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O seu jeans é sustentável?

Como eu já disse ser sustentável não é fácil… Descobri por ai que a Casa Versace comprometeu-se a não utilizar mais a areação em seus jeans. Areação pra quem não sabe é um processo de tratamento do jeans que consiste em esfregá-lo na areia. E por que a Casa Versace fez isso? Porque esse método de tratamento tem causado problemas para os trabalhadores que o fazem, essa técnica nada mais é do que o jateamento de areia sob alta pressão no tecido para que ele tenha um aspecto gasto. E isso tem se mostrado bastante insalubre pois durante o jateamento a poeira causada pode provocar nas pessoas uma doença nos pulmões chamada silicose, a mesma causada nas pessoas que trabalhavam na mineração de asbesto.

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A Casa Versace e algumas outras marcas resolveram fazer isso por pressão de uma aliança de organizações  de 15 países europeus chamada Clean Clothing Campaing. Algumas marcas como C&A, Benetton, Gucci, Levi’s entre outras, publicamente já declararam que não utilizam mais esse método em seus jeans, achei formidável! Você pode até assinar o manifesto contra do jeans “assassino” no site deles e ainda ver a lista das marcas que já se declararam contra o uso dessa técnica.
Mas e quando eu não uso jeans de nenhuma dessas marcas, como faz? É só não comprar nenhum jeans que usou a areação… Ok, eu não entendo de moda, será que qualquer jeans com cara de gasto que eu ver usou esse método? E aqui no Brasil será que isso é feito? Ou todo jeans desgastado é importado? Nesse manifesto eles se referem principalmente à Turquia, México e Cambodia. Só lá que fazem isso de forma a prejudicar a saúde de seus trabalhadores?
Alguém que entende de moda e indústria textil saberia me informar?

É, ser sustentável não é só separar seu lixo, andar de bicicleta e comprar produtos orgânicos…

Enquanto isso lá fora…

Adoro quando tenho tempo para colocar meus feeds em dia e eis que encontro no The Greenwashing Blog uma questão sobre garrafas de plástico feitas de matéria-prima vegetal. Olha, e não é que eu falei disso em março no post A embalagem, o lixo e o ciclo de vida?

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Esse blog cita mais 2 outros blogs (um deles com um post de 2009!) perguntando se essa é mesmo uma solução para o problema (seja ele qual for, reciclagem, lixo, água engarrafada, fonte de matéria-prima) ou se não passa apenas de greenwashing da marca dona da água que propagandeia a garrafa com 30% de plástico de origem vegetal (veja que aqui no Brasil nós conseguimos evoluir, nossas garrafas são 100% de origem vegetal!).

Eu já dei a minha opinião a respeito e parece que mais gente pelo mundo também anda questionando as empresas sobre o assunto. E ai, usar matéria-prima renovável é um pequeno passo para uma nova direção ou apenas maquiagem verde?

A dúvida

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Foto: cortesia Andrea Corsi

Esses dias estou a pensar se as poucas coisas que eu acho que faço a favor do meio-ambiente, como consumir menos, por exemplo, realmente faz alguma diferença. De verdade a única diferença que eu tenho sentido é a minha insatisfação e sensação de impotência.

Por exemplo, eu não troco meu telefone celular faz 3 anos, ao longo de 7 anos, tive três aparelhos, 1 está engavetado, meio capenga, mas ainda funcionando, o outro em uso com meu irmão e o atual comigo. Pois bem, até penso em trocar de aparelho, mas eu fico com peso na consciência pois estou substituindo um item que ainda está em funcionamento, e me pergunto se realmente é necessário. Só que ao me redor parece que eu sou a única pessoa que pensa alguma vez antes de trocar seu aparelho celular… As pessoas simplesmente trocam seus aparelhos, por que apareceu um modelo novo mais legal, por que a bateria acabou, por que o atual aparelho tá velho ou por que deu vontade…

Outra coisa, comida… Só eu me privo de comer salmão, cação, frango, aquele sorvete Melona, o Häagen-Dazs e outras tantas coisinhas porque considero a pegada de carbono, ou a biodiversidade, ou o mínimo de respeito aos animais, nao vejo ninguém por ai dizendo que não come camarão por princípios, aliás a única coisa que eu já ouvi alguém dizendo é que não come é foie gras, que convenhamos, não acho que faça parte do prato cotidiano de muitos brasileiros.

Me pergunto: toda essa chatice minha serve pra quê? Para fazer parte do clube das pessoas que se sacrificam em prol de um mundo melhor e não ganham nada com isso? De verdade eu não vou dormir mais feliz por causa disso, nem me sinto uma pessoa que faz alguma diferença no mundo. É, talvez tudo isso seja uma grande bobagem mesmo e eu tô me sacrificando à toa.