A Galáxia-Esmeralda

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Galáxias são imensas jóias formadas por bilhões e bilhões de estrelas e sistemas solares que geralmente orbitam em torno de um ponto central, que costuma abrigar um grande buraco-negro. Por isso mesmo, essas jóias cósmicas quase sempre têm uma forma visivelmente redonda, espiral, discoide, oval ou globular. Ou seja, de coisas que giram. Como exceção, há as galáxias irregulares.

Mas  LEDA 074886 é a exceção das exceções — tem uma forma retangular com os cantos arredondados, como uma esmeralda. “É uma dessas coisas que te faz sorrir porque não deveria existir ou, pelo menos, você não espera que exista”, disse o Professor-Associado Allister Graham da Swinburne University of Technology (SUT), na Austrália.

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Nesta imagem em cores falsas, os pesquisadores ressaltam o disco de estrelas jovens que se formou no centro da galáxia. (crédito: Dr. Lee Spitler, Swinburne University of Technology, Australia)

A gema galáctica não só era inesperada, como foi descoberta totalmente por acaso. Coordenada pelo astrofísico australiano Prof. Graham, uma equipe internacional — formada por pesquisadores australianos, suíços, finlandeses e alemães — encontrou a LEDA 074886 em uma grande imagem do telescópio japonês Subaru enquanto buscava galáxias globulares em torno da galáxia gigante NGC 1407. A princípio o que chamou a atenção dos astrônomos não foi o formato e sim a pequenez da LEDA 074886, que tem 50 vezes menos estrelas que a Via-Láctea. Situada na direção da constelação Eridanus, a 70 milhões de anos-luz da Terra, é uma galáxia-anã.

No paper sobre a descoberta, Graham et. al. tentam explicar a forma da “galáxia-esmeralda”, expressão que usam para descrevê-la. Uma das explicações é que essa galáxia-anã teria rotação cilindríca mas está alinhada de tal forma que só vemos sua face lateral, o que parece retangular.

No entanto, a hipótese mais provável, segundo o artigo, é que esse incomum formato retangular se deve a um processo de colisão entre duas galáxias (uma esferoide e uma discóide ou ambas discóides). Duncan Forbes, co-autor australiano, explica: “Uma possibilidade é que a galáxia tenha se formado a partir da colisão de duas galáxias espirais. Enquanto as estrelas pré-existentes nas galáxias iniciais foram lançadas em largas órbitas que criaram a forma de esmeralda, o gás afundou para o plano mediano, onde se condensou para formar novas estrelas e o disco que nós observamos.”

O que estamos vendo, portanto, é apenas uma parte de um longo e caótico processo de reorganização das estrelas (e planetas?) envolvidos. Depois de alguns milhões (ou bilhões) de anos de convulsão, a galáxia-esmeralda deve começar a mostrar uma aparência mais familiar.

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