As plantas top models
Se eu pedir pra você me falar o nome de uma top model, e se você tiver entre 25 e 30 anos, provavelmente vai responder Gisele Bündchen. Se eu te perguntar o nome de um super craque do futebol brasileiro, certamente a resposta vai ser Neymar.
Percebem que sempre temos modelos que usamos automaticamente como comparação para respondermos a essas perguntas? Comparamos Gisele Bündchen à todas as outras top models quando dizemos que ela é a mais famosa. Se Neymar é o melhor, é porque comparando-o aos outros jogadores ele se destaca, e assim por diante.
Na ciência não é diferente!
Em estudos com plantas nós também usamos modelos! As plantas modelo!
Elas são chamadas assim porque suas características já foram estudadas a fundo e servem como guia para outros estudos.
A planta modelo mais conhecida é a Arabidopsis thaliana, uma plantinha pequena da mesma família da mostarda. Por seu tamanho reduzido, rápido crescimento e um genoma relativamente pequeno, o sequenciamento completo do seu genoma foi mais fácil, sendo divulgado no ano 2000. Agora, mais importante do que saber quantos genes tem um organismo, é preciso saber como esses genes atuam e quais características produzem.
Genética reversa
Uma maneira de saber como os genes funcionam é interromper sua atividade, através de técnicas moleculares e avaliando o desenvolvimento da planta sem a atuação daquele gene. Estudos desse tipo são chamados de genética reversa e são fundamentais para que se possa entender qual é o papel de um gene específico no desenvolvimento da planta.
Parece estranho avaliar a função de um gene a partir do seu desligamento, mas isso é muito eficiente! Quer saber o quanto a energia elétrica facilita o seu dia-a-dia? Apague a luz!
Além disso, sabendo como um gene funciona em uma planta modelo é possível dizer que genes parecidos vão funcionar da mesma maneira em outras plantas, o que aumenta muito o conhecimento sobre desenvolvimento de espécies que não são fáceis de se cultivar e estudar.
Transgenia
Plantas modelo também são bastante utilizadas para a avaliação de genes candidatos para o melhoramento genético por transgenia. É que em algumas culturas a obtenção de uma planta transgênica pode demorar muito tempo e, avaliar o resultado da atividade de um gene em uma planta modelo pode acelerar – e muito – a obtenção de respostas!
Em citros, por exemplo, leva-se pelo menos 18 meses até que seja possível iniciar os testes para avaliar se o gene inserido na nova planta vai mesmo desempenhar a função esperada.
Em Nicotiana tabacum, outra planta modelo muito utilizada, esse tempo pode cair para 6 meses. Gerar uma planta de tabaco contendo um novo gene é relativamente simples e essas plantas crescem rápido, permitindo que sejam testadas em curto prazo.
Recentemente, pesquisadores demonstraram que é possível confundir as bactéria que causam doenças nas plantas, através da alteração do seu sistema de comunicação, desenvolvendo plantas transgênicas de tabaco contendo o gene da bactéria Xylella fastidiosa, responsável por produzir uma molécula (DSF). Nesses tabacos transgênicos a severidade dos sintomas causados pela bactéria foi menor do que em plantas que não continham o gene. Por meio desses resultados com a planta de tabaco é que foi possível estudar esse mesmo gene nas plantas de citros também, pois já sabíamos que os resultados seriam interessantes.
Escrito por Raquel Caserta Salviatto
2 comentários
Técnicas de biotecnologia ajudam cientistas a "ver" o sistema de alerta de plantas - Profissão Biotec · 22 de setembro de 2018 às 12:07
[…] cálcio. Pesquisadores do Japão utilizaram tecnologias de bioengenharia para rastrear na planta modelo Arabidopsis thaliana a presença e o volume do cálcio em resposta a várias lesões, de ações […]
Descascando a Ciência: As plantas top models · 26 de setembro de 2018 às 23:01
[…] O original você encontra aqui: As plantas top models […]