>Correio Aéreo Subterrâneo

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Quando um jovem de Manhattan escreve uma carta para sua garota, que mora no Brooklyn, ele manda a carta para ela através de um tubo pneumático — pffft. — E.B. White, Here Is New York [Nova York é Aqui], 1949

O sistema de tubos pneumáticos já foi uma parte essencial da vida de Nova York. Cilindros contendo cartas, pacotes — e, em pelo menos uma oportunidade, um gatinho vivo — eram transportados através de tubos de ar comprimido, a uma velocidade de até 35 milhas [56km] por hora. Esses tubos cruzavam toda a cidade, do Harlem ao Lower East Side; da Canal Street ao Planetarium e até mesmo de Manhattan para o Brooklyn.
Posto em operação em 1897 pela American Pneumatic Service Company, o sistema tinha 27 milhas [43km] de extensão e ligava 22 agências do correio em Manhattan entre si e ao Correio Geral no Brooklyn. Os canos ficavam entre 1,20m e 3,60m abaixo do nível do solo. Em alguns pontos, feixes com 4, 5 ou até 6 linhas acompanhavam os túneis do metrô. No auge de sua operação, o sistema pneumático carregava cerca de 95.000 cartas por dia — o que representava 1/3 de toda a correspondência que circulava diariamente por Nova York.
“Eu ainda me lembro daquelas latas que saíam do tubo”, diz Natham Halpern, um funcionário veterano dos correios. “Eles chegavam a cada minuto mais ou menos e quando chagavam, estavam um pouco quentes e com uma leve camada de óleo.”

As latas poderiam ser largas o suficiente para transportar livros, pequenos pacotes e até gatinhos.

Em certa ocasião, os tubos transportaram não uma simples carta, mas um gato vivo. “Os funcionários dos correios pareciam tão fascinados com aquele mágico sistema de tubos quanto qualquer um. Certa vez eles até enviaram um pobre gato através dos tubos da cidade.” — conta Joseph H. Cohen, historiador do New York City Post Office. — “Ele chegou um pouco atordoado, mas chegou.”
Mas o sistema de correio a ar comprimido de Nova York não duraria para sempre. A manutenção dos tubos era cara e, apesar dos números, o serviço de entrega era bastante limitado. Após a virada do século outra maravilha apareceu para facilitar as entregas: o caminhão motorizado. Embora a maior parte das cidades tenha fechado seus sistemas pneumáticos por volta de 1918, Nova York continuou usando os seus tubos até 1º. de dezembro de 1953 (Praga foi uma exceção: inaugurado pouco depois dos tubos de NY, o sistema pneumático da capital tcheca continuou em funcionamento até 2002, quando foi seriamente danificado por uma inundação). Os tubos de Nova York resistiram em parte por causa da alta densidade populacional e em parte por causa do lobby das empresas envolvidas. Na verdade, o serviço só seria interrompido para uma revisão de contrato, mas acabou sendo abandonado mesmo.
Uma caixa de correio a ar: facilidade da entrega em edifícios era uma grande vantagem

O tubo pneumático que passava pela ponte do Brooklyn foi removido durante uma reforma ainda nos anos 1950. Desde então, os tubos sibilantes de toda a cidade caíram em silêncio. Até os edifícios que tinham seu próprio sistema, como o Waldorf Astoria, acabaram adotando substituindo-os em favor de novos meios de comunicação.

Mas há um lugar de Nova York onde esses maravilhosos tubos ainda são mais ágeis que seus sucessores eletrônicos: a seção de Humanidades e Ciências Sociais da Biblioteca de Nova York. Quando alguém entrega um pedido para o bibliotecário, ele é enviado por via pneumática e desce sete andares até o depósito de livros no subsolo. O pedido é recebido, o livro é localizado, retirado e enviado para cima por outro tubo.

Terminais pneumáticos da Biblioteca de Nova York

O velho sistema a ar comprimido da seção de Humanidades e Ciências Sociais sempre funcionou tão bem que um novo sistema foi instalado na Biblioteca de Negócios, Ciência e Indústria da Madison Avenue em 1998.
Mesmo em desuso, as tubulações pneumáticas de Nova York podem voltar à ativa e fazer um serviço muito similar ao do passado: transportar informação. O empresário Randolph Stark planeja passar linhas de fibra ótica por dentro dos tubos. “Mesmo que apenas uma pequena parte desses tubos ainda exista”, diz ele, “esse é um negócio muito valioso.”
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  • Raimundo Nonat dos Santos

    Eu pensava que era à vácuo.É a nossa Engenharia se manifestando.Eu acho que os jornais também eram distribuídos assim.Devia-se prestigiar este método de transporte.

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