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A Copa do Mundo

Eu sei que ainda tem muita Copa para rolar ainda, mas resolvi já escrever algumas coisas importantes que vi na minha participação na Copa do Mundo.

Tô trabalhando de voluntária, sim, pode dizer o que você quiser, mas adoro Copa do Mundo e não queria ficar de fora dessa festa no meu país, tentei comprar ingressos para poder ir em algum jogo, mas não consegui, então me sobrou a opção de trabalhar como voluntária e até agora não me arrependo, a emoção de estar no estádio na abertura da Copa no meu país, é indescritível. Eu não ligo para futebol, mas Copa do Mundo é uma coisa que mexe comigo, sempre. #mejulguem

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Pois bem, meu trabalho de voluntária é de serviço ao espectador, ou seja, tenho a função de orientar, ajudar e dar informações para quem vai ao estádio ver os jogos. No jogo de abertura fiquei no início do jogo numa das entradas para a arquibancada e no fim fui para uma das saídas orientar para metrô e trem.

É stressante! Gente perguntando para você o tempo todo como chegar em algum lugar, você atento para que ninguém entre com garrafas ou latas nas arquibancadas e ajudando a colocar todo o líquido dentro de um copo (cantei o hino fazendo exatamente isso), atenta para pedir para as pessoas não fumarem ali, gente reclamando que não acha a entrada para seu lugar e quando você indica ela fala que já foi lá e disseram que não era; gente de mau-humor por que não acha o lugar, gente reclamando por que a área vip dela é longe do local onde ela tá sentada, gente reclamando por que não pode entrar com garrafa na arquibancada, gente pedindo para você tirar fotos para ela, e no meio disso o Brasil faz um gol contra, gente reclamando que a fila da bebida tá grande, gente querendo praticar seu italiano reclamando que não tem comida, bêbados valentes, bêbados engraçados, bêbados querendo dançar, gente querendo bater papo, pessoas da limpeza fazendo corpo mole quando você fala que o chão tá molhado e precisa secar e mais gente reclamando que só tem pipoca, ou que a comida acabou. Tudo isso direcionado a você, voluntário! Não, não é nenhum pouco fácil e acho realmente que a Fifa abusa da boa vontade dos voluntários, principalmente desses que como eu ficam ali na linha de frente com os espectadores.

Entre essas e mais outras situações acontecendo meus olhos para a sustentabilidade não se fecharam e de alguma forma sofri impactos dela. Por exemplo essa bela lixeira da Coca-cola para lixo reciclável e não-reciclável.

2014-06-12 10.24.16
Lixeiras bonitonas, né?

Bonitonas, né? Mas com pouca ou nenhuma praticidade. Quando você está na mão com umas 4 ou 5 garrafas, com pressa e mais gente querendo fazer o mesmo que você, ter que ficar procurando esses buracos é absolutamente um saco! Além de serem pequenas, num estádio com 60 mil pessoas elas enchem em minutos e essas tampas são de uma dificuldade para encaixar e desencaixar que você não imagina, demora, e enquanto o pessoal da limpeza está encaixando e desencaixando essa tampa para esvaziar a lixeira as garrafas e latas não param de chegar.

Um jeito bem fácil de reduzir o lixo e evitar o problema das garrafas é simplesmente fornecer os refrigentes de máquina, como nas lanchonetes de fast food, será que a logística dessas máquinas é tão mais difícil que o lixo gerado pelas garrafas?

Infelizmente mudei de posto antes do fim do jogo e não sei como ficaram as arquibancadas depois do jogo, mas o exemplo do povo japonês não tem precedentes aqui no Brasil. Vou trabalhar no próximo jogo na quinta em São Paulo e no fim do jogo se o cansaço permitir vou lembrar de olhar as arquibancadas. Na verdade o fato das pessoas irem para as arquibancadas só com os copos ajuda na limpeza porque os copos são bonitos e todo mundo vai querer levar um pra casa de lembrança. Resta saber se elas recolhem o pacote de pipoca, a embalagem do chocolate, a garrafa de água que por ser mais leve pode ser levada para a arquibancada…

E tudo isso foi só o meu primeiro jogo, que venham os próximos…