Patentes Patéticas (nº. 83)

http://www.google.com/patents/US1136150

Sabe quando você derruba algum líquido no chão e, intuitivamente, com os pés, puxa o tapete mais próximo para secá-lo? Se você já fez isso, infringiu umas duas dezenas de patentes. Sério. A mais recente data de 2002, mas não é dela que vamos falar. Vamos diretamente para mãe de todas essas patentes: Lili Aline McGrath e seu simples (e super efetivo!) Floor-polisher [Polidor de pisos]:

Um dispositivo de polimento de pisos, compreendendo um par de cobertas para os pés, cada uma composta de um pedaço de material adequado dobrado em suas extremidadades para formar solas superpostas, com um laço na dobra, um chinelo com as bordas inferiores inseridas entre as ditas solas, uma parte inferior também mantida entre as ditas solas, sendo as partes superiores da solas mantidas juntas pelos ditos laços, com uma corda juntando os ditos laços.

A descrição no fim da patente 1.136.150 [em pdf] é canhestra, mas a ideia registrada em 20 de abril de 1915 é simples e clara: trata-se de um chinelo (ou, se preferir, pantufa) para limpar o chão. Nas palavras da inventora: “Minha invenção relaciona-se ao polimento de pisos e o seu objetivo principal é prover meios para realizar esse resultado de uma maneira agradável”, através de “chinelos adaptados para o usuário” utilizar o peso do próprio corpo como força motora.

Moradora de Brookhaven, Mississipi, Mrs. McGrath deve ter sido uma dona-de-casa cansada de se abaixar para limpar o chão numa época sem enceradeiras ou aspiradores de pó elétricos. Ela reconhece que “minha invenção é muito simples, mas é bem adaptada para o propósito para o qual foi projetada”. E explica a operação, que considera “óbvia”:

O(A) usuário(a) meramente põe seus pés nos chinelos e começa a dançar, preferivelmente danças tais que exigem largos passos. Verificar-se-á que o polimento de pisos torna-se um prazer e que o peso do(a) usuário(a) é inteiramente utilizado, em vez de apenas o peso da parte superior do corpo, quando o piso é polido da maneira usual, na posição ajoelhada.

Fosse hoje em dia, D. Lili ainda poderia argumentar que seu invento transforma uma tarefa doméstica em atividade física, ajudando a queimar calorias. Seria um argumento bastante convincente. Se bem que isso já seria marketing.

Mas e quanto aos tombos? Se você já tentou encerar o chão, sabe que um escorregão pode ser inevitável. Ainda mais se estiver de chinelos com solas macias. D. Lili também pensou nisso. A cordinha que une os chinelos é um acessório de segurança: “esse cordão é feito de um comprimento que permita passos largos ao(à) usuário(a), como que dançando, mas não é suficientemente longo para permitir que os pés do(a) usuário(a) se afastem de modo a causar sua queda, e essa é uma importante parte da invenção.”

A ideia de D. Lili foi mesmo simples e genial, mas não enriqueceu nem ela nem as dezenas de inventores que a copiaram e patentaram-na de novo… Porque não deve ser difícil encontrar algo semelhante mas made in China no comércio popular ou camelô mais próximo.

chevron_left
chevron_right

Leave a comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comment
Name
Email
Website