
Para recapitularmos, o governo dos Estados Unidos pode ser considerado como “inimigo” pelo regime soviético, mas não o povo americano. A explicação é que, por toda parte, os povos são boa gente mas vítimas de capitalistas “reacionários” e “monopolistas”. Em 7 de novembro [no desfile que comemora a Revolução Russa], apareciam à Praça Vermelha slogans que inculcavam a amizade com o povo americano. Ademais, o que é importante fazer notar, é que os Estados Unidos são muito respeitados em alguns pontos – principalmente por sua riqueza básica, sua perícia tecnológica e sua atividade industrial. Os russos falam da nossa “selvageria” para com os negros e da “desonesta” captura de Formosa [Taiwan], mas reconhecem algumas virtudes americanas e até as invejam. Artigo recente do Krasnaya Zviezda, órgão do Exército soviético, diz: “É fora de dúvida que o povo americano é industrioso e talentoso. Contribuiu grandemente para a cultura e a civilização mundial subjugando a natureza. (…) O povo americano deu ao mundo grandes chefes políticos, inventores, escritores e músicos.” — GUNTHER, John. A Rússia por dentro. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1959. p. 86