Explorando o Reino dos Fungos

Imagem gerada por Inteligência Artificial. Representam cogumelos, em um fundo preto.
Texto escrito por Everton Paschoal Antoniel

Os fungos fazem parte de um reino à parte no mundo dos seres vivos, com características únicas que os diferenciam das plantas e dos animais. De maneira geral, parece que temos contato com poucos fungos, em nossa rotina diária. Mas, será mesmo que esta é a realidade?

Este reino é pouco explorado e fascinante, abrigando cerca de 4 milhões de espécies, com apenas 120.000 delas conhecidas atualmente. Eles são encontrados em praticamente todos os ambientes da Terra, desde a superfície das rochas até as profundezas dos oceanos.

Também podemos encontrar fungos na nossa alimentação – como as leveduras que são conhecidas como fermento biológico e são usadas na produção de pães e cervejas, ou cogumelos variados, como shimeji, shitake e champignon. Outra forma que as vezes faz parte da nossa cozinha é o mofo, quando deixamos esquecida aquela fatia de pão na prateleira…

Na literatura infanto juvenil e em animações os cogumelos frequentemente aparecem também. Por exemplo, em Alice no País das Maravilhas, quando a Alice comia cogumelos para crescer ou diminuir de tamanho. Já no jogo de Mario Bros, o cogumelo além de crescimento, fornece “vida” e “saúde” aos jogadores.

Sim! Os cogumelos são interessantes e lindos e, além disso, a parte mais conhecida dos fungos! Todavia representam apenas a ponta do iceberg. O corpo real do fungo encontra-se no subsolo, com suas “raízes” chamadas de hifas, que criam uma rede complexa e interconectada que permite a comunicação e cooperação entre plantas e microrganismos.

O fóssil de cogumelo mais antigo do mundo foi encontrado no Brasil!

O registro fóssil mais antigo de um cogumelo foi descoberto na Formação Crato (Bacia do Araripe), datando de cerca de 115 milhões de anos atrás. Estima-se que o cogumelo tenha habitado o Nordeste brasileiro no contexto do Gondwana, o supercontinente formado há cerca de 200 milhões de anos e que agrupava América do Sul, África, Madagascar, Índia, Oceania e a Antártida.

Este cogumelo antigo, por exemplo, é uma fascinante descoberta paleontológica que ajuda a entender melhor a história da vida na Terra, fornecendo uma visão da evolução de fungos e plantas na transição de ambientes aquáticos para terrestres.

 
A Chapada do Araripe
Créditos: Allan Patrick Flickr Creative Commons

Os fungos desempenham um papel crucial na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas 

Os fungos desempenham um papel crucial nos ecossistemas como decompositores, em especial os fungos filamentosos, que têm a capacidade de quebrar a matéria orgânica morta em nutrientes e contribuindo para a ciclagem desses nutrientes no ecossistema. Além disso, os fungos estabelecem uma relação de troca com diversas plantas e animais, sendo que as micorrizas são um exemplo importante dessa interação. Essas trocas são fundamentais para a sobrevivência dessas espécies.

Assim, estas trocas podem ser mutualísticas, em que ambos os organismos se beneficiam, ou parasitárias, em que apenas o fungo se beneficia. Uma das relações mutualísticas mais conhecidas é a relação entre fungos e plantas, em que o fungo fornece nutrientes e água para a planta em troca de açúcares produzidos pela fotossíntese da planta. Dessa forma, essa relação é fundamental para a sobrevivência de muitas plantas em ambientes terrestres desafiadores, como solos pobres em nutrientes.

Sem a ação dos fungos, o acúmulo de matéria orgânica morta poderia sufocar o ecossistema e impedir a ciclagem de nutrientes, levando à morte de muitas espécies. Por isso, é importante entender e valorizar o papel dos fungos nos ecossistemas e garantir sua preservação.

Os benefícios da pesquisa em fungos para a indústria e o meio ambiente

Os fungos também são uma fonte rica de alimentos e nutrientes. Muitas espécies de cogumelos são consumidas em todo o mundo, e algumas delas possuem propriedades medicinais. Além disso, os fungos têm um papel importante na indústria alimentícia, como no caso das leveduras utilizadas na produção de pães, queijos, vinhos e cervejas. Além de serem uma fonte importante de proteínas e vitaminas.

A pesquisa científica sobre os fungos está em constante evolução, revelando novas espécies, funções e possibilidades de uso. Alguns estudos recentes mostraram que os fungos são capazes de degradar plásticos, o que pode ajudar na solução de um dos maiores problemas ambientais do mundo.

E porque estamos falando de fungos?

Primeiramente, por um motivo razoavelmente óbvio: o Reino dos Fungos é absolutamente fascinante! Além disso, é pouco explorado desempenha um papel crucial na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas. Os fungos são importantes decompositores e têm uma relação de trocas com muitas plantas e animais. Também são fonte de alimentos, medicamentos, enzimas e vitaminas. A pesquisa científica sobre os fungos está em constante evolução e traz novas possibilidades de uso todos os dias!

A partir de hoje, o LEBIMO – Laboratório de Enzimologia e Biologia Molecular de Microrganismos – vai trazer informações científicas e nosso cotidiano de pesquisas sobre fungos aqui no Blog do EMRC! Por enquanto, foi só uma apresentação breve sobre este mundo incrível de fungos, mas têm muito mais vindo por aí!

Por fim, se você quiser saber mais sobre os fungos, além dos textos do laboratório aqui no EMRC, siga-nos nas redes sociais e fique por dentro das últimas notícias e pesquisas. E não se esqueça de compartilhar essas informações com seus amigos e familiares!

Para saber mais:

Andrade, RO (2017) Fóssil de cogumelo mais antigo do mundo é achado no Brasil, Pesquisa Fapesp

Janbon, J, Quintin, F, Lanternier, C, D’Enfert (2019) Studying fungal pathogens of humans and fungal infections: fungal diversity and diversity of approaches, Microbes Infect, 21 (5–6), pp 237-245

Outros textos do EMRC:

O que é EMRC?

O Autor

Everton Paschoal Antoniel é Bioquímico e mestre em bioquímica pela UNICAMP. Atualmente faz doutorado no LEBIMO, no Programa de Pós-Graduação em Biologia Molecular e Morfofuncional e trabalha com a produção de enzimas recombinantes em fungos filamentosos.

Observações: imagem de destaque do texto gerado por Inteligência Artificial

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