
Ruínas de uma cidade perdida ao largo de uma famosa ilha grega foram examinadas por cientistas da Grécia e do Reino Unido. Resultado: não eram ruínas.
Cidades submersas não são um fenômeno incomum no litoral do Mar Mediterrâneo. Exemplos bem conhecidos e bem documentados são partes de Alexandria (Egito) e a cidade de Puzzuoli (Itália). Assim, quando mergulhadores descobriram colunas e áreas pavimentadas entre 2 e 5 metros de profundidade perto da ilha de Zachary Quinto Zaquintos, comunicaram o achado ao Eforato de Antiguidades Submarinas da Grécia.
Para confirmar a descoberta, esse órgão, responsável pelos tesouros dos mares gregos, buscou os serviços do mergulhador Petros Tsampourakis e da arqueóloga Magda Athanasoula. Também colaboraram o professor Michael Stamatakis, da Universidade Nacional de Atenas, e o britânico Julian Andrews, da Universidade de East Anglia.

Os cientistas mergulharam no Mar Jônico, tiraram fotos, fizeram medições e recolheram amostras do material das supostas construções submersas. Misteriosamente, não foram encontrados artefatos de fabricação humana, como vasos de cerâmica ou garrafas de vidro. Nenhum caquinho sequer. Será que essa cidade, esquecida pelos registros históricos, havia sido abandonada antes de ter sido inundada?
Para identificar e datar o material recolhido, foram feitas análises ao microscópio, ao raio-X e testes de datação por carbono-13. Os resultados desses exames, publicados na Marine and Petroleum Geology, revelaram que essas estruturas tinham uma composição diferente do que era esperado.
“Os discos e as morfologias de rosquinha, que pareciam-se com bases de colunas circulares, são típicos da mineralização de fontes de hidrocarbonetos — observadas tanto em solos marinhos modernos quanto antigos”, explica ao Sci-News o prof. Andrews.

As estruturas, que pareciam feitas de cimento, não eram cimento. Nem poderiam ser porque foram datadas do Plioceno e podem ter até 5 milhões de anos de idade. Mas então, quem as construiu?
A resposta está na própria localização das colunas. Elas estão alinhadas ao longo do que parece ser uma falha submarina. Atualmente inativa, essa falha teria sido uma fonte de gases como metano no passado. Como explica o Prof. Andrews: “micróbios no sedimento usam o carbono do metano como alimento. A oxidação microbiana do metano modificou a química do sedimento, formando uma espécie de cimento natural, conhecido como concreção pelos geólogos.”
O mineral presente nesse cimento natural é a dolomita, que pode ocorrer em zonas ricas em micróbios. Porém, isso dificilmente ocorre em ambientes marinhos, ainda menos numa zona costeira. As concreções passaram milhões de anos ocultas e só foram descobertas após uma erosão recente. No fim, as ruínas de Zaquintos não eram de uma cidade e sim um monte de excrementos de bactérias petrificados.
Referência
Andrews, J.E. et al. 2016. Exhumed hydrocarbon-seep authigenic carbonates from Zakynthos island (Greece): Concretions not archaeological remains [Carbonatos autigênicos exumados de fontes de hidrocarboneto da ilha de Zakynthos (Grécia): Concreções e não resquícios arqueológicos]. Marine and Petroleum Geology, vol. 76, pp. 16-25; doi:10.1016/j.marpetgeo.2016.05.022
Josias
"Não, foram aliens!!!"kkkkkkkk