Por dentro da URSS: reforma ministerial

Neste cartão-postal (sem data), edifícios ministeriais situados no centro de Moscou formam a sigla da União Soviética.
Neste cartão-postal (sem data), edifícios ministeriais iluminados no centro de Moscou formam a sigla da União Soviética.

O Conselho de Ministros, antes das reformas de Kruchtchev, em 1957, constituía um órgão extraordinariamente amplo e lerdo, com nada menos de 51 ministérios e dezenas de órgãos subordinados. Trinta e seis dos cinquenta e um eram ministérios industriais; era como se, nos Estados Unidos, as indústrias de automóveis, de maquinaria elétrica, de madeira, de construção, de alimentação e uma infinidade de outras fossem administradas exclusivamente por Washington, por membros do gabinete. Houve (na União Soviética) um Ministério da Carne e dos Laticínios, um Ministério para a Construção de Empresas Petrolíferas, um Ministério da Fabricação de Instrumentos e Equipamentos Automáticos, ministérios do peixe, da construção de máquinas rodoviárias, do beneficiamento de madeira e assim indefinidamente. Kruchtchev aboliu a maior parte desses ministérios industriais e hoje o Conselho de Ministros se assemelha aos gabinetes da Europa Ocidental. Atualmente, existem 24 ministérios em vez de 51. Mas subsistem algumas singularidades. Ainda há o Ministério da Geologia e Conservação de Recursos, bem como o da Construção de Máquinas (que dirige os assuntos nucleares), o de Cereais e o das Centrais Elétricas. — GUNTHER, John. A Rússia por dentro. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1959. p. 211

A reforma ministerial de Kruchthev foi uma tentativa de descentralização da economia soviética, sobretudo no setor industrial. Com a extinção dos ministérios especializados, centenas a milhares de fábricas passaram a ser geridas de maneira autônoma ou semi-autônoma sob os sovnarkhoz, órgãos de controle dos governos regionais. Inicialmente a URSS foi dividia em 105 zonas econômicas regionais, mas mais tarde esse número foi reduzido a 47.

No entanto, essa estrutura ministerial durou pouco: muitos dos antigos ministérios foram recriados após a ascensão de Leonid Brejnev à liderança do Partido Comunista em 1964. Isso se deu não apenas por motivos políticos, mas também econômicos: a descentralização experimentada nos anos 1950 não trouxe os frutos esperados e, em vez disso, resultou em problemas de produtividade causados por falhas na comunicação entre as milhares de indústrias e o consequente desencontro entre elas, seus planejadores e seus fornecedores. Uma tentativa mais tímida de descentralização foi feita nos anos seguintes, mas dessa vez falhou por ser conservadora demais. O período de estagnação enfrentado a partir dos anos 1970 pode ser visto como resultado do fracasso dessas reformas econômicas.

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