Pode não parecer, mas bilhões de bactérias que nos rodeiam, sejam elas causadoras de doenças ou não, vivem constantes lutas para conseguir sobreviver. É uma guerra e elas precisam resistir, persistir e avançar!

As substâncias mais famosas contra bactérias são os antibióticos (anti = contra; bios = vida), pois são tóxicos para elas.

Os antibióticos são moléculas que devem ser utilizadas apenas contra bactérias. Eles não podem ser usados contra um ataque de vírus ou fungos, por exemplo, e logo vamos explicar o motivo.

Como os antibióticos “sabem” que só podem matar bactérias?

Na verdade, eles não sabem de nada, mas geralmente atuam em moléculas que existem somente neste tipo de microrganismo.

O antibiótico Rifampicina, por exemplo, tem como alvo a enzima RNA polimerase das bactérias. Esta enzima tem a função de ler o DNA, sintetizando outra molécula: o RNA. Assim, sem síntese de RNA não há síntese de proteínas, e rapidamente seu metabolismo entrará em colapso.

E por que então a gente não morre quando toma esse antibiótico? Nós também fazemos essa tal de RNA polimerase?

SIM! Nós temos o mesmo sistema que as bactérias têm, mas a nossa RNA polimerase é um pouco diferente, e a rifampicina não consegue atuar bloqueando-a. Isso também se aplica à vários outros antibióticos.

Atuação de antibióticos contra bactérias

Como já mencionei, os antibióticos são específicos para as bactérias!

Eles são capazes de seletivamente atuar nas células de bactérias, deixando as células do hospedeiro (no caso, nós, quando estamos com uma infecção) intactas.

E por que existem tantos tipos de antibióticos? E se eu tiver uma infecção, é só tomar um antibiótico que ficarei melhor?

Não necessariamente!

As bactérias são organismos vivos, que existem na Terra há mais de 3 bilhões de anos. Elas não são bobas, e são capazes de brigar como gente grande para sobreviver.

A luta das bactérias pode acontecer de dois jeitos: resistência ou persistência.

Resistência

A resistência é um fenômeno genético e significa que um antibiótico passa a não funcionar mais em uma bactéria.

Geralmente isso ocorre porque ela adquiriu um gene que confere a ela esta nova habilidade e, pior, ele pode passar rapidamente de bactéria pra bactéria, já que muitas são capazes de “engolir” pedaços de DNA com novas informações genéticas.

Eis o problema: é necessário trocar de antibiótico até que encontre um capaz de acabar com a infecção. E cada vez mais, estamos ficando com menos opções e isso é um grande problema.

Persistência

Mesmo que uma bactéria não tenha um gene especial, ela ainda assim pode ser capaz de sobreviver a um ataque de moléculas tóxica simplesmente dormindo. Isso mesmo! Este processo é conhecido como persistência.

Ele é característico das bactérias em uma condição adversa, como falta de nutrientes, por exemplo. Ao invés de morrer, ela simplesmente entra um estado parecido com a hibernação, e suspende suas atividades biológicas por algum tempo.

Enquanto ela “dorme”, moléculas tóxicas acabam ficando incapazes de agir, pois precisam que a bactéria esteja “acordada” (ativa) para poder atuar.

Não entendeu? É simples. Lembra da rifampicina que atua bloqueando a síntese do RNA?

Para que ela possa matar uma bactéria, a RNA polimerase precisa estar funcionando, senão o antibiótico, por mais que entre na célula, acaba ficando sem alvo. Assim, as bactérias permanecem neste estado de vida suspensa e, quando acordam, o perigo já não está mais presente, e elas voltam a crescer normalmente.

Espertinhas, né? Pois é, não é à toa que estes serzinhos minúsculos dominam a Terra há tanto tempo!

E aí? Ficou com alguma dúvida?

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Escrito por Paula Maria Moreira Martins