Patentes Patéticas (nº. 139)

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Quando chega o aniversário de alguém e você não conseguiu comprar aquele presente bacana — ou, sinceramente, se esqueceu completamente do presente —, você tem duas opções: dar um bolo ou dar uma grana de presente. Se você acompanha esta série há algum tempo, pode ainda se lembrar do sempre útil apagador de velas de aniversário ou mesmo de dar um aniversário de presente.

Mas se você realmente quiser surpreender seu aniversariante, pode dar-lhe um bolo de dinheiro. Não seria apenas um monte de notas amassadas e sujas recém-sacadas da bagunça do seu próprio bolso. É literalmente tirar o dinheiro do próprio bolso bolo, com a ajuda de um

Aparato de bolo de dinheiro […] que dá a aparência de notas de dinheiro sendo puxadas de um bolo de aniversário. Este aparato compreende uma base oca com uma ou mais extensões bocais com extremidades abertas, que projetam-se para cima do topo da base. Um bolo é montado sobre a base após ter buracos cortados nele para acomodar as extensões bocais. Na versão preferida, uma tira de plástico cristalina ou trasparente com compartimentos individuais adjacentes atua como meio para extrair o papel-moeda da base oca através das extensões bocais. As notas são colocadas em cada compartimento [plástico] e protegidas de detritos do bolo ou gelo à medida que cada nota é puxada, uma a uma, do aparato de bolo de dinheiro.

Não precisamos ir muito além deste resumo. As tiras de invólucro plástico com recheio papel-moeda podem ficar soltas ou enroladas tal como um rolo papel-higiênico no interior da base. Pode haver um ou dois bocais (para gêmeos) e até bocais articulados. O mecanismo pode ser usado em bolos de aniversário ou casamento.

Independente da engenhosidade de algumas variações, é um truque relativamente barato o inventado por Eleanor Gallegos Lee e seu filho (ou seria marido?) Edmund Y. Lee (ambos de Antelope, Califórnia) em colaboração com Maryann Vigil Martinez (de Española, Novo México). Como é relativamente fácil de ser copiado, o truque de Lee, Lee & Martinez foi devidamente patenteado. O pedido de patente deu entrada em 22 de novembro de 1996 e havia acabado de completar dois aniversários ao ser aprovado em 1º. de dezembro de 1998, sob nº. 5.843.551 [pdf].

Curiosamente, a patente ainda é válida, pois D. Eleanor (ou seus sucessores) não deixou de pagar as taxas de manutenção nos últimos anos. Mas isso não quer dizer que este briquedo culinário-natalício seja um sucesso de vendas e a conta dos inventores esteja recheada de royalties. D. Eleanor — que provavelmente foi uma doceira muito criativa — deve ter continuado a fazer bolos de aniversário ou casamento pelo resto de sua vida.

Com ou sem royalties lucrativos, este é um bom exemplo de que patentear algo não garante a proteção da ideia. Em vez de ganhar dinheiro com bolos de dinheiro, D. Eleanor entregou a receita de seu money cake ao patenteá-lo. Com uma simples olhada na patente, percebemos que não é preciso muito para burlar a versão patenteada: basta uma assadeira ou fôrma com uma fresta (facilmente improvisável), um bolo com uma fresta alinhada com a da assadeira-base, envelopes plásticos (talvez grampeados) e notas de dinheiro para surpreender o aniversariante com um money cake. Talvez nem isso, se a gente simplesmente cortar o bolo e espalhar os invólucros plásticos com dinheiro como recheio da massa (isso exige algum cuidado ao cortar).

Ou você pode simplesmente prometer um recheio de dinheiro vivo e colocar notas falsas. The (money) cake is a lie.

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