurique, esperando que isso forçasse Albert a voltar. Ele não voltou; foi morar com a prima Elsa Einstein, com quem se casaria. Mileva nunca aceitou a situação. Buscando proteger os filhos, ela fez o possível para dificultar o divórcio. Mas foram justamente os filhos que sofreram mais com o longo processo, que só acabou em um acordo no fim da guerra: Mileva reconhecia o divórcio; em troca, Albert se comprometia a depositar qualquer Prêmio Nobel que ganhasse em uma poupança para os filhos.
Em 1919 a guerra, tanto na Europa quanto na família Einstein, estava acabada. Mas tanto a Europa quanto Mileva saíram devastadas. A situação melhorou quando Albert cumpriu sua palavra. Ele colocou todo o dinheiro do Prêmio Nobel de Física de 1921 em uma poupança para os filhos.
Mesmo separado, Einstein fazia o possível para visitar os filhos e não ser um pai ausente. Entretanto sua fama e sua origem judaica tornavam a viagem de trem de 10 horas entre Berlim e Zurique extremamente perigosa. Tudo graças à interminável crise econômica da Alemanha do pós-guerra, um campo fértil para o crescimento do antissemitismo do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Mesmo forçada, a ausência de Einstein deixou marcas profundas nos filhos.
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Mileva com os filhos: ela fugiu de Berlim um mês antes da Grande Guerra. Salvou a vida dos filhos,
mas não o casamento.
Hans Albert continuava um garoto teimoso e de gênio difícil; aconselhado pelo pai a se dedicar à Física Quântica, acabou estudando Engenharia Hidráulica e se casou com uma mulher mais velha. Enquanto isso, Eduard tinha a saúde frágil e o comportamento retraído. Apesar disso, “Tede” era um bom aluno; escrevia poesias e, como o pai, tocava violino. Mas seu verdadeiro sonho era estudar medicina — ele queria ser um psiquiatra freudiano. Dez anos mais tarde, Eduard concluía o colegial com um boletim repleto de notas A. O caçula de Einstein já estudava para entrar na faculdade quando, novamente, tudo mudou…
Em 1930, Eduard passou a se tornar cada vez mais melancólico e recluso, chegando até mesmo a ter pensamentos suicidas. Sua mãe procurou vários médicos antes que Albert o encaminhasse para Sigmund Freud. Mesmo o tratamento com o próprio Freud teve pouco sucesso e em 1932, Eduard foi diagnosticado com esquizofrenia. Logo em seguida, ele foi internado no Burghölzi, o hospital psiquiátrico da Universidade de Zurique. Apesar dos recursos da poupança deixada pelo ex-marido, a situação começou a apertar de novo para Mileva. Para cuidar de “Tede”, ela teve que vender duas das três casas que a família tinha. Para não perder o que sobrou, passou a última casa para o nome de Albert.
A essa altura, Einstein estava visitando os Estados Unidos com Elsa. Ele estava prestes a aceitar um cargo de professor em Princeton, mas não queria se mudar para a América. Albert prentendia passar seis meses de cada lado do Atlântico. Então, em Janeiro de 1933, foi forçado novamente a mudar seus planos. A ascenção de Adolf Hitler na Alemanha tornava quase impossível sua permanência.

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