Engenharia musical

Relatório escrito por um engenheiro de métodos e organização (que mais parece um economista) após uma visita ao Royal Festival Hall, grande salão de apresentações musicais situado em Londres:

Durante consideráveis períodos, os quatro tocadores de oboé não tinham nada para fazer. Seu número deveria ser reduzido, e seu trabalho deveria ser mais bem distribuído ao longo do concerto, eliminando os picos de atividade.

Todos os doze violinos tocavam notas idênticas. Isso parece um multiplicação desncessária. A equipe desse setor deveria ser drasticamente cortada. Se um grande volume de som é necessário, seria possível obtê-lo por meio de amplificadores eletrônicos.

Muito esforço foi despendido na execução das fusas [notas de 1/32 de duração]. Isso parece um refinamento desnecessário. É recomendável que todas das notas deveriam ser arredondadas para as semicolcheias [notas de 1/16, ou o dobro das fusas] mais próximas. Se isso fosse feito, seria possível usar trainees e diminuir o grau dos operadores mais extensivamente.

Parece haver excesso de repetição de algumas passagens musicais. As partituras deveriam ser drasticamente podadas. Não há qualquer utilidade em repetir, com os sopros, uma passagem que já foi apresentada pelas cordas. Estima-se que se todas as passagens redundantes fossem eliminadas, o tempo total do concerto poderia ser reduzido de duas horas para vinte minutos e não haveria necessidade de um intervalo.

O Condutor concorda genericamente com essas recomendações, mas expressa a opinião de que poderia haver alguma queda na receita dos ingressos. Em caso de tal evento improvável, seria possível fechar seções inteiras do auditório, com consequente economia de despesas extras – iluminação, funcionários, etc.

Se ocorrer o pior dos pior possível, a coisa toda poderia ser abandonada e o público ainda poderia ir para o Albert Hall. — NPL News 236, 17 (1969)

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comment 0 comments
  • Igor Santos

    Engenheiros: sempre melhorando.

  • JuliaSama

    Mas que grande utilidade desse pensamento.

    Parece até eu, durante a análise de algo que vejo/escuto, seguida de uma análise do que conclui, e concluindo que sou uma desocupada.

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