Entre Traquitaninhas, Traquitanas e Traquitanões: Marchando pela Ciência!

Sábado (7/10) participei pela segunda vez como avaliadora do Grande Desafio promovido pelo Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, que definitivamente já se tornou um dos meus eventos favoritos no ano.

Em sua oitava edição, o Grande Desafio também já conta com a participação de vários colégios públicos, privados e grupos independentes da região. Mas ele ainda tem um potencial de crescimento imenso!

Trata-se de competição entre colégios e grupos, guardando tudo de mais emocionante que uma competição deste tipo pode trazer: competição saudável, exercício da criatividade, desenvolvimento do espírito de equipe, cantos de guerra, coreografias ensaiadas e… CIÊNCIA!!!

Todo ano, várias equipes de crianças e jovens de Ensino Fundamental I (Categoria Traquitaninhas), Fundamental II (Categoria Traquitanas) e Ensino Médio (Categoria Traquitanões), se formam para propor uma solução para um problema proposto.

O tema deste ano foi: como viabilizar o turismo ecológico para idosos?

Para que os alunos pudessem exercitar suas soluções, foi proposto um cenário com montanhas, árvores e cachoeiras… Suas soluções deveriam permitir que um idoso pudesse desfrutar, por exemplo, de atividades radicais como escalada, arborismo e rapel pela cachoeira.

E foi assim que passei minha tarde de sábado avaliando as soluções criativas, tecnológicas, inesperadas e inspiradoras, de crianças e jovens de diversas idades.

Projetos de equipamentos de uso pessoal, robôs, guindastes, tirolesas adaptadas, balsas automatizadas, plataformas elevadiças…

Bater um papo com aquela garotada é como fazer um curso imersivo de reciclagem em criatividade, sempre renovando minha crença que seres humanos apaixonados por uma ideia e unidos por um propósito são capazes de resolver qualquer problema deste planeta.

Com seu jeito descontraído, falam com desenvoltura e motivação de cada detalhe que implementaram. Demonstram enorme responsabilidade, querendo fazer tudo direitinho mas, quando algo dá errado, é natural observar que alguns se desestabilizam emocionalmente.

É aí então que a gente explica para eles que as falhas fazem parte do nosso dia-a-dia e que a maioria dos cientistas colecionam mais fracassos do que sucessos e que o importante é persistir!

Num final de semana marcado pela Marcha da Ciência (um alerta importante sobre o grave processo de desconstrução da ciência brasileira) o Grande Desafio Unicamp desempenha o papel importantíssimo de inspirar brasileirinhos a exercitarem habilidades compartilhadas pelos melhores cientistas do mundo: a caracterização de problemas, a definição de estratégias para resolvê-los,  a documentação dos processo de desenvolvimento, o trabalho em equipe, habilidades de documentação e apresentação de ideias. Em resumo, habilidades fundamentais para a formação de qualquer jovem do século XXI, inserido num mundo sem fronteiras.

Essa é só uma das evidências de como o exercício da ciência é importante para toda a sociedade e deveria ser entendido como um valor fundamental para qualquer nação. Independentemente de desejarmos ser, ou não, uma potência no desenvolvimento científico e tecnológico, educar jovens na cultura científica é educar jovens críticos, resilientes e responsáveis para conduzirem seu futuro em qualquer área de atuação.

Além dos alunos, personagens principais do evento, é impossível não destacar também o trabalho da equipe do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, muitos deles alunos de graduação de cursos da Unicamp. Monitores e mediadores que sabem falar a língua dos mais novos e conseguem, como ninguém, construir uma ponte entre sociedade e Universidade. Grandes gigantes!

Na plateia que observava as apresentações dos alunos, também se encontravam alguns super-herois!

Pais e, principalmente, professores, com olhares preocupados, ansiosos mas, acima de tudo, encorajadores… Ao conversar com alguns deles, não é raro encontrar histórias de total doação a uma ideia: proporcionar aos seus filhos e alunos as melhores oportunidades de aprendizado. Mesmo sem qualquer apoio financeiro, lá estavam eles abdicando de um dia de descanso para acompanhar e suportar aquela garotada.

Dentre os grupos de maior destaque, a única turminha de 2° ano do Fundamental I (7~8 anos) que desenvolveu uma solução robótica para transporte de idosos. Enquanto aguardavam o anúncio dos prêmios, saltavam como pipocas nas cadeiras de tanta ansiedade. Eles acabaram faturando dois prêmios na categoria Traquitaninhas e foram ovacionados pelos mais velhos com um “Eles merecem! Eles merecem!”

 

Apesar do momento de crise que vive a Universidade, que venham muitas e muitas edições dessa feliz iniciativa do Museu e que ela possa se tornar cada vez mais grandiosa e acolhida por todas as escolas de Campinas e região!

Não deixem de acompanhar a programação do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp pelo Facebook e pelo site do museu. Além de oficinas para todas as idades, a equipe do museu também vem trabalhando constantemente na criação de cursos de formação de educadores (veja, por exemplo, a iniciativa Hack Make Explore).

Em tempos nebulosos como o que estamos vivendo, o Museu Exploratório de Ciências da Unicamp tem sido um farol cuja chama jamais devemos deixar de alimentar.

#parabensmcunicamp

 

Entre Traquitaninhas!

 

Paula D. Paro Costa

Cientista desde o nascimento, Engenheira e Professora da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação, na Unicamp. Atua nas áreas de processamento digital de imagens, aprendizado de máquina, ciência dos dados e computação afetiva. Nas horas vagas, trabalha para que crianças e jovens tenham contato com as áreas de ciências, engenharia e tecnologia.

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