Jovens inventoras

Publicado por Marina Barreto Felisbino em

Quem são essas meninas que nos surpreendem com inovações e descobertas acima de todas as expectativas para alguém tão jovem?

Modelos de superação, genialidade e dedicação não faltam. Aqui compilamos alguns exemplos nacionais e internacionais.

Miranda Wang e Jeanny Yao segurando placas de cultura de bacterias, do seu Projeto que recebeu premiação. Por IAN LINDSAY / PNG

Miranda Wang e Jeanny Yao segurando placas de cultura de bacterias do seu projeto que recebeu premiação. Por Ian Lindsay/ PNG.

Miranda Wang e Jeanny Yao 

De Vancouver, Canadá, desenvolveram um projeto que estuda a decomposição de plástico por bactérias naturais no colégio The Magee Secondary School.

O trabalho delas concentra-se nos ftalatos, um aditivo baseado em combustível fóssil, utilizado em grandes concentrações em produtos como containers de bebidas e embalagens de comidas.  

Com a assistência da professora Lindsay Eltis da British Columbia University, as duas garotas isolaram bactérias advindas do leito do rio Fraser, identificando aquelas capazes de crescer em um meio rico em ftalato e posteriormente quebrá-lo.

Esses resultados renderam a elas o prêmio na competição British Columbia Regional Sanofi BioGENEius Challenge Canada. Em 2013, foram convidadas a falar sobre seu trabalho no TED talks onde afirmaram que, ao iniciarem essa jornada, elas apenas queriam aprender algo além das salas de aula.

Samantha Karpe e Letícia Padilha durante a conquista do Prêmio Jovens Inventores em programa TV. Foto: Caldeirão do Huck/TV Globo

Letícia Camargo Padilha e Samantha Karpe durante a conquista do Prêmio Jovens Inventores em programa TV. Foto: Caldeirão do Huck/TV Globo.

Letícia Camargo Padilha e Samantha Karpe

De Nova Hamburgo, RS, desenvolveram, em um trabalho da escola Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, um material mais duradouro, resistente, barato e sustentável para cobrir vias.  Batizada de Poliway, a liga é resultado da fusão de brita (a base de qualquer asfalto) com plástico reciclado.

A escola federal, que cobra mensalidades de acordo com a renda familiar dos estudantes, tem como parte do currículo o desenvolvimento de projetos de pesquisa para serem expostos em feiras de ciência tanto dentro como fora da escola.

Visando participar da Mostratec na Turquia, iniciaram suas experiências orientadas pelo professor Ronaldo Raupp, cujo objetivo era produzir asfalto sem piche (matéria-prima básica do piso convencional). Um fabricante de pavimentos cedeu espaço e maquinário. Não só participaram da feira, como foram selecionados a participar do quadro Jovens Inventores em um programa de TV.

Hoje formadas no ensino médio e cursando engenharia, elas participam do Braskem Labs, programa de mentoria oferecido pela parceria entre a indústria química Braskem e a organização de apoio ao empreendedorismo Endeavour. Agora, elas esperam a formalização da patente para começar a aceitar as diversas propostas de investimento que receberam.

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Três das quatro garotas e sua invenção. Foto: makerfaireafrice.com.

 Duro-Aina AdebolaAkindele AbiolaFaleke Oluwatoyin Bello Eniola,

Outra história inspiradora é a das quatro garotas africanas, entre 14 e 15 anos, que criaram um gerador de energia a partir de urina, uma fonte de energia sem impacto no meio ambiente. A urina é colocada numa célula eletrolítica, que quebra a ureia em nitrogênio, água e hidrogênio, que depois de  purificado é colocado no gerador.

A ideia foi apresentada no evento Make Faire África que acontece na cidade de Lagos, na Nigéria, e que busca soluções para problemas que precisam de atitudes imediatas. As ideias que mais funcionam viram realidade.

Remya Jose e sua invenção. Por Gene Driskell.

Remya Jose e sua invenção. Por Gene Driskell.

Remya Jose

Indiana de 14 anos que criou uma máquina de lavar roupas que não exige eletricidade. Aqui é possível assistir ao vídeo feito pela Discovery Channel na época em que sua invenção foi lançada.

Sua família não tinha acesso à energia elétrica e costumava lavar a roupa na mão, na beira do rio. Quando sua mãe ficou doente, Remya e sua irmã herdaram a responsabilidade da função. Foi assim que ele buscou inventar uma solução para sua realidade.

Com a ajuda de seu pai para construir o design e encontrar as peças e materiais que ela precisava, Remya estudou as máquinas de lavar elétricas para entender como elas funcionavam. Depois, planejou como poderia replicar a mesma função em uma máquina que não exigisse eletricidade.

A iniciativa deu tão certo que foi apresentada ao presidente da Índia, em evento que premia inovações desenvolvidas em todo o país. Hoje, Remya trabalha na Fundação Nacional da Índia, responsável por construir inovações para a comunidade rural de seu país.

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Nos perguntamos o que faz surgir essas meninas. Seria incentivo? Genialidade pura? Curiosidade aguçada? É provável que uma união desses fatores seja determinante. Os exemplos citados mostram garotas das mais diferentes origens sociais e culturais. Entretanto, ter uma orientação e excelente formação, sem dúvida, facilita esse processo.

Nos próximos posts dessa série, além de elencar outros exemplos, procuraremos destacar projetos que visam justamente fornecer tal incentivo a essas jovens, mostrando que lugar de mulher é onde ela quiser!


Marina Barreto Felisbino

Bióloga formada pela Unicamp em 2010 e doutora na área de Biologia Celular e Estrutural em 2016. Atualmente trabalho na Universidade do Colorado em Denver-USA, onde desenvolvo pesquisa de pós-doutorado. Apaixonada pela ciência, assim como pelo alcance das mulheres à equidade. Com o desejo que todos vejam a ciência pelos olhos delas.

1 comentário

Juliana · 15 de outubro de 2016 às 20:54

Exemplos que podem incentivar outras mulheres e outros jovens a trazerem soluções inovadoras para a sociedade. Parabéns pela matéria.

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