Os segredos dos alquimistas

“De Alchemist” (Cornelis Pietersz Bega -1663)

O pretenso objetivo dos alquimistas era a transmutação de metais inferiores em ouro, que ocasionalmente era apresentado para agradar seus investidores incautos. Isso era feito de diversas maneiras. Às vezes eram usados cadinhos com fundos falsos. No fundo verdadeiro eram colocados uma amostra de ouro ou prata, protegida por goma ou cera e coberta com o pó do cadinho. Com a aplicação do calor o fundo falso desaparecia e no fim do processo, parecia que o ouro ou prata havia se formado no fundo do crisol. Outras vezes os alquimistas faziam um buraco num pedaço de carvão, recheando-o com óxido de ouro ou prata e selando-o com cera. Ou então misturavam uma solução com barras ocas, as quais continham óxido de ouro ou prata em seu interior e uma das pontas furada mas selada com cera. Assim, o tão procurado ouro ou a prata era introduzido durante a operação, da qual era considerado produto. Por vezes, eram usadas soluções de prata em ácido nítrico ou de ouro em acqua regia, ou de um amálgama de ouro e prata. Acrescentadas de maneira subreptícia, tal solução resultava numa quantidade desejável de ouro ou prata. Uma demonstração comum era mergulhar [parcialmente] pregos num líquido e tirá-los semi-convertidos em ouro. Tais pregos eram metade ouro metade ferro, sendo o ouro coberto com outro material solúvel no líquido. Outras vezes eram usadas barras metálicas, metade ouro e metade prata. O ouro era embranquecido com mercúrio e, ao ser mergulhado num líquido e aquecido, o mercúrio se dissipava e o ouro aparecia. — John Timbs, Things not Generally Known, Familiarly Explained. A book for old and young [Coisas pouco conhecidas ordinariamente, com explicações familiares. Um livro para jovens e velhos] 11a. edição. Londres: Lockwood & Co., 1867.

Citando Lord Bacon, Timbs conclui comparando “os alquimistas aos moços que cuidadosamente viram e reviram o terreno de seus ancestrais em busca de um tesouro que não existe. Ao revirar o solo, eles acabam por fertilizá-lo, ainda que o façam com outras intenções.”

chevron_left
chevron_right

Leave a comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comment
Name
Email
Website