A dúvida

sacrificio

Foto: cortesia Andrea Corsi

Esses dias estou a pensar se as poucas coisas que eu acho que faço a favor do meio-ambiente, como consumir menos, por exemplo, realmente faz alguma diferença. De verdade a única diferença que eu tenho sentido é a minha insatisfação e sensação de impotência.

Por exemplo, eu não troco meu telefone celular faz 3 anos, ao longo de 7 anos, tive três aparelhos, 1 está engavetado, meio capenga, mas ainda funcionando, o outro em uso com meu irmão e o atual comigo. Pois bem, até penso em trocar de aparelho, mas eu fico com peso na consciência pois estou substituindo um item que ainda está em funcionamento, e me pergunto se realmente é necessário. Só que ao me redor parece que eu sou a única pessoa que pensa alguma vez antes de trocar seu aparelho celular… As pessoas simplesmente trocam seus aparelhos, por que apareceu um modelo novo mais legal, por que a bateria acabou, por que o atual aparelho tá velho ou por que deu vontade…

Outra coisa, comida… Só eu me privo de comer salmão, cação, frango, aquele sorvete Melona, o Häagen-Dazs e outras tantas coisinhas porque considero a pegada de carbono, ou a biodiversidade, ou o mínimo de respeito aos animais, nao vejo ninguém por ai dizendo que não come camarão por princípios, aliás a única coisa que eu já ouvi alguém dizendo é que não come é foie gras, que convenhamos, não acho que faça parte do prato cotidiano de muitos brasileiros.

Me pergunto: toda essa chatice minha serve pra quê? Para fazer parte do clube das pessoas que se sacrificam em prol de um mundo melhor e não ganham nada com isso? De verdade eu não vou dormir mais feliz por causa disso, nem me sinto uma pessoa que faz alguma diferença no mundo. É, talvez tudo isso seja uma grande bobagem mesmo e eu tô me sacrificando à toa.

9 Comments

  • 4 de julho de 2011 - 00:31 | Permalink

    Eu sou um desses chatos tmb!

  • Rick
    4 de julho de 2011 - 13:14 | Permalink

    Você já refletiu em como você tenta incentivar essas ações nas pessoas a sua volta?
    Acredito que o maior desafio não seja nossas decisões em ajudar o ambiente e sim em formar pessoas com essas preocupações também. No entanto, percebo que temos muita dificuldade em fazer os outros refletir sobre sua pegada ecológica.
    Ser sustentável hoje em dia é coisa de EcoChato, acho que faz parte da natureza do ser humano querer fazer o contrário daquilo que incomoda. Constantemente, meus amigos biólogos pegam alguém pra Cristo e começam a condenar as atitudes da pessoa, ao invés de propor novas formas de pensar na pessoa.
    Será que não está na hora de conscientizar de outra forma?

  • 4 de julho de 2011 - 19:36 | Permalink

    Acho que um pouco das duas coisas. Boa parte do que você faz não fará muita diferença e boa parte do que você faz pode sim fazer diferença, mas não separadamente. Acho que temos que pensar em como mudar significativamente as coisas.
    E como o Rick disse muito bem, tentar conscientizar de outra forma que não através do medo, prática muito comum. Acho que o caminho é a conscientização através da construção de senso crítico.
    Eu sei como fazer isso de forma eficiente? Claro que não. Mas estou disposto a tentar.

  • Daniel
    4 de julho de 2011 - 20:44 | Permalink

    Como tudo que a gente faz na vida são escolhas, eu acho que o que realmente importa é se vc está escolhendo o que considera certo. Se isso vai fazer diferença ou não, não depende de vc, mas a questão não é se vc vai dormir mais feliz com essas pequenas coisas, mas se vc conseguiria dormir se não fizesse isso, se fosse exatamente como todo mundo.
    Se vc acha que sim, que tudo bem vc fazer como todo mundo e isso não vai te incomodar, então faça isso, eu não consigo pensar em nenhum argumento que te faça sacrificar esses pequenos prazeres em nome de... de que mesmo? Salvar o mundo?
    Enfim, o que dá pra perceber é que vc se incomoda em simplesmente seguir o que os outros fazem e quer fazer diferente, e é isso que importa, entende? Agora, não adianta reclamar dessas escolhas, elas são suas e somente suas, e vc pode mudá-las quando quiser, assim como todo mundo.

  • Marcelo
    6 de julho de 2011 - 14:41 | Permalink

    Não desista \o/
    Tem outros como você no mundo.

  • raqs
    7 de julho de 2011 - 21:52 | Permalink

    Voce nao esta sozinha não!! mudar o mundo não sei se vamos, mas eu sempre quero fazer o melhor em todos os aspectos, é uma filosofia de vida.
    "Quem avança confiante na direção de seus sonhos e se empenha em viver a vida que imaginou para si encontra um sucesso inesperado em seu dia-a-dia."
    Henry Thoreau

  • 9 de julho de 2011 - 17:26 | Permalink

    Em quinze anos, eu tive cinco celulares. O primeiro eu troquei porque mudaram o sistema de analógico para digital, o segundo foi roubado, o terceiro ficou com minha mãe e o quarto só funciona na Austrália, mas ainda está em perfeito estado, dentro da minha gaveta, esperando eu voltar para lá.
    Mas acho que a minha melhor decisão para o meio ambiente foi não querer ter filhos.

  • 11 de julho de 2011 - 19:33 | Permalink

    descobri por que o igor queria voltar pra austrália!!!
    eu, quando perdi meu celular, passei um tempão (um ano, talvez?) com um emprestado até achar um que eu quisesse comprar (ganhei, na verdade).
    não tem jeito. quando a gente tenta ser sustentável e todas as pessoas em torno se espantam, dá um cansaço. mas o que dá pra fazer é ficar firme. se todo mundo pensar que não vale a pena porque ninguém mais tem consciência, aí que não tem jeito mesmo. então teimo adiante, que é o que faço melhor.

  • Fulaninho
    5 de julho de 2017 - 20:50 | Permalink

    Eu não sou muito diferente também estou no meu terceiro celular, já fui mais rigoroso na alimentação quando mais novo. Hoje por conta de profissão e ambiente familiar estou deixando a alimentação mais desleixada, rola até um churrasco na casa de amigos porem nunca compro carne vermelha.
    Tenho muita vontade de fazer mais pelo ambiente, coleta de aqua de chuva, célula de energia solar, isolante térmico no telhado e etc.
    Sonho muito com uma casa mais ecologia mas moro de aluguel, isso me traz uma certa tristeza.
    Somado a uma insatisfação com meu estilo de vida e profissão, penso as vezes em largar tudo e comprar um motorhome e desistir desta luta por um ideal que para min é tão longe e inalcançável, que a ideia de sair pelo mundo como nômade digital parece ser mais plausível, ainda falta coragem para tal decisão tão radical e principal dinheiro.
    Alias o dinheiro que na mão de muitas pessoas ricas que conheço é desperdiçado com tantas futilidade, com este mesmo dinheiro eu faria um monte de projetos engavetados e alguns de melhoria social e ambiental.

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