Como se sabe, quase todas as mulheres trabalham na União Soviética. Não quero dizer simplesmente que trabalhem em escritórios, escolas e hospitais; também executam tarefas manuais pesadas. Quarenta e cinco por cento de todos os empregos da União Soviética são ocupados por elas; mais de 40% dos trabalhadores da indústria são mulheres e bem assim 30% dos operários das construções, o que quer dizer que as mulheres são pedreiras, encanadoras, maquinistas de guindastes, rebitadoras, soldadoras e tudo mais. Entretanto, elas não servem no Exército Soviético [embora o tenham feito durante a II Guerra]. Em teoria, uma mulher pode ocupar qualquer cargo político no Estado, mas são relativamente poucas as que galgam os postos mais elevados. Ainda assim, 348 dos 1 347 deputados do Supremo Soviete são mulheres, e há 8 mulheres no Comitê Central do Partido, que se compõe de 133 membros. Em 1956, haviam 205 000 engenheiras e 414 000 técnicas (em contraste com 600 de ambas as categorias em 1917), e 741 mulheres já receberam Prêmios Stalin ou Lênin de ciência ou de arte. Aproveitam-se todas as ocasiões adequadas para exaltar as mulheres e seu valor. Um dos poucos feriados não-políticos na Rússia é o 8 de março, Dia da Mulher, quando todas as trabalhadoras deixam o emprego duas horas mais cedo, o que, pensando bem, não é lá grande coisa em matéria de feriado. — GUNTHER, John. A Rússia por dentro. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1959. p. 357
O impacto do período soviético na vida das mulheres russas foi ambíguo. Logo após a revolução foi instituída a igualdade legal entre os sexos. O acesso ao divórcio foi liberalizado, mas não trouxe exatamente os mesmos direitos: os homens não tinham obrigação de pagar pensões alimentícias às ex-mulheres. Assim, houve um aumento no número de crianças sem lar em meados dos anos 1920, o que levou a uma contra-reforma que dificultou a separação de casais e reinstituiu as diferenças entre crianças legítimas e ilegítimas. Talvez o exemplo mais notável da ambiguidade da URSS em relação às mulheres seja o aborto: legalizado em 1920, foi banido durante o período stalinista [1924-1953], sendo novamente liberado a partir de 1955. Durante os grandes expurgos do governo Stalin, as mulheres não escaparam: cerca de 100 mil mulheres foram aprisionadas em gulags. Ali também surgiam as contradições do regime em relação às mulheres: embora não fossem submetidas aos mesmos trabalhos forçados dos homens, elas frequentemente eram vitimadas por tratamentos violentos e abusos sexuais. Louvadas por seus esforços (inclusive militares) durante a II Guerra, as veteranas soviéticas acabaram relegadas ao segundo plano no pós-guerra, sendo redescobertas apenas nos anos finais da URSS.
Rosangela
Fico impressionado com essas mulheres. Aparentemente tão frágeis, quando na verdade são mais fortes do que muitos homens. Elas enfrentam tudo... da gosto de ver!