Dois blocos de notas

Qual o livro com mais páginas que você já leu? Um Ulysses, de James Joyce? Um Senhor dos Anéis em volume único? Uma Bíblia multilíngue? Qualquer que tenha sido o catatau de sua preferência, dificilmente ele era mais alto que um par de meros “blocos de notas” dos séculos XV e XVII.

O primeiro deles é o manuscrito encadernado (acima e abaixo) de Petrus Dyest, um monge dinamarquês. Após reunir uma coletânea imensa de tratados, cânticos, hinos e outros gêneros eclesiásticos (em latim, evidentemente), o frei Dyest acrescentou o seu nome e o ano de 1500 no folio 843.

Como se não fosse o bastante, outro escriba acrescentou mais umas 160 páginas, totalizando mais de 1000 folhas em formato octavo (ou mais de 2000 mil páginas). Esse verdadeiro tijolo livresco está guardado na Real Biblioteca de Copenhague, numa coleção apropriadamente chamada de “Umfangreicher Sammelband” [Coleção Volumosa].

Limp vellum binding: Top edge

Não menos volumoso é o caderno com as notas de Johannes Bureus (acima e abaixo), um  antiquário e bibliotecário que blogava escrevia compulsivamente. Em 1599, aos 31 anos, Bureus começou a encher páginas e mais páginas com relatos de viagens, impressões pessoais, transcrições e lendas. Ele continuou acrescentando notas até alcançar os 80 anos de idade e 700 folhas de papel em 1648.

Limp vellum binding: Spine

Embora tenha sido necessário um imenso pergaminho medieval para encapar (toscamente, diga-se de passagem) e encadernar tamanho catatau, Bureus sempre o chamou carinhosamente de “meu bloco de notas”. Este volume está em outra biblioteca escandinava, a Nacional de Estocolmo, na Suécia. De acordo com o catálogo da instituição ninguém conseguiu ler todas as páginas pois as notas de Bureus são descritas como um “padrão aparentemente fragmentado de pensamentos, alguns dos quais ainda estão para ser interpretados.” Bureus faleceu em 1652, quatro anos após encadernar suas notas. Mais fotos desse calhamaço aqui.

[via Bookporn e Erik Kwakkel]

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