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Empresas, melhorem

Outro dia fui num evento da GV-CES chamado: “Análise econômico-financeira em projetos de sustentabilidade”, o objetivo do evento era apresentar 2 estudos de caso em que análises econômico-financeiras foram incorporadas em projetos de sustentabilidade.

Confesso que fiquei frustrada. Se isso tivesse sido apresentado há 10 anos eu teria ficado bastante empolgada, mas usar ferramentas de um sistema falho e cheio de problemas para mensurar algo como serviços ecossistêmicos só me mostra a perpetuação do erro, mas ok se é o que convence esse povo eu posso até engolir, mas por que demoraram tanto para isso? Ou será que resolveram mostrar só agora para as pessoas que sustentabilidade pode ser mensurada em valores econômicos?

Mas além dessa frustração teve outra coisa que me irritou um pouco. Acabei fazendo o comentário lá que considerar o uso de análises econômico-financeiras para projetos de sustentabilidade algo inovador é um tanto atrasado na minha opinião, afinal o planeta, os serviços ecossistêmicos prestados por ele e etc, serem considerados apenas recentemente como peça fundamental na estratégia de uma empresa é algo que deixa muito a desejar e que acaba gerando uma angustia em mim, pois eu sempre espero mais das empresas. Sem contar do que levantei ali em cima, usar como solução parte do problema não vai trazer resultados muito diferentes ou inovadores.

Ouvir como resposta desse comentário de que vivemos num sistema complexo e que as coisas não acontecem na velocidade que gostaríamos é algo que aceito, mas usar o argumento de que a pressão para que isso mude tem que vir do consumidor é algo que me dá certa tristeza e acho uma covardia sem tamanho. É quase que colocar a responsabilidade das empresas de serem corretas no colo das pessoas comuns. Se o consumidor fosse de fato ouvido ou levado em consideração não existiria montadora burlando os sistemas de controle de emissão de poluição de carros nos testes de emissões, não teríamos comida sem nenhum valor nutricional sendo vendida ou sequer existiria a obsolescência programada. A pressão social pode até ter sua importância, mas acredito que apenas em alguns casos pontuais, a força da pressão social é muito superestimada quando o assunto é o poder das grandes empresas. Esse papo de que os consumidores, a sociedade, os cidadãos, etc, devem se mobilizar e fazer pressão soa para mim só uma desculpa para justificar a inércia das empresas.

Sustainable Brands 2017

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E finalmente o Sustainable Brands veio a São Paulo, pela primeira vez desde 2014 o evento aconteceu na capital paulista semana passada. Tive a oportunidade de assistir algumas palestras no primeiro dia do evento e no segundo trabalhei como voluntária. Depois de 6 meses fora do Brasil foi interessante ver como anda a sustentabilidade para as marcas.

A primeira apresentação que eu assisti foi a que mais me empolgou, foi um workshop que falava de modelos de negócio de regeneração. Foi nessa apresentação que descobri a Guayaki Yerba Mate.

A Guayaki é uma empresa de erva mate cuja missão é restaurar 200.000 hacres de mata atlântica na América do Sul e gerar mais de 1000 empregos até 2020 usando o modelo de negócios de regeneração. O principal produto deles é a lata de chá de erva mate que é vendido no Whole Foods nos EUA. Mas eles também vendem a erva em pacotes. Todos os produtos são orgânicos, livre de transgênicos e produzido pelos princípios de comércio justo, além de serem uma empresa B. Fiquei encantada com o trabalho deles me deu esperança que empresas podem ter objetivos maiores que além de dar lucro para seus acionistas. Eles conseguiram criar um ciclo virtuoso em que quanto mais mata atlântica eles restaurarem mais eles podem produzir, uma vez que a erva mate precisa da sombra da mata atlântica para crescer e se desenvolver.

Também conheci a Boomera (antiga Wisewaste) que faz um trabalho bem interessante com grandes marcas com relação aos resíduos. Eles desenvolveram solução de reciclagem para cápsulas de café, embalagens de refresco e lixo plástico de uma lagoa no Rio de Janeiro. E ainda estão trabalhando com reciclagem de fraldas descartáveis. O único porém é que nem sempre essas práticas viram parte da vida útil do produto, por exemplo as embalagens de refrescos foi apenas um projeto e que terminou, ou seja, eles transformaram as embalagens em instrumentos musicais durante o tempo da campanha e agora acabou, a empresa não recicla mais suas embalagens. Outra coisa também é que a empresa geralmente não participa do planejamento inicial dos produtos, as marcas só lembram de procurar uma solução para o resíduo quando o problema já está instalado e não no momento do desenvolvimento do produto. Depois as marcas querem que eu acredite que a sustentabilidade já é parte da realidade da sociedade, tá, sei.

Agora o que me deixou realmente irritada foi ouvir o CEO da Pepsico. Eu tenho uma posição bem radical quando o assunto são alimentos ultraprocessados, principalmente quando eles são basicamente salgadinhos sem nenhum ou quase nenhum valor nutricional.

Pensando sobre isso pensei num post para a minha série Futuro: “Pepsico resolver encerrar sua produção até 2050 e investir em projetos sobre educação alimentar.” hahaha Será que viraliza como fakenews?

Agradeço à organização do evento pela oportunidade como participante e voluntária do evento.

Fairphone

Você acredita que os produtos que você consome são éticos? Desde aquele chocolate gostoso ou aquela blusinha você acha que foi produzido com ética, responsabilidade ambiental e social?

Hoje em dia muitos produtos que consumimos são produzidos nos mais diversos lugares do mundo, fica quase impossível saber se a legislação trabalhista de cada país segue critérios minimamente aceitáveis ou se existem leis ambientais que são cumpridas e fiscalizadas. E dependendo do produto rastrear cada uma das cadeias de suprimentos é algo até difícil de imaginar como fazer, mesmo em tempos de internet.

Pensando na ética e responsabilidade de seus produtos muitas empresas investem em suas cadeias de suprimento, principalmente na matéria-prima de seu produto principal, como por exemplo a Starbucks ou a Natura. Ok, pode ser só marketing da parte deles, mas pelo menos eles vendem a ideia de que se preocupam com isso ou fingem que se preocupam.

fairphone

Mas e no caso de produtos de tecnologia que não são feitos apenas de uma única matéria-prima? Por exemplo seu telefone celular, seu computador ou sua televisão que contém partes oriundas dos mais diversos lugares do mundo? Pensando em toda essa cadeia que surgiu o Fairphone.

O mais legal é que ele não é apenas uma linha de produto de uma grande empresa, a Fairphone uma empresa social holandesa tem como premissa criar um telefone que melhore a cadeia de valores dos eletrônicos.

Para produzir o telefone deles eles trabalham com a mineração, tentando estimular a economia local e não conflitos armados; o design, pensando em produtos duráveis e que dê aos compradores maior controle aos produtos; a fabricação, proporcionando mais qualidade de vida aos trabalhadores que montam o telefone; o ciclo de vida do produto, pensando em toda a vida útil do telefone: uso, reuso e reciclagem segura, eles acreditam que a responsabilidade deles não termina na venda e trabalham também o empreendedorismo social tentando criar uma nova economia baseada em valores sociais. Compartilhando a história da Fairphone eles acreditam que podem ajudar os consumidores a ter mais consciência em suas compras.

Uma das coisas mais legais da Fairphone é que depois de alguns investimentos iniciais por meio de instituições que investem em projetos de teconologia criativa para desenvolvimento social, um prêmio do Banco Mundial, uma grana de um boot camp e um fundo privado financiar a fabricação das primeiras encomendas do telefone, nenhuma outra grana de grandes empresas ou capital de risco entrou na empresa pois a ideia é preservar os valores sociais. Afinal, quando uma empresa que se diz sustentável, ética, socialmente responsável e tem suas ações negociadas na bolsa fica um tanto refém de acionistas que querem lucros mais altos a cada ano e não é novidade para ninguém das atrocidades que as empresas são capazes de fazer por esses lucros (Alguns exemplos: Mitsubish, Renner, Volkswagen).

fairphone2

O Fairphone custa 529,38 euros (algo em torno de R$2200,00) um pouco mais caro que a média dos smartphones aqui no Brasil, mas como eles tem uma produção toda preocupada com causas justas, acho que valeria pagar.

Precisamos de mais empresas que tenham a preocupação não apenas de produzir produtos bons, mas que pense em todo impacto na sua produção e super torço para que a Fairphone prospere (eles estão produzindo o Fairphone 2). Quando vejo iniciativas eu consigo ter um pouquinho mais de fé no mundo, mas só um pouquinho.

Sustentabilidade na televisão

Sou dessas que quando ve a palavra sustentabilidade e derivadas em algum lugar vai procurar saber o que é e do que se trata.

Quando vi esse logo no fim dos créditos de uma das minhas séries favoritas (Downton Abbey) fui lá ver o que era esse tal de Albert+ sustainable production.

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Achei o site desse órgão que cuida do impacto ambiental da indústria de artes visuais do Reino Unido. Eles tem como objetivo guiar essa indústria para a economia de baixo carbono. Começaram calculando a pegada de carbono da indústria e hoje é complementada com treinamento, certificação e comunicação. Quem banca esse órgão é um consórcio das 13 maiores empresas de produção e transmissão do Reino Unido.

Pelos cases deles dá pra ver que está tudo muito no início, por exemplo, Downton Abbey recebeu o selo deles por usar iluminação de LED nas gravações. Uma outra produção que teve um programa gravado na Patagonia usou um cameraman local para diminuir a pegada de carbono, evitando assim o transporte do material a ser usado para a filmagem e a viagem de alguém do Reino Unido até o Chile/Argentina. Outra coisa que eles fazem também é encontrar fornecedores da cadeia de produção deles que tenham preocupação ambiental.

Me pareceu um passo bem discreto, mas válido, na verdade pra mim bem realista, eles não são megalomaníacos dizendo que o selo deles entregam uma produção verde e sustentável, eles garantem 3 coisas quando você ve no selo deles numa produção:

  • a direção dos assuntos de sustentabilidade são conduzidos por alguém do topo;
  •  é feita a medição precisa da pegada ambiental da produção e
  • que existe procedimentos para que exista uma redução da pegada ambiental.

Fico feliz que passos sejam dados nessa direção, espero que cresca e com o tempo essas preocupações sejam parte da rotina de qualquer serviço e não seja necessário uma instituição que precisa cuidar e estimular esse tipo de atitude. Mas para a mudamça de hábito isso é necessário e importante.

Sustainable Brands

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Sustainable Brands é uma comunidade Global que desde 2006 tenta inspirar, engajar e equipar líderes de negócios e marcas de hoje para prosperar no curto e longo prazo, abrindo o caminho para um futuro sustentável abundante. Eles promovem eventos no mundo todo, já teve um no Rio mês passado e agora em junho é a vez de San Diego ai passeando pelo site vi que tem uma lista das empresas que vão participar e quais representantes das empresas vão estar presente. Achei interessante ver quais os cargos as pessoas ocupam das empresas que vão para esses eventos, por exemplo a Natura só disse que quem vai é o time, o que não diz nada, mas por exemplo a Patagônia (uma das marcas sustentáveis que mais respeito) vai mandar o VP de iniciativas ambientais (VP, Environmental Initiatives).

A Coca-cola vai mandar os Director Sustainability Communications, General Manager-Slingshot/EKOCENTER, Global Director-Human & Cultural Insights, Global Senior Marketing Sustainability Director, Global Sustainability Director-Packaging, Group Sustainability Director e Director, Sustainability – Eurasia & Africa, pelo visto a Coca tem um departamento de sustentabilidade bem forte. Já a concorrente Pepsico vai mandar só o Program Director, PepsiCo Recycling, será que a Pepsico só vai marcar presença porque a concorrente é uma das patrocinadoras do evento ou pra ela sustentabilidade se resume a reciclagem?

O interessante por exemplo é o Citibank que vai mandar o Head of Creative and Media, a Nestle América do Norte que vai mandar o Chief Procurement Officer e Nestle Purina (o braço de rações da empresa) que será representada pelo Brand Manager.

A Apple que lançou uma propaganda no dia da Terra se insinuando mais verde que a concorrente Samsung não está na lista de confirmados, nem a  Samsung.

O que me surpreendeu positivamente foi ver a participação da cidade de Palo Alto, na Califórnia, mandando seu Chief Sustainability Officer, achei sensacional uma cidade ter um posto como esse.

Eu sei que provavelmente a participação das empresas nesse evento não irá se resumir ao que está apresentado nessa lista e que também essa lista pouco representa de fato como a empresa leva o tema sustentabilidade na real, mas que é uma amostra interessante isso não deixa dúvidas.

P.S.1: Não traduzi a maioria dos cargos por que achei que deixar no original dá uma noção melhor.

P.S.:2: A Aline do Inspiração Sustentável esteve no evento do Rio e estamos aguardando os posts para sabermos como foi.

Blogueiros que estiveram no evento e fizeram seu relato:

Sustainable Brands Rio 2014

Injeção de inspiração no Sustainable Brands 2014!

Reimagine, Redesenhe, Regenere e Empreenda: Sustainable Brands Rio 2014

Um grande evento depois de 4 anos

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Lembro-me que o último grande evento que participei com a temática de meio ambiente, sustentabilidade e afins foi há 4 anos, a Conferência Ethos de 2010. Essa semana que passou estive no 8o Congresso Gife, como já tinha falado aqui. Pois bem, o que mudou sobre a “arte de fazer congressos” nesses 4 anos? Basicamente nada, ou quase nada, continuamos no mesmo modelo de palestras, mesas redondas, oficinas (essas um pouco mais práticas) e plenárias (que nada mais é que um nome diferente para palestras e mesas redondas, talvez só mude o tamanho da plateia). Nesse evento em si teve o diferencial da programação aberta, eventos organizados por outras instituições geralmente na parte da manhã ou da noite (antes ou depois da programação oficial do congresso), todos de graça e sem a necessidade de estar inscrito no Congresso. Foi o caso por exemplo da palestra do Professor Jeffery Sachs que aconteceu no dia 19 à noite.

E os assuntos, temas e abordagens? Apesar de ser um congresso sobre investimento social de impacto a sustentabilidade sempre permeia os debates, mas ainda vi departamento de sustentabilidade ligado ao departamento de marketing que por sua vez estava ligado à Fundação ou o Instituto da empresa (achava q 4 anos depois coisas do tipo estavam mudando). Vi alguns cases e a grande esmagadora maioria é sobre educação e de verdade tem algo de errado com todo esse investimento. Não sei se ele é pequeno demais diante do tamanho do Brasil, se é mal empregado ou se os institutos/ fundações propagandeiam mais do que realmente fazem pois os nossos índices de educação são sempre bem vergonhosos, todo esse investimento não faz nem cócegas no nosso problema? É para pensar. Fiquei com a mesma sensação que tive quando o li o livro Doar do Bill Clinton, tanto investimento, tanto dinheiro e a sensação que temos é que  estamos bem longe de sermos o que sonhamos como nação. Será que meu sonho é muito exigente?

Um evento desses é válido pois trás as novidades do  mundo a fora,  como por exemplo a pesquisadora de Stanford Lucy Bernholz (@p2173) que pesquisa sobre o business das doações e é responsável pelo Laboratorio Digital da Sociedade Civil na mesma Universidade, nas falas dela que ouvi ela trouxe temas interessantes como a economia compartilhada e a mudança de comportamento da sociedade com as novas tecnologias. Ela ainda propôs numa roda de conversa criar uma publicação sobre o campo social brasileiro.

Gosto muito desses eventos, mas eles acabam comigo, na metade do segundo dia já me sinto esgotada de tanta informação recebida, não consegui ir no terceiro e último dia e me sinto arrependida até, mas não tenho certeza se iria aproveitar como deveria. Penso que esses eventos são de extrema importância pelos mais variados motivos e talvez dessa vez a minha sensação de que os assuntos debatibos e conversados lá  vão ainda que minimanente sair daquelas paredes me deixou mais otimista.

Sustentabilidade é impossível até que as empresas admitam o custo ambiental

Fazia tempo que eu não colocava um texto traduzido aqui no blog (confesso que sou uma péssima tradutora), mas quando li esse vi que precisava compartilhar! E com a ajuda do Google Translate resolvi postar aqui. A versão original em Inglês: Sustainability is impossible until companies admit environmental cost.

 Enquanto o impacto das empresas no meio ambiente permanecer ignorado a questão de como a sociedade lida com as consequências dos danos permanecerá sem resposta

Por Joseph Zammit-Lucia

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Relatório sobre salmão de viveiro afirmou que “os peixes de viveiro é o produto mais tóxico da Noruega.” Foto: Tatyana Makeyeva/AFP/Getty Images

De férias, recentemente, visitei a área sagrada japonesa de Kumano Kodo. Milhas de caminhadas marcam rotas de peregrinação da antiga capital de Kyoto para uma série de santuários localizados em torno da península Wakayama.

Nós estávamos andando em um alto cume e paramos para olhar e ouvir os sons da floresta – o canto dos pássaros , uma variedade de ruídos de insetos e grandes borboletas .

Mas havia algo de estranho. O som estava vindo para nós em mono, não em estéreo. Um dos lados do cume caiu vertiginosamente. A floresta era exuberante, variada e cheia de vida animal e de insetos. Foi a partir deste lado que a cacofonia de som estava vindo. O outro lado do cume era menos íngreme e tinha sido explorada comercialmente como uma plantação de madeira: a monocultura de pinheiros. Nenhum ou muito pouco de vida além dos pinheiros -se poderia sobreviver aqui.

De acordo com algumas normas, as plantações de pinheiros pode ser considerado “sustentável”. Elas são bem geridas, o re- plantio ocorre e o solo é mantido em boas condições. Mas o que acontece a grande quantidade de outras formas de vida que foram expulsas e destruídas no processo de transformar cadeias de montanhas inteiras em florestas manejadas? Quem banca os custos disso? A gestão de “externalidades” – como tal dano é um- emocionalmente marcado por economistas – tem provado ser uma das questões mais difíceis no caminho para a sustentabilidade.

Não só a capacidade das empresas a fazer danos ou despejar seus resíduos sem impedimentos prejudicar o meio ambiente. Ela pode levar à criação de produtos que podem ser prejudiciais à saúde humana. Pegue a indústria de criação de salmão norueguês – e a maioria das agriculturas de salmão em outro lugar, muitas delas controladas por empresas norueguesas. Um relatório sobre salmão de viveiro pelos Guerreiros Verdes da Noruega, afirmou que “os peixes de viveiro é o produto mais tóxico da Noruega.” Por quê?

Algumas fazendas de salmão despejam resíduos tóxicos em rios e oceanos . Além dos danos óbvios e significativos, tanto para os oceanos e para a vida do oceano, a capacidade de despejar resíduos sem impedimentos permite que os produtores de salmão usem antibióticos e substâncias químicas cancerígenas nas fazendas, a fim de “otimizar ” o valor comercial de seu produto.

A proporção desses produtos químicos permanecem no peixe e, como resultado, o salmão que comemos pode ser muito longe da limpo, saudável , natural (produto que se posiciona como). Até mesmo a coloração típica salmão é frequentemente adicionada quimicamente, o salmão de viveiro tem a carne cinza. A questão da imposição de custos sobre os outros tem sido um dos mais intratáveis ​​no debate sobre a sustentabilidade. As tentativas para avançar foram criticadas por todos os lados. As empresas têm resistido a assumir a totalidade dos custos de suas atividades. Mesmo quando as tecnologias alternativas que poderiam eliminar e reduzir significativamente o impacto já existem e são acessíveis – como na criação de salmão – produtores se recusam a adotá-las.

Reguladores preferem manter o status quo em vez de descarregar as responsabilidades com o ambiente e a saúde humana. Por outro lado , alguns grupos ambientalistas se opuseram às tentativas de compensar alguns dos custos externalizados da indústria como representando uma mercantilização da natureza.

A indústria não pode absorver custos anteriormente externalizados da noite para o dia. É também claro que continua a ignorar as consequências, o que também não é aceitável.

Um primeiro passo seria uma exigência para todas as empresas a serem transparentes sobre as externalidades que geram em termos de finanças, meio ambiente e saúde. Podemos, então, iniciar uma discussão aberta perguntando: se as empresas não querem arcar com estes custos que elas geram, como deve a nossa sociedade lidar com eles? Enquanto esses custos permanecerem ocultos e largamente ignorado, tal discussão é impossível.

Há sinais de progresso. A nova exigência do Reino Unido para as empresas informarem sobre as emissões de gases de efeito estufa a (GEE ) é um passo bem-vindo. Mas a exigência deve ser estendida para incluir todo o tipo de impacto ambiental externalizada em toda a cadeia de abastecimento.

Algumas empresas já começaram este processo. Puma é provavelmente o mais conhecido por sua demonstração de resultados do meio ambiente. Patagônia é outra empresa que leva a sério as suas responsabilidades ambientais . Eles têm feito grandes progressos, mas ainda não totalmente transparente e responsáveis por todos os custos impostos ao meio ambiente e à saúde humana.

Estamos todos chocados quando vemos imagens de aberto de lixo nas ruas ou pilhas de resíduos nas cidades de muitos países em desenvolvimento. No entanto, a discussão sobre a grande quantidade de custos externalizados pelas indústrias em todo o mundo recebe pouca atenção.

Até as corporações começarem a ser totalmente transparente sobre os custos totais que eles impõem sobre o meio ambiente e os reguladores começarem a tomar tal despejo a sério, grande parte da conversa sobre a criação de negócios sustentáveis ​​permanecerá apenas da boca para fora. Transparência e um debate aberto sobre como, como sociedade, deve cobrir os custos externalizados estão ambos muito atrasadas.

O problema é só a escala…

Eu realmente gostaria de terminar o ano com um post otimista dizendo o quanto eu vejo no futuro um mundo melhor, mas não, o mundo adora me contrariar e só me diz que tudo só tende a piorar… Eu queria muito ter terminado o ano sem ter lido esse artigo do Valor Econômico: Choque de escala. Nunca li tanta barbaridade atrás da outra numa reportagem que se dize sobre  sustentabilidade, num suplemento do jornal chamado “Negócios sustentáveis”. PARA A PORRA DO MUNDO QUE EU QUERO DESCER!!!!!!!!

A começar para a chamada da reportagem: “Marina Grossi, presidente do Cebds: “As soluções para os principais dilemas já existem, mas precisam ser difundidas e ganhar escala, com base em metas mensuráveis, para que tenham viabilidade””. Cara Marina Grossi de quais dilemas você se refere? Eu não vejo solução para a obssessão do mundo por crescimento, não vejo solução para a sociedade consumista que estamos inseridos e nem vejo solução para a destruição em massa da biodiversidade mundial. Para mim esses são dilemas essenciais que temos no mundo hoje e que não vejo nenhuma solução que precisa ser apenas difundida e ganhar escala. Se você tem essa resposta, por favor me escreva e me conte para que eu não ache que tudo continua perdido.

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Outra pérola da reportagem  veio da gerente de sustentabilidade da Unilever, Ligia Camargo: “”Queremos dobrar de tamanho e reduzir pela metade o impacto ambiental até 2020″, conta . A empresa pretende contribuir para um planeta saudável vendendo mais produtos, principalmente aqueles ligados a aspectos socioambientais, aumentando o faturamento anual de € 40 bilhões para € 80 bilhões.” Planeta saudável vendendo mais produtos!!!! Que planeta essas pessoas vivem? E ainda imenda “Com o sabonete bactericida, por exemplo, o plano é estimular o hábito de lavar as mãos, com reflexos na redução da mortalidade infantil e no bem-estar de 1 bilhão de pessoas no mundo.” Pra que sabonete bactericida se as pessoas nem água encanada tem??? Se apenas 57% dos domicílios brasileiros estão ligados a redes de esgoto? Já tô vendo o povo tomando banho com sabonete bactericida naqueles açudes lamacentos do nordeste brasileiro e da África no relatório de sustentabilidade da empresa. E por fim, mas não menos importante, querida Unilever, se você quer de fato diminuir seu impacto, para dobrar de tamanho você tem que anular seu impacto ambiental, não apenas reduzí-lo pela metade, de que adianta gastar 5 ao invés de 10 para produzir se vcoê tá produzindo o dobro? Pra mim a conta continua não fechando.

E o último achado da reportagem: “”O resultado financeiro é uma das metas de sustentabilidade“, argumenta Soto.  Ele cita o economista indiano Pavan Sukhdev, autor do livro “Corporação 2020”, no qual traça as condições para o desenvolvimento de empresas mais responsáveis e destaca a importância da viabilidade econômica.  “Não podemos esperar até 2050 ou 2100 para fazer mudanças no desempenho ambiental; as transformações devem ocorrer na próxima década se quisermos manter a esperança de construir uma economia sustentável”.” Eu não li o livro Corporação 2020, apenas vi a promoção do livro no site Planeta Sustentável, mas pelo que eu pude entender o que tá em jogo nesse trecho da reportagem é a sustentabilidade financeira das empresas, a economia sempre em primeiro lugar, se tiver ganho ambiental, social e o que for, legal, mas não é o primeiro objetivo, nunca.

Ontem li essa entrevista ‘O capitalismo sustentável é uma contradição em seus termos’ diz Eduardo Viveiros de Castro e com a reportagem de hoje só comprovei, mais uma vez, que a sustentabilidade é mesmo coisa de hippie, por que quem manda no dinheiro, quem compra, quem consome e vende tá pouco preocupado com o futuro do seres humanos, ninguém tá muito interessado em mudar seu estilo de vida para ter um planeta mais habitável. Então por favor, vamos parar de nos enganar, empresas digam logo: Nós queremos lucros estratosféricos nem que isso comprometa a existência dos seres humanos no longo prazo e seres humanos assumam: Num tô nem ai para o resto do mundo e para as futuras gerações, quero consumir muito e sempre mais.

Que venha 2014.

Enquanto isso lá fora…

Adoro quando tenho tempo para colocar meus feeds em dia e eis que encontro no The Greenwashing Blog uma questão sobre garrafas de plástico feitas de matéria-prima vegetal. Olha, e não é que eu falei disso em março no post A embalagem, o lixo e o ciclo de vida?

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Esse blog cita mais 2 outros blogs (um deles com um post de 2009!) perguntando se essa é mesmo uma solução para o problema (seja ele qual for, reciclagem, lixo, água engarrafada, fonte de matéria-prima) ou se não passa apenas de greenwashing da marca dona da água que propagandeia a garrafa com 30% de plástico de origem vegetal (veja que aqui no Brasil nós conseguimos evoluir, nossas garrafas são 100% de origem vegetal!).

Eu já dei a minha opinião a respeito e parece que mais gente pelo mundo também anda questionando as empresas sobre o assunto. E ai, usar matéria-prima renovável é um pequeno passo para uma nova direção ou apenas maquiagem verde?

A realidade da reciclagem no Brasil

Na terça passada, a convite da Coca-cola, conheci a ONG Doe Seu Lixo no Rio de Janeiro que junto com o Instituto Coca-cola ajuda coperativas de reciclagem do Brasil inteiro a se profissionalizarem. É sensacional o trabalho que eles fazem, dignificando a profissão de catador de materiais recicláveis, oferecendo cursos e profissionalização para as coperativas e gerando renda.

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Qualquer pessoa que estuda um pouco sobre reciclagem no Brasil sabe que ela só deu “certo” por causa da miséria, ou seja, se a reciclagem no Brasil hoje existe não é por conscientização ambiental ou por preocupação da administração pública com o meio ambiente, ela existe mal e porcamente por conta de pessoas que viram no lixo uma alternativa de sobrevivência. São poucos os exemplos de cidades que implantaram um sistema de coleta seletiva eficiente, a coleta seletiva e a reciclagem no Brasil ainda não é regra geral. Segundo dados do IBGE na região norte do país, por exemplo, a coleta seletiva praticamente inexiste (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – 2008).

Portanto, falar de coleta seletiva no Brasil ainda não é uma realidade, a reciclagem pode até acontecer, como no caso das latinhas de alumínio que conseguimos reciclar mais de 90%, mas os outros materiais variam em torno de 45% a 55% ainda, mas uma coleta organizada e efetiva ainda é muito incipiente na grande maioria das cidades brasileiras.

E a reciclagem dos 3% do lixo brasileiro como acontece na grande maioria das vezes? Por meio das coperativas de catadores de materias recicláveis, são essas pessoas que por causa da miséria encontraram no lixo uma alternativa de vida digna.

Esse evento que participei na semana passada foi para promover a Semana do otimismo que transforma da Coca-cola. Não vou dizer o que penso sobre esse “evento”, já falei sobre a empresa em outros posts, não é de hoje que a marca vem tentando se associar ao tema sustentabilidade e portanto vou dar um voto de confiança que ela tem tentado, não sei se da melhor forma ou de forma acertada, mas é uma preocupação e o que ela fez e faz por meio do Instituto Coca-cola para as coperativas atendidas pela ONG Doe Seu Lixo me pareceu muito legítimo. Pelas palavras da diretora-executiva, Claudia Lorenzo, do Instituto Coca-cola ainda é muito pouco o que é feito perto da importância e da relevância da marca Coca-cola para o mundo (são 125 anos de empresa no mundo e 70 anos no Brasil), ela sabe que tem um desafio monumental pela frente e diante dos apenas 5 anos do Instituto acho que tem seguido um bom caminho.