Capítulo 7

E essa roupa diferentona para fazer ciência serve para quê?

p.55-60

Quem é o Coronavírus? Sintomas, prevenção e diagnóstico
18 de setembro de 2020
Alexandre Borin Pereira

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Revisão: Ana de Medeiros Arnt
Edição e arte: Carolina Frandsen P. Costa

Se você é fã de ficção científica provavelmente já viu cientistas usando roupas especiais para lidar com um microorganismo perigoso. Entretanto, essa cena também virou algo comum nos noticiários, atualmente, para mostrar as pesquisas com o coronavírus causador da COVID-19. Como assim? Luvas, macacões, máscaras, viseiras e muitos materiais descartáveis. Mas, você já se perguntou como o cientista escolhe qual tipo de roupa usar?

Semana epidemiológica #38

Média móvel de novos casos no Brasil, na ocasião de publicação deste texto

525 óbitos registrados no dia (127.595 ao todo)

No Brasil, quem regulamenta as práticas de segurança em laboratórios de microbiologia é a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança). Biossegurança é o conjunto de práticas que minimizam os riscos de acidente nos laboratórios. Dessa forma, existe redução das chances dos profissionais se contaminarem com os micro-organismos que estão trabalhando, ou contaminarem o meio ambiente e outras pessoas.

Como definimos níveis de biossegurança dos laboratórios?

Para definir o nível de Biossegurança, necessário para o funcionamento de um, são analisados fatores como: o micro-organismo, sua origem, rota e taxa de transmissão, infectividade (que significa o quão fácil e rápido ele consegue causar uma infecção), a severidade da doença e o tipo de trabalho que está sendo realizado.

Assim como personagens de videogame, para realizar sua “missão” o cientista deve contar com a “armadura” e os equipamentos corretos para cada tipo de situação. Ao todo, são 4 níveis de risco biológico, que possuem uma classificação proporcional ao nível de segurança necessário para o trabalho. Ou seja, o nível 1 é o menos perigoso e o 4 o mais.

O coronavírus é um agente transmitido pelo ar, com alta taxa de transmissão entre pessoas e que pode causar a morte. Por isso, pesquisas com ele devem ser realizadas apenas em ambientes com nível de biossegurança 3. Já a dengue é um vírus que possui um risco menor, podendo ser pesquisada em ambientes de nível 2.

Manter um laboratório seguro custa muito dinheiro e, quanto mais alto o nível, maior o investimento que precisa ser realizado. No Brasil, ainda não possuímos nenhum Laboratório de Nível de Biossegurança 4 e pouquíssimos de nível 3. Investir na ciência é investir também em infraestruturas para que pesquisas sejam realizadas com segurança!

Investir na ciência é investir também em infraestruturas para que pesquisas sejam realizadas com segurança!

Conhecendo os Níveis de Biossegurança

 

Nível de Biossegurança 1:

O laboratório que é menos perigoso! Os micro-organismos manipulados neste laboratório não representam altos riscos à saúde dos pesquisadores, nem ao meio ambiente. Portanto, é mais barato de ser mantido do que os outros. Nele, são seguidas práticas convencionais de laboratório, para que não ocorra nenhum tipo de acidente.  Neste tipo de laboratório podemos trabalhar com a bactéria E.coli, por exemplo.

A infraestrutura do laboratório conta com portas que separam a área de experimentos do resto do prédio, uma pia para lavagem e uma bancada, onde será realizado o trabalho.

Equipamentos de Proteção Individual: Jaleco, luva e óculos de proteção.

Dentro de um laboratório de Biossegurança 1: Foto por Laís Durço Coimbra

Nível de Biossegurança 2: 

Os laboratórios de Biossegurança 2 servem para trabalhar com micro-organismos que possuem um risco de segurança moderado para os cientistas e para o meio ambiente. Geralmente, esses micro-organismos são nativos, ou estão presentes naquela região. Assim, pesquisadores brasileiros trabalham com organismos do Brasil, e pesquisadores da Ásia trabalham com micro-organismos da Ásia.

Além disso, os cientistas que pesquisam no Nível de Biossegurança 2 devem ser treinados para compreender os riscos daquele trabalho, usar EPIs como jalecos descartáveis, luvas, óculos ou viseiras de proteção. Todas as regras dos laboratórios NB-1 ainda valem aqui. Todavia, ainda existem algumas regras a mais: o laboratório deve possuir uma entrada controlada, portas que fecham sozinhas, prevenindo que alguém as esqueça abertas, e sempre ter um chuveiro com lavador de olhos próximo do laboratório. Todos os procedimentos que podem resultar em derramamentos ou partículas suspensas no ar devem ser feitos numa cabine de proteção, chamada de Fluxo Laminar.  Por fim, é necessária uma autoclave, que é como uma panela de pressão gigante, para descontaminar tudo que precisar sair do NB2.

Dentro de um laboratório de Biossegurança 2: Foto por Laís Durço Coimbra

Nível de Biossegurança 3: 

Mais biosseguro do que os laboratórios anteriores, temos poucos desses laboratórios no Brasil, por conta do custo elevado de manutenção e construção. Aqui, podemos trabalhar com micro-organismos da região, ou de outros lugares do mundo, além disso eles apresentam um risco mais elevado para a saúde dos cientistas e para o meio ambiente, caso ocorra algum tipo de acidente que resulte na liberação dele em áreas não controladas. A construção desse laboratório conta com um rigoroso sistema de circulação e filtração do ar, e um sistema de portas que realmente isole a área de trabalho de áreas externas.

Por conta desses riscos, o laboratório deve ser restrito e o acesso controlado, para que apenas pessoas treinadas possam entrar nele. Os cientistas também devem fazer um acompanhamento médico constante, de forma que saibam que não se contaminaram com nada.

Para a proteção dos cientistas, é necessário um acompanhamento de sua saúde, EPIs mais seguros, como uso de macacões, viseiras, luvas descartáveis, e em alguns casos até respiradores. Neste laboratório, o Fluxo Laminar é onde acontecem todos os procedimentos envolvendo materiais biológicos, obrigatoriamente.

Dentro de um laboratório de Biossegurança 3: Foto por Laís Durço Coimbra

Nível de Biossegurança 4:

O NB-4 é aquele que tem pesquisas com vírus como o Ebola. Os micro-organismos são quase sempre exóticos e perigosos, facilmente transmitidos por vias aéreas. Ou seja, frequentemente fatais e não possuem nenhum tipo de vacina ou tratamento. O prédio tem que ter uma área isolada só para este laboratório. Além do sistema de ar de um NB-3, o NB-4 também deve contar com linhas de vácuo e de descontaminação para que não circule ar de dentro do laboratório para fora.

Os cientistas que trabalham no NB-4 devem trocar de roupa ao entrar, e tomar um banho na hora de sair do Laboratório. Dessa forma, os EPIs obrigatoriamente devem cobrir o corpo inteiro do pesquisador e possuir um respiradouro. 

PARA SABER MAIS 

 

  1. Centers for Disease Control and Prevention. Recognizing the Biosafety Levels. Disponível em: https://www.cdc.gov/training/QuickLearns/biosafety/
  2. Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Disponível em: http://ctnbio.mctic.gov.br/inicio
  3. Fundação Oswaldo Cruz. Biossegurança, o que é? Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/biosseguranca-o-que-e
  4. World Health Organization. Laboratory biosafety manual. Third edition. 2004. Disponível em: https://www.who.int/csr/resources/publications/biosafety/Biosafety7.pdf

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