Pelo menos esse é um destaque dado pelo portal UOL no final de uma reportagem sobre a publicação do relatório do IPCC sobre riscos de eventos extremos.
Explicação com embasamento científico. Você está fazendo errado! Fonte: Uol. Reportagem original pode ser lida aqui.
E esse foi apenas um exemplo. Temos 23 fotos de “consequências do aquecimento global” [sic]. Ficando apenas no Brasil podemos encontrar desde enchentes em São Paulo até as chuvas na região serrana do Rio de Janeiro e Santa Catarina. Achei estranho não ter encontrado uma foto de pessoas com câncer, talvez o estagiário tenha esquecido. Resumindo, todos os desastres e problemas ambientais dos últimos anos foram ligados ao aquecimento global. Mas será que isso é algo ruim? Se assustarmos as pessoas elas passarão para o “nosso lado” na “luta contra o aquecimento global”!
Esse argumento parece um absurdo, mas é exatamente assim que muitos jornalistas e até cientistas se comportam quando tratamos da divulgação de consequências do aquecimento global. Em um primeiro momento as pessoas podem até prestar mais atenção ao seu argumento se você assustar elas, mas assim que elas descobrirem ou forem informadas sobre excessos ou falhas na sua argumentação isso pode virar o jogo de forma muito rápida. O esporte preferido dos negacionistas do clima é procurar erros nos relatórios do IPCC, como se isso fosse mudar a literatura científica mundial sobre o tema.
Não precisamos atribuir mais consequências negativas a um fato para o tornar ainda mais urgente. Chuvas em Santa Catarina não são uma novidade, muito menos enchente em São Paulo. Colocar a culpa destes problemas regionais e da fome no mundo no aquecimento global não vai ajudar em nada. Pior ainda, pode dar de bandeja o que os negacionistas querem para publicar artigos sem embasamento científico como este no Wall Street Journal e em outros importantes meios de comunicação.
como consigo as imagens?to tentando,mas não consigo elas individualmente
Kamylla,
Isso está em flash. Não dá para copiar as imagens. Você pode se quiser dar print screen e depois colar em algum software de tratamento de imagens.
Abraços.
Outra pérola que exemplifica o desserviço à informação. No último parágrafo, timidamente, cita-se que o fenômeno é periódico e já ocorreu outras vezes.
Conhecedores do perfil do leitor brasileiro, é de acreditar que ele chegue àquele ponto do texto? E com disposição de criticar a informação depois de passar por uma extensa e cansativa sequencia de repetições do mesmo argumento?
O que me dizem sobre os recentes episódios: a renúncia de Peter Gleick e o recuo de James Lovelock em suas teorias alarmistas?
Lovelock sempre foi alarmista e está longe de ser um especialista em ciência do clima. O caso do Peter Gleick é pontual e mostra como funciona a cabeça de negacionistas do clima. Usar casos pontuais para dizer que todos os cientistas que trabalham com mudanças climáticas são antiéticos é uma piada.
Achei uma reportagem da Scientific American sobre o caso do Gleick bem interessante aqui: http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=the-peter-gleick-incident. Sobre o Lovelock não vale a pena pesquisar sobre o tema.
O aquecimento global não e culpado pela fome da africa, E sim o homem.
Não vejo os (98%) cientistas fazendo alardes, mas a mídia adora um sensacionalismo. E isso porque as pessoas “gostam” de ver coisas fantásticas. O dia a dia dos cientistas da área, de levantar dados, fazer simulações computacionais etc, é até tedioso. Os artigos da área são complicados pelas análises estatísticas e pelos modelos físicos. Dessa forma, o papel do IPCC é avisar os políticos que eles devem fazer escolhas com mais probabilidades de acertos. Assim o IPCC é uma organização política também.
Samuel,
Utilizei um termo impróprio no meu texto. Troquemos “politizado” por “ideologizado”. Fazendo esse acerto, concordo com seu comentário, afinal, política é a forma como apresentamos e negociamos nossa visão de mundo com os demais para que todos encontrem seu espaço respeitando o dos demais.
Esse post, aliás, é um bom reforço ao post anterior do Luiz, que falava justamente sobre a necessidade de se fazer chegar a informação ao público leigo sem intermediários. A matéria do UOL é um exemplo de como a mídia manipula, segundo seus interesses (ou os de quem paga) comprometendo até a imagem dos autores das pesquisas que, como vocês disseram, 98% são sérios.
Eu sou adepto da teoria dos 94%, mas são só números subjetivos. rsrs
Luiz,
Mais uma vez me alinho a seu pensamento. (ponto final)
Opinião minha:
Se eu tivesse que escolher entre os que afirmam e os que negam o aquecimento global, ficaria com os negacionistas.
Felizmente sabemos que esse assunto não nos obrigará a escolher entre um e outro, mas sim buscarmos informação e decidir sobre nossas próprias ações baseados no bom senso e nas evidências científicas.
Afirmo minha posição justamente pela forma como as evidências científicas são distorcidas pelos “alarmistas” com objetivos totalmente diferentes dos científicos. Não acredito que os cientistas estejam tão empenhados em alarmar o mundo com um neo-apocalipse, como estão as organizações políticas.
Alguns cientistas tem desautorizado a divulgação de seus escritos justamente por causa da conotação política que é utilizada. Só que essa atitude é usada, também politicamente, pelos negacionistas como se os cientistas estivessem “confessando um crime”.
Como se vê, não ignoro que cada lado usa do mesmo nível de desonestidade.
Ocorre que o IPCC é uma entidade reconhecida como “a voz dos cientistas” e não deveria estar tão politizada.
Olá Genimar,
Acho que em relação a desonestidade os negacionistas ganham de longe. Existem alguns casos isolados de problemas em relação a divulgação dos dados brutos, mas isso é um problema da ciência em geral e não só do clima. Claro que também existem cientistas desonestos mas como eu escrevi em um post anterior 98% dos cientistas que trabalham especificamente com a área de clima concordam com o aquecimento global antropogênico.
http://scienceblogs.com.br/discutindoecologia/2010/07/podemos_confiar_ou_nao_na_cien/
Como eu não acho que 98% dos cientistas são desonestos, temos evidências o bastante pra saber que o aquecimento global antropogênico é uma verdade. Detalhes e previsões estão sendo revistas e melhoradas a cada dia. Mas isso também é comum em qualquer área de ciência. Algo imutável e acima de todas as outras coisas não é ciência. É religião.
Abraços e obrigado pelo comentário.