Câncer de mama: todos juntos nessa causa!

O câncer de mama também denominado carcinoma, tumor ou neoplasia (do grego neo = novo, plasis = multiplicação) é caracterizado por um crescimento anormal das células mamárias.

A gênese do câncer é um processo complexo que envolve alterações genéticas, eventos epigenéticos em oncogenes, genes supressores de tumor e genes anti-metástases.

O processo de carcinogênese (desenvolvimento do câncer) é dividido em três estágios: iniciação, promoção e progressão tumoral.

  • Na etapa de iniciação ocorrem modificações nas informações genéticas que podem ser herdadas ou adquiridas ao longo da vida em decorrência de fatores ambientais como agentes químicos, radiação ou vírus, além dos fatores ligados à alimentação, nutrição e estilo de vida.
  • A fase de promoção é longa e se caracteriza pela proliferação das células pré-malignas que levam à formação do tumor.
  • A última fase é o estádio de progressão tumoral em que ocorrem vários eventos em células vizinhas e angiogênese, formando um tumor capaz de invadir outros tecidos e formar metástase.

O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres e as situações que aumentam a chance de desenvolver a doença são denominados fatores de risco.

Os principais fatores de risco são: os genéticos (hereditários ou não) seguidos dos fatores hormonais e reprodutivos como: paridade (número de partos), idade no primeiro parto, idade da menarca/ menarca precoce, amamentação, diminuição no número de gestações e no tempo de amamentação, uso de anticoncepcionais e de terapia de reposição hormonal.

Os hormônios estrogênios têm um papel de promoção da carcinogênese da mama, estimulando a divisão e multiplicação celular. Além disso, a idade também é um reconhecido fator de risco para o desenvolvimento do câncer de mama sendo diagnosticada, principalmente, na faixa etária dos 40 aos 60 anos. Recomenda-se que mulheres com 40 anos ou mais façam a mamografia anualmente ou a cada dois anos de acordo com o Ministério da Saúde. Em casos específicos com histórico de câncer de mama na família, o exame de rastreamento será solicitado em idade inferior a 40 anos.

Fatores relacionados à composição corporal como excesso de gordura corpórea, sedentarismo, uso excessivo de álcool e mudança nos hábitos alimentares vêm ganhando destaque nos estudos da etiologia (causa) do câncer de mama.

Nesse contexto, os fatores alimentares também podem influenciar nos estádios de iniciação, promoção e progressão do câncer de mama.

Estudos mostram que a ingestão de frutas e hortaliças apresentam um efeito protetor na prevenção e na redução do risco de câncer de mama. Enquanto o alto consumo de gordura saturada e de álcool, a alimentação inadequada e o sedentarismo podem estar associados ao aumento do risco de câncer de mama.

Todavia, é importante ressaltar que a maioria dos estudos analisa os grupos de alimentos ou nutrientes de maneira isolada tanto na prevenção ou na promoção da doença. E sabe-se que o efeito da dieta não ocorre pela adição de nutrientes simples, pois cada alimento pode combinar uma série de nutrientes que permitam uma ação sinérgica podendo reforçar um efeito protetor ou serem antagônicos. Portanto, é importante avaliar a qualidade do padrão alimentar para poder ajustar as recomendações de acordo com as necessidades nutricionais de cada mulher.

Além da alimentação, o uso abusivo de álcool, o excesso de gordura corporal e o estilo de vida sedentário podem ter um papel importante na incidência e na qualidade de vida de portadores da doença. Porém, vale ressaltar que o câncer de mama é uma doença de origem multifatorial, ou seja, a associação entre vários fatores pode contribuir para sua causa e/ou prevenção como a interação entre fatores genéticos com estilo de vida, fatores reprodutivos, nutricionais e ambientais.

Portanto, o autoexame juntamente com o exame clínico da mama e a mamografia são fundamentais para o diagnóstico precoce e tratamento efetivo do câncer de mama. Além disso, adotar um estilo de vida saudável priorizando o cuidado com alimentação e com a saúde física, mental e emocional podem ser grandes aliados na batalha contra o câncer de mama.

Para maiores informações, leia: Previato HDRA et al. Caracterização sociodemográfica, nutricional e dietética de mulheres com câncer de mama atendidas em hospital público de Minas Gerais. Nutrire. 2015 Aug;40(2):120-128. https://www.researchgate.net/publication/281333119_Caracterizacao_sociodemografica_nutricional_e_dietetica_de_mulheres_com_cancer_de_mama_atendidas_em_hospital_publico_de_Minas_Gerais

Sobre Helena Previato 15 Artigos
Helena Previato é Doutora em Alimentos e Nutrição pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Nutricionista e Mestre em Saúde e Nutrição pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Especialista em Nutrição Clínica pela Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN). Especialista em Fitoterapia Funcional pela VP/Santa Casa.

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