Um problemão no nosso feijão

Publicado por Descascando a ciência em

Certamente você já escutou em algum momento da sua vida a seguinte frase: “Tem que comer feijão para crescer e ficar bem fortão”. Essa é uma verdade que nossos avós carregam de geração a geração, pois o nosso tão querido feijãozinho é um alimento rico em proteínas, nutrientes e carboidratos.

Talvez o que você não saiba é que o feijão não é tão “fortão” assim. Calma, iremos explicar…

O pé de feijão

O pé de feijão ou mais conhecido como “feijoeiro” é uma planta muito suscetível a doenças, principalmente as causadas por fungos e vírus, o que faz com que a cultura necessite constantemente de grandes quantidades de defensivos agrícolas.

pé de feijão

 

Desde que começamos a cultivar o feijão (Phaseolus vulgaris), o melhoramento genético trabalha para a obtenção de variedades com melhores características nutricionais, e principalmente com resistência as principais doenças, que consequentemente eleva a produção e diminui o preço do feijão quando chega a nossa casa.

Interessante né?!

Mas você já se perguntou como se obtém uma planta de feijão mais resistente?

Bancos de germoplasma

feijão germinandoBasicamente, os principais centros de pesquisa possuem bancos de sementes de feijão vindas do mundo inteiro, inclusive feijoeiros selvagens que não se parecem nadinha com o nosso feijão atual. Esses bancos são conhecidos como “Bancos de Germoplasma” e são de extrema importância, pois neles estão contidas toda a coleção de genes da espécie.

Ou seja, em um Banco de Germoplasma você encontrará feijão das mais diversas cores, tamanhos, formatos e principalmente com diferentes níveis de resistência às mais diversas doenças.

Quando um cientista quer tornar uma variedade comercial de feijão mais resistente a uma determinada doença, o primeiro passo é encontrar no Banco de Germoplasma, plantas de feijão resistentes àquela doença. Às vezes, a variedade que possui os genes de resistência não são tão boas comercialmente, mas através de cruzamentos direcionados, o cientista é capaz de transferir a resistência da variedade selvagem para a comercial.

Mas e quando se trata de uma doença, para a qual não existem plantas resistentes?

O Problemão chamado Mosaico Dourado

Mosca Branca

Mosca Branca

Esse é o caso do PROBLEMÃO citado no título e é conhecido como doença do “Mosaico-Dourado”, causada pelo vírus BGMV (Bean Golden Mosaic Virus).

Os casos dessa doença vêm aumentando graças ao inseto conhecido como mosca branca (Bemisia tabaci), que transmite o vírus para o feijoeiro ao se alimentar da seiva da planta. A doença pode levar a perdas de até 100% da lavoura, e impossibilitando o plantio da cultura em algumas partes do país devido à alta ocorrência da doença.

Mosaico dourado

A doença é caracterizada pelo surgimento de um padrão amarelado nas folhas e por isso o nome “Mosaico-Dourado”. O amarelado nas folhas é resultado da perda da clorofila causada pela infecção viral, diminuindo drasticamente a capacidade fotossintética da planta.

Isso resulta na deformação das vagens e pouco crescimento, levando a uma queda na produtividade. E claro…isso eleva os preços!!!

Pela falta de cultivares resistentes ao vírus, os agricultores necessitam buscar estratégias para o controle da mosca branca. Para isso são utilizados inseticidas químicos, que podem ser prejudiciais a outros insetos, levando a redução da biodiversidade e a contaminação do meio ambiente.

Aí que surge a grande pergunta desse texto:

Como resolver esse PROBLEMÃO?

Por um lado, existe a necessidade de uma produção sustentável do feijão, considerado um alimento base do país, que que movimenta toda uma cadeia produtiva que vai do campo às refeições diárias dos brasileiros, e do outro lado, é preciso preservar a biodiversidade cuidando de insetos chave, como as abelhas! O que fazer??

Agora vem a boa notícia! A ciência brasileira, através do uso de ferramentas de BIOLOGIA MOLECULAR descobriu uma maneira super eficiente de resolver esse PROBLEMÃO.

Ficou curioso? Confira nosso próximo texto.

Escrito por Caléo Almeida

Outras leituras interessantes:

https://www.apsnet.org/publications/phytopathology/backissues/Documents/1990Articles/Phyto80n01_96.PDF

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/04/para-proteger-abelhas-ue-proibe-inseticidas-mais-comuns-na-agricultura.shtml

http://www.blogagrobasf.com.br/noticia?id=578

https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2019/04/16/centenas-de-abelhas-morrem-e-uso-de-agrotoxico-pode-ser-a-causa-em-santa-cruz-da-conceicao.ghtml

http://www.iac.sp.gov.br/publicacoes/agronomico/pdf/53134-37_historia.pdf


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2 comentários

Walter Colli · 26 de maio de 2019 às 12:34

É preciso citar com todas as letras o trabalho do Aragão e a resistência estúpida dos governos, à esquerda e à direita, de adotar o feijão carioca geneticamente modificado com RNAi e que resolve 80% do problema. Há resistências de plantadores de feijão de algumas regiões geográficas e da própria Ministra.

UMA SUPER SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA DO FEIJÃO - Descascando a ciência · 28 de maio de 2019 às 10:10

[…] famosa frase: para todo problema há uma solução! Pois bem, dando continuidade ao primeiro texto, “O PROBLEMÃO DO NOSSO FEIJÃO”, onde contamos sobre da contaminação de um vírus que afeta o feijão nosso de cada dia, iremos […]

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