Uns bons drink das antigas

Os professores de magia antiga bem como moderna encontraram poderosos auxiliares nas drogas soporíficas e nas bebidas inebriantes que desarranjam os estados físicos e mentais do homem. As águas de Lethe e a beberagem de Mnemósine, que matou Timócrates em três meses depois de ele dar um trago na caverna de Tophonius, são exemplos dos drinques soporíficos e estupefacientes dos antigos. O Nepenthes, de Homero; o Hyoscyamus Datura, o Solanum, o Potomantis, o Gelatophyllis, e o Achaemenis, de Plínio; a Ophiusia dos etíopes e o Muchamore de Kamtschatka, são todos instrumentos de degradação física e intelectual. Diz-se que nos tempos das Cruzadas um Velho da Montanha encantava seus joviais seguidores por meio de narcóticos extasiantes. A viúva hindu, que deve ascender à pira mortuária [do marido] fisica e moralmente, fortifica-se assim contra a dor. As vítimas da Inquisição, igualmente preparadas, eram vistas frequentemente desacordadas em meio aos seus tormentos. Por fim, M. Taboureau nos assegura que carcereiros misericordiosos faziam seus prisioneiros engolir sabão dissolvido em água para suportar as agonias das torturas. — John Timbs, Things not Generally Known, Familiarly Explained. A book for old and young [Coisas pouco conhecidas ordinariamente, com explicações familiares. Um livro para jovens e velhos] 11a. edição. Londres: Lockwood & Co., 1867. p. 112

Em The occult Sciences, o autor francês Eusèbe Salverte dá mais alguns detalhes de algumas dessas drogas da Antiguidade. Ele diz, por exemplo, que o Nepente poderia ter sido algum tipo de maconha, provavelmente Cannabis sativa. Citando Dioscórides, Salverte afirma que o Solanum era “uma raiz que se consome com vinho, numa dose de um dracma, e que preeenche a imaginação com as mais deliciosas ilusões.” Também consumida com vinho, a Achaemenis seria uma raiz que “atormenta os culpados a noite inteira”, forçando os criminosos a confessar seus crimes perante as autoridades. Sobre o Potamantis e o Gelatophylis, diz Salverte:

O Potamantis, ou Thalasseglé, diz Plínio [Hist. Nat. lib. XXIV, cap. XVII], cresce nos barrancos do Indus e a Gelatophyllis, próxima de Báctria. Os sucos extraídos de ambas essas plantas produzem delírio, sendo que aquele causa visões extraordinárias enquanto este excita uma risada contínua. Um age de maneira similar à beberagem de Hyosciamus de Forskal, outro como as sementes de Datura. Outras composições ocultam virtudes ainda mais úteis para os milagreiros. — Eusèbe Salverte, The occult Sciences: The Philosophy of Magic, Prodigies and apparent Miracles [As Ciências Ocultas: a filosofia da mágica, dos prodígios e aparentes milagres], vol. 2, 1846, p. 13.

Por fim, em outro trecho, o autor francês esclarece que o Muchamore seria um fungo de origem siberiana que “se consumido seco ou infundido em álcool e bebido, pode levar à morte, mas sempre produz profundo delírio, às vezes alegre, às vezes repleto de tristeza e terror.”

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