>Sempre cabe mais um?

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Anotem em suas agendas mais uma data para o fim do mundo (já que 2012 deve falhar mesmo). O último dia será 13 de novembro de 2026. Pelo menos essa é a previsão que foi feita pelo austríaco Heinz von Förster, um dos pioneiros da ciência cibernética.
A previsão foi publicada numa edição de 1960 da conceituada revista Science. Segundo os cálculos, naquela data a população humana alcançaria o infinito.
Ele podia estar brincando, mas…

Mas havia um fundo de verdade nessa história. Até hoje, o crescimento populacional não foi seriamente inibido em qualquer sociedade humana. Nossas sociedades adaptaram-se, criaram tecnologias para sustentar as crescentes multidões, de onde saem cada vez mais cientistas, que criam cada vez mais avanços tecnoloógicos e assim por diante.
A equação de Förster conta com dados de 25 fontes e cobria o período entre o (suposto) nascimento de Jesus e 1958. Ele previra que o intervalo de tempo que a população leva para dobrar estava caindo cada vez mais, se aproximaria de zero e o intervalo se tornaria nulo em 2026. Suas previsões foram razoavelmente acuradas, mas apenas até 1973.
Evidentemente, o cientista austríaco desprezou possíveis catástrofes naturais de grande magnitude, desconsiderou a fome e a miséria dos países subdesenvolvidos e, mesmo no auge da Guerra Fria, descartou qualquer possibilidade de uma guerra nuclear (o que, em parte, pode ser considerado um acerto). Förster também não poderia imaginar o impacto de epidemias como o ebola, as pandemias de gripe e, principalmente, a aids e seus 25 milhões de mortos.
Além de tudo isso, o austríaco esqueceu-se de um detalhe importante: a pressão ambiental sempre limita o crescimento populacional a um valor máximo. Em alguns casos — como o das bactérias e formigas, por exemplo — o tamanho da população capaz de viver em equilíbrio pode parecer monumental, mas nem de longe se aproxima do infinito. Se isso já ocorre com criaturas simples e pequenas, por que o efeito sobre seres humanos complexos e com um comportamento muitas vezes predativo poderia ser desprezado?
Förster errou — e foi um erro grosseiro — por que prendeu-se apenas aos aspectos matemáticos da demografia; ele levou o malthusianismo às últimas consequências, mas não levou em conta dados sociais, econômicos e, principalmente, ambientais. Ainda assim, o erro hiperbólico de Förster serve como um forte argumento contra aqueles que não se importam com o controle demográfico e desprezam o planejamento familiar — muitas vezes embasados em razões religiosas.
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