RNAm no Superpop: o vídeo e as impressões

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Olha a Lú me defendendo do pastor aí!


Pra quem tinha mais o que fazer na segunda anoite, segue aqui o link pro programa sobre o fim do mundo em 2012, do qual participei.

Participei daquele jeitão. Fui com o espírito leve, querendo me divertir. Pois já imaginava que falar algo realmente pertinente seria difícil. E foi.

Uma hora a produção pedia polêmica, depois pediam “fala um só de cada vez”, e aí ganhava quem parava de gritar por último. E eu não fui pra me estressar.

De cara a Luciana Gimenez fez a ligação direta que eu queria evitar: você é cético? Então não acredita em Deus?

Não queria ligar o ceticismo diretamente ao ateísmo. Esta é uma correlação que não é necessária. Muitos céticos não são ateus, e vice-versa. Mas no meu caso sou as duas coisas e a Lu (fiquei íntimo) queria bater nessa tecla, provavelmente por ser agnóstica ou até mesmo atéia. O pensamento cético é algo que todos necessariamente devem praticar, mas religião cada um pode ter ou não ter a sua.

Não preciso nem dizer que a ciência não foi nem mesmo tocada, mas pelo menos tudo foi tão confuso que nem mesmo os fatalistas convidados puderam falar muito.

O mais interessante desta participação foi a discussão que gerou entre os divulgadores de ciência do Scienceblogs Brasil e meus colegas cientistas: vale a pena participar destes programas? E qual postura se deve tomar no palco?

Vale a pena participar?

Muita gente achou que eu não deveria ir, que pode queimar o filme participar de um programa tão povão. Oras, eu faço este blog para ter o maior alcance possível. Tento escrever de um jeito simples ao máximo, onde o limite é apenas a validade e o embasamento do que escrevo. Claro que eu prefiro escrever mais no estilo do colega Amigo de Montaigne, mas acho que este estilo minimamente rebuscado afasta muita gente que só quer se encantar pela informação fácil, ou o “povão”. Mas este é um problema de estilo e objetivo que é muito pessoal e não tem uma regra geral. Sem contar que eu me diverti a bessa, e isto deve ser levado em conta.

Postura do divulgador de ciência

Estando lá no palco, eu deveria ser irreverente, sarrista, sacana, amargo, azedo, sério, sisudo,…? Não poderia parecer arrogante, isto é o que queria evitar ao máximo. E na cabeça das pessoas os cientistas já tem esta cara de arrogante detentores (ou detentos) da verdade. Melhor fugir disto. Muita gente cobrou que fosse mais incisivo, tentasse ganhar a palavra mais um pouco e até ridicularizar os malucos em cena. Mas é difícil achar o ponto exato de ridicularizar sem cair na máscara arrogante que afasta o telespectador. TV é simpatia! Acho que num programa como este o ideal é ser levemente ácido, ou azedinho-doce (existe ainda este chiclete?): doce com a apresentadora e a produção SEMPRE, e ácido apenas com os convidados e as câmeras ligadas.


Cientista ou divulgador?

Durante o programa recebi vários twits pelo @Rafael_RNAm (<- siga!) e alguns me chamaram atenção com relação a eu ter me classificado como divulgador de ciência e não como cientista ou biólogo. Uns acharam chique, outros acharam ridículo.Independente de gosto, eu estava lá não como especialista da minha área, afinal um astrônomo, físico ou geólogo (ou um psiquiatra) poderiam estar ali como especialistas. Mas como o que se pôde arranjar foi EU, não quis me apresentar como biólogo. Não pra não queimar o filme, mas porque não cabia mesmo e acabaria até tirando a pouca autoridade que eu poderia ter.

Na questão de gosto, acho o título “divulgador de ciência” muito garboso e deveria ser mais utilizado, acabando assim com a autoridade excessiva e distanciadora do ES-PE-CIA-LIS-TA, e abrindo caminho a estas pessoas que, como eu e o Scienceblogs todo, estão mais treinados em falar sobre ciência com os não-cientistas. Coisa que poucos especialistas ou cientistas sabem fazer.

Só mais duas coisas:
1- Viu a camiseta do Scienceblogs Brasil que estou usando? Acabou de sair do forno, que acharam?
2- Quem acha que Luciana Gimenez é burra, pode esquecer. E eu gostei dela. Juro!
[para ‘burra’ procurar ‘Cida Marques’]