Memória Fotográfica: Eder & Valenta

 

Professores e químicos, esses dois austríacos merecem destaque pelo pioneirismo na fotografia baseada em raios-X.

Em 1896, Wilhelm Conrad Röntgen anunciou uma descoberta revolucionária num paper intitulado “Sobre um novo tipo de raio”. Os Raios de Röntgen, como foram inicialmente chamados, eram invisíveis mas tinham uma característica curiosa: eram capazes de sensibilizar placas fotográficas. Mais surpreendente era o fato de que esses raios desconhecidos e misteriosos podiam atravessar alguns materiais mas não outros. Uma foto — a mão da esposa de Röntgen, com seus ossos e um anel — viralizou na imprensa da época.

Semanas mais tarde — os virais do século XIX eram mais lentos —, a novidade chegou na Áustria e chamou a atenção de Josef Maria Eder [1855-1944] e Eduard Valenta [1857-1937]. Eder era professor da Universidade Técnica de Viena e químico especializado em material fotográfico; Valenta foi fotoquímico e professor na “Hohere Graphische Bundes-Lehr- und Versuchsanstalt”, uma escola de fotografia e artes gráficas de Viena. Os dois ficaram entusiasmados com os feitos efeitos dos novos raios e passaram a fotografar animais e membros do corpo humano, bem como objetos diversos como metal, madeira, vidro e carne.

Juntos, Eder e Valenta produziram um total de quinze imagens — de bichos como o camaleão, a cobra, os sapos e os peixes que reproduzimos aqui. Essas fotos foram publicadas num portfólio, Versuche über Photographie mittelst der Röntgenschen Strahlen [Experimentos em Fotografia por meio dos Raios de Röntgen], o primeiro álbum a ser formado exclusivamente por imagens obtidas por raios-X.

Evidentemente, as imagens são simples mas não deixam de surpreender até hoje pela qualidade e cuidado. Em negativos e positivos, os animais retratados da mesma maneira que apareciam nas tradicionais ilustrações dos livros de História Natural da época: em poses trabalhadas, convolutas, individualmente ou em conjuntos.

Após esses primeiros Experimentos em Fotografia…, Eder continuou fazendo pesquisas para melhorar a sensitividade das chapas fotográficas aos raios-X, contribuindo para o desenvolvimento da radiografia. Em 1930, ele seria eleito membro da Academia Austríaca de Ciências. Valenta teve uma carreira mais discreta, continuando a dar aulas na escola de artes gráficas onde trabalhava até ser promovido a diretor em 1923. Juntos, os dois também escreveram Geschichte der Photographie [A História da Fotografia], principal referência do assunto na Áustria.

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