O geólogo autômato

Jller

Não é fácil trabalhar com a geologia dos rios. Recolher as amostras é simples: bastam algumas pedras ou seixos extraídos dos leito de um rio. Analisá-las, determinando sua idade e composição, é algo bem mais delicado — e lento, muito lento. Se for preciso organizar as pedras segundo esses critérios, então, o trabalho vai demorar a ser concluído. “Não seria bom se isso pudesse ser automatizado?”, pensa o cansado geólogo encarregado dessa tarefa.

Pode descansar, geólogo. Já existe uma máquina dessas — e ela não é resultado de um projeto de engenharia. Fruto da colaboração entre dois artistas, o checo Prokop Bartonícek e o alemão Benjamin Maus, ela se chama Jller (nome de um rio alemão de onde vem suas pedrinhas). Interessados tanto em automação industrial quanto em geologia histórica, Bartonícek e Maus criaram uma máquina que

trabalha com um sistema de visão computadorizado que processa as imagens das pedras e mapeia sua localização numa plataforma durante todo o processo de organização. As informações extraídas de cada pedra são a cor predominante, a composição das cores e histogramas de caracteres estruturais, como linhas, camadas, padrões, granulação e textura superficial. Esses dados são usados para colocar as pedras em categorias pré-definidas. Essas categorias representam o espectro de pedras que podem ser encontradas em determinado rio e correspondem diretamente à idade da pedra. Elas [as categorias] resultam de um sistema de classificação treinado por conjuntos de pedras selecionados e rotulados manualmente. Como há apenas um número limitado de tipos de pedras que pode ser encontrado em determinado rio, esse sistema se mostra bastante preciso. As pedras são coletadas por uma garra industrial a vácuo, que pode girá-la ao redor de seu eixo. Desse modo, as pedras também podem ser alinhadas.

Enquanto a Jller seleciona, categoriza, ordena e coloca cada pedrinha em seu devido lugar, nosso cansado geólogo pode puxar uma cadeira e tomar um café ao som de uma música relaxante. No entanto, como foi criada como obra de arte cinética, a máquina ordenadora de pedrinhas só pôde ser vista no museu Ex Post, em Praga, onde foi parte da exposição Ignorance em 2015. É possível ver imagens da máquina/geólogo/obra de arte no Instagram de Bartonícek. Ou no vídeo a seguir:

Pobre geólogo… Melhor voltar logo ao entediante trabalho de catalogação — antes que perca o emprego para um robô.

[via Laughing Squid]

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