32 – Racismo ambiental e racismo energético
Vocês já ouviram falar no termo racismo ambiental?
Certamente vocês ouviram falar no racismo, certo? E se sim, sabe que é um conceito que visa a exclusão de um grupo, no caso dos negros. Da mesma forma que existem varias formas de propagação do racismo, como o racismo estrutural, por exemplo.
E o racismo ambiental?
Racismo ambiental é um racismo relacionado a políticas públicas. Em outras palavras, um grupo minoritário é afetado por políticas publicas (principalmente ambientais) que prejudicam a sua vivencia em um determinado lugar. Como por exemplo, a liberação de dejetos em comunidades mais pobres, sendo estes provindos de atividade industrial urbana. Logo, este é um racismo no qual comunidades são excluídas de políticas publicas que visam o seu benefício.
Da pra supor que também existe racismo energético?
Considerando a definição de racismo ambiental, é possível deduzir que existe um racismo energético? Pois se existe exclusão por parte de um meio-ambiente justo para grupos específicos, também pode existir exclusão de uma política energética justa para esses mesmos grupos.
Um exemplo seria a acessibilidade quanto a fontes renováveis. A energia solar já é considerada uma energia cara por muitos, em especial a sua aquisição. Logo, pessoas que tem uma melhor condição financeira podem obter essa energia com mais facilidade. Sem falar que o uso dela pode reduzir a sua conta de luz, diferentemente das pessoas com baixo acesso a esta energia.
Outro exemplo seria quanto a iluminação. Se você já passou perto de uma comunidade carente, viu que a iluminação do lugar é muito precária. Da mesma forma que raramente as casas dessas comunidades possuem um ar condicionado para ser ligado durante o calor, diferentemente de regiões mais luxuosas. Logo, a definição de racismo energético pode incluir a questão da distribuição de energia elétrica (em várias formas, como iluminação) nestas regiões, uma vez que ela é desigual em comparação à uma cidade grande.
Finalmente, o racismo energético pode estar conectado com o atual racismo ambiental. Um exemplo seria a construção de usinas hidrelétricas em áreas as quais há a existência de índios, ou outros povos nativos. Isto pois os rejeitos da construção irão impactar diretamente sua comunidade. Estendendo este racismo ambiental para o racismo energético, pode-se dizer que estão construindo uma fonte de energia nas quais comunidades locais podem não se beneficiar (caso na comunidade não haja luz ou até mesmo a possibilidade de instalação de rede elétrica), da mesma forma que ela impede a obtenção de alimentos (recursos energéticos) para sua sustentabilidade.
Lembrando que isto é uma discussão em torno do que ele poderia significar, de forma a instigar o pensamento crítico quanto a políticas energéticas e ambientais.
Conclusão
No final deste texto haverão dois artigos que discutem o racismo ambiental [1][2]. Talvez você possa aprofundar mais, inclusive sobre esta discussão sobre um provável racismo energético.
Será que você, leitor, é capaz de buscar alternativas para solucionar tanto o racismo ambiental, quanto o energético?
Referências
[1] SILVA, Lays Helena Paes e, Ambiente e justiça: sobre a utilidade do conceito de racismo ambiental no contexto brasileiro, e-cadernos CES, n. 17, 2012.
[2] ABREU, Ivy De Souza, Biopolítica e racismo ambiental no Brasil: a exclusão ambiental dos cidadãos, Opinión Jurídica – UNIVERSIDAD DE MEDELLÍN, v. 12, n. 24, p. 87–99, 2013.
Muito legal.