Acústica da Balada

Instituto Politécnico do Brooklyn, 1958. O engenheiro acústico William MacLean investiga um problema importantíssimo, com sérias repercursões sociais: Quantos convidados podem participar de uma festa antes que ela se torne barulhenta demais para manter uma conversa? McLean encontrou uma resposta e expressou-a na seguinte fórmula:

cocktail party noise

onde:

  • No = o número crítico de convidados, acima do qual cada pessoa terá que elevar a voz para se fazer mais clara em meio ao ruído do ambiente;
  • K = o número de convidados em cada rodinha de conversa;
  • a = a média do coeficiente de absorção sonora da sala;
  • V = o volume da sala;
  • h = a média ponderada da trajetória livre de uma onda sonora;
  • do = a distância mínima convencional entre dois falantes;
  • Sm = a razão mínima sinal/ruído para os ouvintes.

Quando o convidado crítico No chega, cada pessoa que está falando é forçada a aumentar progressivamente sua potência acústica (e.g., “Eu realmente não sei o que ela viu nele” — “Oi?” — “Eu disse: EU REALMENTE NÃO SEI PORQUE ELA SAIU COM ELE”) ao mesmo tempo em que cada rodinha é forçada a se fechar cada vez mais a fim de manter a conversação em níveis confortáveis.

“Portanto, nós verificamos que, uma vez que o número crítico de convidados seja excedido, a festa subitamente se torna barulhenta”, concluiu MacLean. “A potência de cada falante aumenta exponencialmente até o máximo possível. Depois disso, cada um reduz sua distância de conversação abaixo do convencional e então passa, por exemplo, a manter apenas a proximidade, o tête à tête necessário para uma razão sinal/ruído suportável. Graças a esse fenômeno, a festa, mesmo que seja uma bem barulhenta, pode ser confinada no interior de um apartamento.”

É uma pena que o IgNobel ainda não existisse na época. MacLean merecia um de Física.

Referência

rb2_large_gray25MACLEAN, William R., “On the Acoustics of Cocktail Parties,” Journal of the Acoustical Society of America, January 1959, 79-80. [Há um pdf disponível apenas para assinantes em http://dx.doi.org/10.1121/1.1907616.]

chevron_left
chevron_right

Join the conversation

comment 0 comments
  • Laerte

    Fantástico. Acho que todos já notamos o fenômeno da elevação exponencial do ruído em ambientes fechados com pessoas. Eu lembro do efeito claramente em salas de aula durante os intervalos.

Leave a comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comment
Name
Email
Website