Pegar um assassino com as mãos sujas de sangue é fácil. Difícil é descobrir a identidade de um suspeito de assassinato a partir de um cadáver ensanguentado. Houve uma época em que também se usava o sangue da própria vítima para isso:
Entre as provas de culpa naquela época supersticiosa [a Idade Média] estava a do sangramento do cadáver. Acreditava-se que o toque ou a aproximação do assassino fazia sair o sangue do assassinado. Assim, se fosse observada a menor mudança nos olhos, boca, pés ou mãos do cadáver, conjecturava-se que o assassino estava presente e muitos espectadores inocentes devem ter sido condenados à morte. […] Essa prática já foi permitida na Inglaterra e ainda é observada em alguns reinos incivilizados, onde serve como meio de detecção de criminosos. — D’ISRAELI, Isaac. Curiosities of Literature [Curiosidades da Literatura], Vol. I. Paris: Baudry’s European Library, 1835. p. 136.
Não há nenhum embasamento criminalístico para esse procedimento supersticioso. Como lembra D’Israeli, há uma explicação científica para o fenômeno: “Quando um corpo está cheio de sangue, aquecido por um calor externo e súbito e pela aproximação da putrefação, alguns vasos sanguíneos ser romperão, como sempre acontece”. Isso acontece quer o assassino esteja por perto, quer não.