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Entretanto, seja quais forem as coisas, o conceito de “monte” é confuso e incerto. Não há um número certo, um limite preciso, a partir do qual uma coleção de coisas se torna um “monte”. Não é como se 38 grãos de areia formassem um monte, mas 37 ainda não fossem um monte.
Esta é a origem do Paradoxo dos Montes.
Suponha que tenhamos um milhão de grãos de areia. Um milhão de grãos de areia formam, inquestionável-, indubitável-, definitivamente, um monte de areia.
Mas como não há número preciso para definir o que é um monte de areia — ou de qualquer outra coisa —, nós poderíamos tirar um grão de areia do nosso monte milionário e ele ainda seria um monte, só que com 999.999 grãos de areia.
Mas se é assim, então podemos, igualmente, repetir a retirada de um grão de areia outras 999.998 vezes e o que teríamos no final seria o quê? Um monte ou um não-monte?
Nós tínhamos um monte de grãos de areia no começo deste exemplo. E tudo o que fizemos foi retirar, um por um, os grãos de areia do monte. Ora, retirar apenas um grão não faz do monte um não-monte, mesmo que isso se torne um processo. Eu poderia tirar um grão agora, um daqui a cinco minutos, outro daqui a 10 anos, não importa.
No fim do processo, independente do ritmo do processo e da quantia de grãos que tivermos, só podemos ter um monte. Mas, também ao fim do processo, o que temos é apenas um grão de areia e, como nós já sabemos, um grão não pode ser um monte.
Portanto, um único e simples grão é, ao mesmo tempo, um monte e um não-monte.