Celebrando 5000 anos de história da Mulher na Ciência
Hoje, convido vocês para se aventurarem e olharem comigo para a ancestralidade do papel da mulher na ciência. De fato, qual é o primeiro registro da mulher na ciência? Para isso, temos que voltar nossos olhos para 5000 anos atrás no Egito Antigo e conhecer Merit Ptah.
Merit Ptah viveu na época de 2700 a.C. e morou no Egito durante a Era do Bronze. Acredita-se que ela tenha sido a primeira médica na história apesar de seus escritos não serem estudados por anos. Seu nome significa uma mulher amada por Ptah (“mr”=amada, “t”=nome feminino, “Pth”= Deus egípcio dos artesãos ou Deus Criador). Embora existam poucas informações sobre ela, Merit Ptah foi imortalizada na sua tumba próxima à Saqqara, necrópolis do Egito Antigo, por seu filho, Sumo Sacerdote de Memphis, que a registrou como Médica Chefe. Recentemente, astrônomos da “International Astronomical Union (IAU)” mostraram sua admiração por Merit Ptah ao nomearem uma cratera no planeta Vênus em sua homenagem.
Ainda no Egito Antigo, outras mulheres tiveram seu papel na ciência, como Peseshet (2100 a.C.), supervisora e administradora de um grupo de mulheres médicas embora seu papel como médica seja desconhecido. Cleópatra (a não ser confundida com a famosa Rainha Egípcia do período Romano) foi conhecida por seu trabalho como ginecologista e obstetra. Seus relatos sobre a saúde da mulher foram utilizados por cerca de 1000 anos, demonstrando o papel fundamental de seu trabalho para a medicina daqueles tempos.
Naquela época, as egípcias atuavam como auxiliares dos médicos ou curandeiras uma vez que na cultura Egípcia de milênios atrás, as mulheres possuíam uma liberdade muito maior comparada à cultura Grega e Romana do mesmo período. A ligação entre a religião e a medicina foi o que permitiu a expansão dos estudos e conhecimento das doenças, sepsia e anatomia do corpo. Como a cultura egípcia permitia que suas mulheres se especializassem em alguma área do conhecimento além do trabalho doméstico, fica claro que as mulheres tiveram um papel fundamental para o desenvolvimento e modernização da sociedade Egípcia.
Agora vamos mudar o destino da nossa bússola para a Babilônia no mesmo período, 2350 a.C. Acredita-se que a origem da astronomia ocorreu na Babilônia onde calendários foram criados baseados no movimento das estrelas. Vale ressaltar, que posições de prestígio naquela região representavam também a responsabilidade de manter os registros de atividades importantes como agricultura e astronomia.
Ali nasceu uma mulher brilhante, En Hedu Anna (aproximadamente 2300-225 a.C.), Alta-Sacerdotisa da deusa do Amor e da Guerra (Inanna). Por ser filha do rei e exercer um cargo alto, ela se envolveu nos estudos e conhecimentos da astronomia e matemática para exercer a responsabilidade de organizar os calendários da época. Até o presente, a data da Páscoa Cristã e da Páscoa dos Judeus é baseada nesse calendário. Além disso, En Hedu Anna escreveu diversos hinos e poemas incluindo a composição A Exaltação de Inanna, a Deusa do amor, da fertilidade e da guerra. Lembrada por séculos após sua morte, literários a consideram a Shakespeare do Período Sumeriano. Apesar de não existirem registros da sua atuação científica na Astronomia, em um de seus poemas ela descreve a sua participação nesse campo:
(…)
Ela oferece conselhos para todas as terras
Ela mede os céus
Ela determina os cordões de medida da Terra
(…)
A partir deste período, iniciaram o registro de mais e mais mulheres atuantes em diversas áreas do conhecimento na ciência. Porém, muitas delas ainda permanecem no nosso ponto cego, como Merit Ptah, Peseshet e En Hedu Anna eram desconhecidas para mim. Eu encerro esse post deixando a minha admiração ao belo trabalho desenvolvido por essas mulheres em uma época com tecnologia e recursos escassos.
1 comentário
Daniela Silva · 15 de novembro de 2018 às 21:49
Podemoria me informar a fonte da imagem da peseshet, se esta em algum museu?