As Plantas Não Estão Indefesas

Publicado por Descascando a ciência em

Você sabia que as plantas possuem um sistema imune assim como os animais? E, para entender o sistema imune delas, primeiro vamos aprender como acontece no nosso organismo.

Sistema Imune

Quando alguma doença causada por vírus, bactérias ou fungos ataca nosso corpo, precisamos tomar remédios e algo muito interessante acontece em nosso organismo.

Temos um sistema imune que trabalha como um “conjunto de soldados”, formado por proteínas, células, tecidos e órgãos que se encarregam de monitorar e proteger nosso organismo do ataque de qualquer molécula ou agente estranho.

E quando nosso organismo é atacado por algum inimigo, esses soldados trabalham como loucos!

Soldados do sistema imune, as plantas

Nosso sistema imune

Nosso sistema imune é dividido em duas formas de ação:

  1. imunidade inata: Já nascemos com ela, e é nossa primeira resposta de defesa. Porém, quando esse primeiro sistema não é suficiente para a defesa completa do organismo, entra em ação a segunda forma de resposta imunológica;
  2. imunidade adquirida: é um sistema capaz de reconhecer os invasores, por meio de uma “memória” adquirida de cada antígeno que nosso corpo já entrou em contato. E, quando um antígeno ataca um organismo por uma segunda vez, o sistema imune adquirido consegue responder mais rápido e efetivamente.

Anticorpos

Você provavelmente já ouviu falar de anticorpos. Eles são proteínas produzidas pelo nosso corpo e, quando atacados por um corpo estranho (antígeno), agem aderindo à superfície do corpo estranho, e impedem a multiplicação do agente, inibindo a ação de toxinas produzidas.

Reação antígeno-anticorpo

A reação do anticorpo contra o corpo estranho chama-se reação antígeno-anticorpo. Ela atrai vários tipos diferentes de células que fagocitam (ingerem) as partículas dos agentes invasores, mantando-os.

É, ou não é, legal o que ocorre dentro do nosso corpo quando ficamos doentes?

E o sistema imune das plantas?

Agora vamos falar sobre como elas combatem patógenos (inimigos) que as atacam constantemente.

Sabemos que elas são permanentemente expostas a diversas classes de micro-organismos patogênicos. Mas, apesar disso, as plantas são potencialmente saudáveis, pois evoluíram sistemas eficientes de vigilância e defesa para afastar invasores.

Os agentes patogênicos, por sua vez, desenvolveram estratégias de virulência para driblar o reconhecimento ou suprimir as respostas de defesa. Sendo assim, existe uma corrida evolutiva entre agentes patogênicos e suas plantas hospedeiras potenciais.

A defesa das plantas

Quando um patógeno ataca, uma série de mecanismos de defesa são ativados dentro da planta hospedeira. O sistema imune das plantas foi conceituado usando um modelo de zig-zag com três fases:

                                             Jones e Dangl, Nature, 2006

 

1. Primeira fase: Depois que a planta entra em contato com algum patógeno (causador de doença), moléculas desse patógeno, chamadas de PAMPs, indicam a presença do patógeno para o hospedeiro.

Esses PAMPs são detectados por receptores específicos, que são parte integrante do sistema imunológico das plantas (moléculas das plantas), chamados de PRRs. As PRRs reconhecem as moléculas do patógeno (PAMPs) e esse reconhecimento induz uma produção de vários sinais, que vão levar a uma primeira resposta de defesa, conhecida como imunidade desencadeada pelo patógeno, que em inglês tem a sigla PTI.

2. Segunda Fase: os patógenos de sucesso produzem efetores que deixam os patógenos mais fortes e podem interferir com a primeira resposta PTI. Isso resulta em uma susceptibilidade da planta desencadeada pelo efetor (ETS). E, a planta se defende do ataque do patógeno, mas o patógeno aumenta o armamento e atira ainda mais forte.

3. Terceira Fase: Esses efetores são também reconhecidos por proteínas PRR, desencadeando uma segunda resposta de defesa da planta, chamada de imunidade desencadeada pelo efetor ou ETI. A resposta ETI é uma resposta PTI acelerada e ampliada, resultando na resistência à doença e, geralmente, em uma resposta de morte celular no local da infecção, chamada de HR (reação de hipersensibilidade).

Durante as respostas PTI  e ETI (primeira e segunda respostas de defesa), vários genes são ativados para aumentar a produção das proteínas importantes para a defesa.

Dica de leitura

  1. The Plant Immune System

Descascando a ciência

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8 comentários

Antonio Oliveira · 3 de maio de 2018 às 09:50

Parabéns pela iniciativa de divulgação científica de qualidade!

    Laís · 5 de maio de 2018 às 22:46

    Obrigada Dr.Antonio. Se quiser divulgar algum artigo, pode nos enviar um texto explicando de forma simples que nós arrumamos, editamos e publicamos. Continue acompanhando nossos posts.

Alberto O. Lima · 18 de fevereiro de 2019 às 10:48

Parabéns pelo poster, muito esclarecedor para indicar aos alunos antes de ler algo mais aprofundado...
Prof. Dr. Alberto Lima

Alberto O. Lima · 18 de fevereiro de 2019 às 11:13

Parabéns pelo poster! Muito esclarecedor para indicar aos alunos antes de ler algo mais aprofundado...
Prof. Dr. Alberto Lima

    Laís · 7 de março de 2019 às 15:52

    Obrigada Dr. Alberto Continue nos acompanhando. Estamos também no facebook e instagram. @descascandoaciencia

Manuel · 18 de abril de 2020 às 14:11

isso é Muito Bom, assim com o avanço da ciência conseguimos aprender mais e mais, Obrigado pela inedita publicançaõ

Por quem você se mataria? Suicídio celular das plantas. · 7 de setembro de 2018 às 13:10

[…] a gente já disse aqui, o sistema imune das plantas não reconhece bactérias e vírus através de células especializadas. As plantas têm na […]

Planta tem dor de barriga? - Descascando a ciência · 21 de novembro de 2018 às 11:46

[…] bactérias, pois percebem padrões moleculares associados a estes organismos (conhecidos como “PAMPs”), como a presença de flagelina e LPS, presentes somente dentre tais micro-organismos. Ainda […]

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