![Atividade vulcânica deu uma densa - porém efêmera - atmosfera à Lua há 3,5 bilhões de anos. [Imagem: NASA/divulgação]](http://cdn.sci-news.com/images/2017/10/image_5346-Lunar-Atmosphere.jpg)
Uma das primeiras coisas que aprendemos sobre a Lua na escola é que lá não dá pra respirar porque não tem atmosfera. Mas nem sempre foi assim: a Lua teve uma camada de ar, ainda que irrespirável.
Descobrir a história geológica (ou melhor, selenológica) do nosso satélite natural foi um dos principais objetivos do projeto Apollo. Quase meio século depois de recolhidas, amostras lunares continuam nos revelando o passado do nossa companheira noturna. Entre essas amostras estão pedras basálticas que foram estudadas recentemente pela Dra. Debra Needham e o Dr. David Kring, vulcanologistas planetários da NASA.
Como na Terra, o basalto lunar é uma rocha de origem vulcânica e sua cor escura forma as áreas conhecidas como mares. Sua análise revela quando e como ocorreram erupções. Mais do que saber isso, Needham e Kring queriam descobrir quais foram os gases emitidos pelos vulcões da Lua. O que os dois descobriram “muda completamente o modo como pensamos na Lua. Ela se torna um corpo planetário muito mais dinâmico para se explorar”, disse Needham em comunicado ao Sci-News.
Quem visitasse a Lua há cerca de 3,5 bilhões de anos encontraria uma réplica da Terra da mesma época: um ambiente hostil, com uma intensa atividade vulcânica e uma atmosfera densa e fumacenta, composta de monóxido de carbono, enxofre e água. Essa é a conclusão das análises feitas por Needham e Kring, publicada em artigo a ser publicado na Earth and Planetary Science Letters, mas já disponibilizado on-line.
De acordo com o estudo, as erupções vulcânicas geraram 10¹⁹ gramas de matéria volátil na superfície lunar. Foi o bastante para formar uma atmosfera 1,5 vez mais densa do que a que existe hoje em Marte. Então onde foi parar o ar da Lua e como ela se tornou o deserto estéril que é hoje?
Apesar de densa, a atmosfera lunar não durou muito: em apenas 70 milhões de anos, a Lua ficou sem ar. Um dos motivos é que nosso satélite natural não tem um campo magnético, que teria protegido a atmosfera da varredura dos ventos solares. Além disso, a gravidade lunar é menor e tem menos poder de reter gases. Ainda assim, nem tudo teria sido perdido para o espaço.
Segundo os autores da pesquisa, é possível que uma pequena parte da atmosfera lunar tenha sido reabsorvida pelo solo. Isso explicaria, por exemplo, a existência de depósitos de água encontrados nos polos da Lua nos últimos anos. Mesmo que uma fração tão pequena como 0,1% da água lunar tenha sido retida, estima-se que esse volume seria o bastante para sustentar algumas missões tripuladas de longa duração. Meio século mais tarde, esse é um bom motivo para voltarmos à Lua.
Referência
Debra H. Needham & David A. Kring. Lunar volcanism produced a transient atmosphere around the ancient Moon [Vulcanismo lunar produziu uma atmosfera temporária ao redor da antiga Lua]. Earth and Planetary Science Letters 478: 175-178. 2017. DOI: 10.1016/j.epsl.2017.09.002
Erivelton José de Oliveira
Me digam uma coisa: Ao sairmos da atmosfera da terra não vamos mais encontrar atmosfera no espaço sideral. Correto!Então por não existir atmosfera no vácuo, então dali pra lá veremos o céu totalmente escuro a não ser ver a claridade das estrelas, da lua e o azul do nosso planeta terra, como se fosse numa noite de céu estrelado. Estou raciocinando corretamente ou ainda veremos o céu claro mesmo saindo da atmosfera terrestre?
Renato Pincelli
Não sei qual o motivo do seu raciocínio, Erivelton, mas ele está basicamente correto.
Ao sair do planeta, o que se observa é um céu escuro como o da noite, mas não necessariamente uma noite estrelada. Como o sol ainda está próximo, enxergar a maioria das estrelas seria difícil por causa da luz solar. Então o que acontece nas vizinhanças da Terra é um céu escuro mas com uma iluminação difusa, algo parecido com o que vemos pouco depois do anoitecer ou numa noite em que a lua fica coberta por nuvens. Para vermos um céu realmente escuro (e provavelmente muito estrelado), seria necessário se afastar muitíssimo tanto da Terra quanto do Sol.
Joca Gil
Sim, está correto. Mas em outros planetas e exoplanetas, você veria o céu claro , assim como na Terra, mas com cores e tons diferentes. É só vc buscar imagens do " por-do-Sol " visto de Marte, que vc verá que ao invés de azul, o céu marciano é laranja, e o sol quase branco, como ele realmente é. Estas imagens são reais, enviadas do solo marciano pelas sondas da Nasa.
JoCa Gil
https://mars.nasa.gov/system/resources/detail_files/5300_5_PIA07997_A_Martian_Sunset-full2.jpg
Céu marciano e por-do-Sol visto de Marte