O Rei-Troll

Nos primeiros dias de seu longo reinado de 72 anos sobre a França, o Rei-Sol se divertiu trollando like a Sire a finesse de sua corte:

Eu preciso te contar uma historinha que é bastante verdadeira e vai te divertir. O Rei [Luís XIV] dedicou-se recentemente a escrever versos. Os Messieurs de Saint-Aignan e Dangeau ensinaram-no como rimar. Outro dia, ele escreveu um pequeno madrigal que ele mesmo não considerou muito. Numa manhã, ele disse ao Maréchale de Gramont: “Monsieur le Maréchale, vós podíeis ter a gentileza de ler esse pequeno madrigal e verificar se vós já vísseis algo tão sem sentido? Só porque é notório que eu recentemente passei a gostar de versos, as pessoas me entregam [versos] de todos os tipos.” Após fazer a leitura, o Marechal disse: “Sire, sua Majestade é um juiz inspirado em todas as coisas e é verdade que este é o mais ridículo e idiota madrigal que jamais li.” O Rei explodiu em risos e disse: “Não é verdade que quem quer que o tenha escrito é um animal convencido?” “Sire, ele não poderia ser chamado de outra forma.” “Excelente”, disse o Rei, “estou muito agradecido que tenhas falado tão francamente, pois eu mesmo o escrevi.” “Oh, Sire, que traição! Sua Majestade poderia me devolvê-lo, eu apenas dei uma olhada muito rápida.” “Não, Monsieur le Maréchale. As primeiras impressões são as mais naturais.” O Rei riu bastante deste truque, mas todo mundo pensa que é a coisa mais cruel que se pode fazer a um velho cortesão. Pessoalmente, eu sempre gosto de refletir sobre as coisas e gostaria que o Rei pensasse sobre esse exemplo e concluísse o quão longe está de vir a aprender a verdade. — Carta de Marie de Rabutin-Chantal, Madame de Sévigné a Simon Arnauld, Marquês de Pompone, 1º. de dezembro de 1664.

Famosa por suas missivas, a Mme. de Sévingné é uma espécie de colunista social da França absolutista. Na época da carta, Arnauld estava em desgraça e ainda não era marquês. Poucos meses mais tarde, talvez graças ao bom-humor do Rei-Troll, sua sorte mudou e ele foi designado diplomata, sendo representante francês na Suécia e na Holanda e eventualmente chegando a Secretário de Estado.

Em tempo: talvez tenha sido mais ou menos nessa época que um poeta trollou Luís XIV.

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