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Fernando de Noronha

Eita lugar bonito… Fui passar uns dias num dos lugares mais bonitos do Brasil, quem sabe até do mundo e obviamente que meu radar para a preocupação ambiental esteve ligado 100% do tempo.

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Lembra quando eu fui pra Jericoacoara e tive um sonho de uma ONG? Pois bem, o Projeto Tamar em Fernando de Noronha chega bem perto dele, todos os dias no auditório do Tamar tem palestras sobre algum tema relacionado à ilha: tubarões, golfinhos, o próprio projeto Tamar, a vegetação da ilha, o Parque. Não é frequentado por 100% dos visitantes, mas em algumas palestras o auditótio fica bem lotado e acho que ajuda na conscientização, de verdade eu acho que deveria ser obrigatório, afinal, todo o arquipélogo é uma unidade de conservação e na minha opinião a principal função dela além de conservar o que se tem lá é educação ambiental.

Achei os moradores da ilha bastante conscientes com relação à preservação, conservação e cuidado com a natureza, mas esse conhecimento me pareceu muito restrito à preservação da vegetação, da vida marinha do que atrai os turistas para o local e não uma coisa mais abrangente que engloba tudo.

Por exemplo a geração de energia da ilha, sabe como é feita? Termelétrica a diesel, tem noção da pegada de carbono disso? Ok, concordo com meu pai quando ele disse que essa já uma tecnologia dominada e que para não deixar ninguém na mão tem que ser assim mesmo, mas será que não dá para usar outras fontes de energia conjuntamente? Tudo bem, é essa a solução segura e viável que se tem, então o que podemos fazer para torná-la menos impactante? Economizar energia, certo? Mas infelizmente não  foi bem isso que eu vi por lá… Na pousada que eu fiquei só vi um aviso bem discreto no banheiro lembrando para apagar a luz quando saísse. O ar condicionado no hospital (fui lá ver se eles conseguiam me fazer ouvir depois de 24 horas sem ouvir por conta do mergulho que eu fiz) tinha aquele selinho de eficiência energética da Procel, sabe? Adivinha qual a classificação dele? C. E da geladeira de um dos restaurantes que eu fui? B. No ar condicionado do meu quarto não tinha o selinho, ou tiraram… Será que só aqui em casa a gente se preocupa em comprar aparelhos com maior eficiência energética? Lá isso tinha que ser obrigação por se tratar de uma área de preservação ambiental cuja fonte de energia é petróleo!

Fiquei hospedada numa das Pousadas Domiciliares. Elas costumavam ser casa dos moradores que foram transformadas em pousadas, no bairro que eu fiquei, o Floresta Nova, as casas era de madeira e sei lá, mal projetadas pois eu não conseguia ficar dentro do quarto durante o dia sem acender a luz! Por mais luz solar que a ilha tenha, a posição da janela quase não iluminava o quarto durante o dia! Me sentia mal de ter que acender a luz durante o dia com o sol brilhando lá fora… Não sei como são as outras pousadas, mas como são construções bem parecidas não sei se são muito diferentes. Ah! Pelo menos as lâmpadas eram daquelas econômicas.

O lixo, ah, o lixo… Coleta seletiva nem pensar, pelo menos eu não vi ela ser feita em lugar nenhum, posso até ter visto lixeiras diferentes para cada tipo de resíduo, mas em que lugar do mundo isso é 100% respeitado? (acho que só no Japão). Numa das trilhas que fiz vi até essas lixeiras abandonadas… Mas tinha também umas certinhas. Winking smile

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Mas veja como é disposto o lixo de um dos restaurantes que eu fui.

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Indo a pé para uma das praias passei por uma usina de compostagem, até achei interessante, mas uma vez que todo o lixo é misturado como eles compostam o lixo o orgânico? No passeio de barco que eu fiz, em que fizemos uma refeição a bordo, o lixo levado para o porto também foi todo misturado… Dando uma pesquisada rápida pela internet vi que lixo de fato é um problema na ilha, tanto que no início do ano foram levados para o continente algumas toneladas de lixo para serem disposto em um aterro em Pernambuco. Eu sei que coleta seletiva é uma coisa super complicada de fazer acontecer, demanda educação, tempo, vontade, empenho, mas a ilha possui aproximadamente 3500 habitantes e não é de hoje que meio ambiente é assunto de suma importância para eles, tá na hora de passar da fase “vamos salvar as tartarugas” e fazer algo que a longo prazo vai fazer toda a diferença e tem um impacto gigante.

O transporte na ilha também não é nenhum exemplo… Se você depender do transporte público vai perder tempo, como foi o meu caso… Quando tem 2 ônibus circulando ele passa de 30 em 30 minutos, quando só tem 1, ele passa de 50 a 60 minutos. Só que, ninguém nunca sabe quando tem 1 ou 2 circulando… De ônibus você sempre vai caminhar mais e o calor que faz lá não anima muito você fazer tudo a pé. O ideal mesmo é você alugar um bugue ou uma moto. Táxi, eu achei um absurdo de caro.

Muita gente fala que bicicleta poderia ser uma opção legal, mas o problema é que a ilha não é plana, então quem se aventura de bicicleta se arrepende pois muitas vezes consegue ir, mas na hora de voltar é complicado…

Mas nem tudo é só crítica, né? O povo noronhense é de uma simpatia incrível, sempre super solícitos e dipostos a ajudar e conversar com você, o lugar também é muito seguro, na alta temporada há casos de assaltos e coisas do tipo, mas normalmente é tudo muito tranquilo.

Outra coisa que me surpreendeu foi a limpeza das praias, nunca fui em praias tão limpas em toda a minha vida, nada de sacos plásticos, garrafas pet ou latinhas. Na verdade em apenas uma praia eu vi umas latinhas jogadas, mas era a praia mais próxima do centro, então eu dei um desconto…

Por ser um destido que há tanto tempo tem o meio ambiente como seu principal atrativo achei que as coisas lá seriam melhor resolvidas, mas só vi reflexo do que vi aqui no Brasil como um todo, ainda estou para encontrar no Brasil um local que é exemplo em ecoturismo em todos os sentidos da palavra. Acho que na minha lista Bonito – MS, pode ser uma boa pedida.

Xingu

Lembro de quando estava no ginásio na aula de história a professora passou um filme sobre o Xingu (na verdade me parecia muito mais preguiça da professora de dar aula do que qualquer outra coisa), não me lembro quase nada do filme, lembro das imagens clássicas dos índios, das aldeias e forçando muito a memória talvez fosse um documentário para retratar o estilo de vida dos índios naquele local, nada mais que isso…

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Semana passada, a convite da Brazucah, fui assistir a pré-estreia do  Xingu, o filme e fiquei super contente de conhecer a história da criação do Parque Nacional do Xingu. Aliás, o filme só me fez perceber a minha total ignorância em relação a esse parque e como o Brasil trata e tem tratado seus verdadeiros primeiros habitantes.

Você sabe quem foram os irmãos Vilas Boas? Eu não tinha ideia (vergonha total). Você sabe como e por que o Parque Nacional do Xingu foi criado? Pra mim era só mais uma reserva que tinha índios, como tantas outras devem ter por ai, mas não é só isso. Você sabe quando esse parque foi criado e toda a sua importância? Provavelmente o Google poderá responder essas perguntas, mas o filme as explica de uma forma muito mais interessante e viva. Ele conta uma parte de quase sucesso da nossa política indigenista. Eu digo quase porque não foi perfeita, cometeram-se muito erros, muitas coisas deram erradas e não aconteceram como deveriam, mas de modo geral a criação do Parque do Xingu foi um grande sucesso dessa política. E esse filme é mais do que merecido para que mais brasileiros saibam e tenham orgulho dessa história e dos ilustres irmãos Vilas Boas que tanto lutaram pela preservação da cultura indígena no Brasil.

O filme estreia nessa sexta dia 06/04/2012 e é altamente recomendado se você não sabe (como eu não sabia) muito sobre o Parque Nacional do Xingu. Mas até se você sabe sobre a história do Parque eu recomendo o filme, é uma boa dose de nacionalismo quando a maioria dos filmes brasileiros de sucesso sempre tratam de violência, corrupção e pobreza.